A servidora municipal de Sidrolândia – distante 70 km de Campo Grande – e ex-pregoeira do município, Ana Cláudia Alves Flores, pediu à Justiça autorização para se mudar para a Capital. Ela foi presa junto com o grupo do vereador licenciado de Campo Grande, Claudinho Serra (PSDB), sob acusação de integrar grupo criminoso que operou esquema de corrupção na cidade do interior.

Conforme o advogado da ré, David Moura de Olindo, Ana Cláudia recebeu proposta para trabalhar em uma empresa privada na Capital, onde teria melhora no seus rendimentos. “A suplicante é como se fosse um arrimo de família, sendo que é quem além de cuidar de seu filho menor de 12 anos, é que cuida o pai de avançada idade”, diz