A Prefeitura de , a 70 km de Campo Grande, instaurou um PAD (Processo Administrativo Disciplinar) contra a pregoeira Ana Claudia Alves Flores, que foi presa na última quarta-feira (3). A servidora pública foi um dos alvos da terceira fase da Operação Tromper que investiga fraudes no Município. 

A Portaria 375/2024, que instaura o PAD, foi assinada pela prefeita Vanda Camilo (PP), na última quinta-feira (4). O genro da chefe do executivo, o vereador de Campo Grande Claudinho Serra (PSDB), também foi preso no mesmo dia, acusado de ser o mentor da organização criminosa que fraudava licitações do Município na época em que era o secretário de Fazenda. 

Ana Claudia Alves Flores é concursada na Prefeitura de Sidrolândia como assistente administrativo e exercia o cargo de Chefe do Setor de Compras e Licitação. O processo administrativo disciplinar foi instaurado para apurar eventual e possível prática de conduta incompatível com a moralidade administrativa.

Confira lista: além de vereador do PSDB em Campo Grande, mais 7 foram presos pelo Gecoc

A Prefeita designou três servidores estáveis para compor a comissão processante e nomeou um deles como presidente do grupo. Eles deverão observar o disposto no art. 228 e seguintes da Lei Complementar Municipal Nº 007/2002, por se tratar de conduta incompatível com a moralidade administrativa.

A comissão terá até 60 dias a partir da publicação da portaria para apurar os fatos e apresentar o relatório final. A comissão será assistida pela Procuradoria Geral do Município. 

O Jornal Midiamax procurou a defesa da servidora, mas não conseguiu contato. O espaço está aberto para manifestação. 

Pregoeira passava informações para empresários

Segundo o Ministério Público, Cláudio Serra Filho, Ricardo Rocamora e Ueverton Macedo cooptaram servidores públicos com o objetivo de facilitar e executar crimes relativos a fraudes em licitação e desvio de recursos públicos. Os três foram presos nesta semana. 

Dentre eles, estão Ana Cláudia Alves Flores (presa preventivamente) e Roberta de Souza (alvo de mandado de busca e apreensão).

Conforme exposto na decisão do juiz que determinou a prisão preventiva de oito pessoas, Ana Claudia Flores é servidora efetiva e foi lotada no cargo comissionado de Chefe do Setor de Compras e Licitação, em junho de 2022, passando a cobrar o pagamento de boleto pessoal e o pagamento de salário a Ricardo Rocamora.

Os documentos teriam mostrado que a servidora passava informações sobre os pregões ao empresário para beneficiá-lo na concorrência pelo contrato. 

“Ainda, Ana Cláudia Alves Flores afirmou que a empresa 3M [pertencente ao servidor Milton Paiva, que também foi preso nesta semana] e a empresa Rocamora tiveram o mesmo lance. Para desempatar, ela solicitou que Ricardo Rocamora reduzisse o lance de sua empresa em um centavo. Ele assim o fez para que a outra empresa ganhasse, demonstrando o vínculo dessas empresas com a organização criminosa”, diz o documento. 

Confira a lista de presos na Operação Tromper: 

  1. Cláudio Jordão de Almeida Serra Filho (Claudinho Serra); 
  2. Carmo Name Júnior;
  3. Ueverton da Silva Macedo;
  4. Ricardo José Rocamora Alves; 
  5. Milton Matheus Paiva Matos; 
  6. Ana Cláudia Alves Flores; 
  7. Marcus Vinícius Rossentini de Andrade Costa;
  8. Thiago Rodrigues Alves.

A operação também cumpriu 28 mandados de busca e apreensão, incluindo nos endereços dos oito réus que foram alvos de prisão. Confira:

  • 1) Cláudio Jordão de Almeida Serra Filho;
  • 2) Carmo Name Júnior; 
  • 3) Ueverton da Silva Macedo;
  • 4) Ricardo José Rocamora Alves; 
  • 5) Milton Matheus Paiva Matos; 
  • 6) Ana Cláudia Alves Flores;
  • 7) Marcus Vinícius Rossentini de Andrade Costa; 
  • 8) Thiago Rodrigues Alves; 
  • 9) Luiz Gustavo Justiniano Marcondes; 
  • 10 Jacqueline Mendonça Leiria; 
  • 11) MP Assessoria e Consultoria e Serviços Ltda; 
  • 12) Rafael Soares Rodrigues; 
  • 13) Paulo Vítor Famea; 
  • 14) Heberton Mendonça da Silva; 
  • 15) Roger William Thompson Teixeira de Andrade; 
  • 16) Roberta de Souza; 
  • 17) Valdemir Santos Monção; 
  • 18) Cleiton Nonato Correia; 
  • 19) GC Obras de Pavimentação Asfáltica Ltda; 
  • 20) Edmilson Rosa; 
  • 21) Ar Pavimentação e Sinalização; 
  • 22) Fernanda Regina Saltareli; 
  • 23) CGS Construtora e Serviços; 
  • 24) Izaquel de Souza Diniz (Gabriel Auto Car); 
  • 25) Yuri Morais Caetano; 
  • 26) Maxilaine Dias de Oliveira (pessoa física); 
  • 27) Maxilaine Dias de Oliveira LTDA (pessoa jurídica); 
  • 28) Jânio José Silvério.

Vereador mentor de esquema

A terceira fase da Operação Tromper levou à prisão preventiva de oito pessoas e cumprimento de mandados de busca e apreensão em 28 endereços, na quarta-feira (3), inclusive na casa do vereador Claudinho Serra (PSDB). O parlamentar, que foi preso, é acusado de ser o mentor do esquema de fraudes na Prefeitura de Sidrolândia, município a 70 km de Campo Grande.

Um ex-assessor de Claudinho, Tiago Alves, também foi preso preventivamente. Ex-candidato a vereador de Sidrolândia e empresário, Ueverton Macedo, conhecido como Ueverton “Frescura”, também foi alvo de prisão.

O suposto esquema de corrupção na Prefeitura de Sidrolândia envolvia uso de empresas de “fachada”, fraude a licitações e desvio de dinheiro público mediante a não prestação do serviço ou não entrega do produto. Ainda ficou demonstrada a corrupção de servidores públicos municipais para a execução do esquema criminoso.

Confira lista: além de vereador do PSDB em Campo Grande, mais 7 foram presos pelo Gecoc

Segundo o PIC (Procedimento de Investigação Criminal) elaborado pelo Gecoc (Grupo Especial de Combate à Corrupção), Claudinho Serra foi apontado como mentor e responsável pela articulação dos esquemas de fraudes na Prefeitura Municipal de Sidrolândia. O vereador é genro da prefeita Vanda Camilo (PP) e chegou a ser titular da Sefat (Secretaria de Fazenda), pasta que foi usada como ferramenta para o esquema criminoso.

Troca de mensagens entre os integrantes do grupo criminoso, inclusive, teria apontado preocupação sobre a possível posse de Claudinho Serra em um cargo no Governo de Mato Grosso do Sul. 

Em 19 de janeiro de 2023, uma conversa entre Ueverton “Frescura” pede para que Ricardo Rocamora (os dois foram alvos de prisão preventiva nesta quarta-feira) “vá devagar” na emissão de notas fiscais para a Sefat, visto que o titular da pasta, Claudinho Serra, poderia ser empossado no Governo do Estado. 

Em resposta, Rocamora teria demonstrado preocupação e concordado com “Frescura” sobre pausar os repasses e afirmado que Serra “não teria fim”. “Ou seja, Cláudio Serra Filho seria voraz em se apropriar ilicitamente de dinheiro público”, diz outro trecho do PIC. 

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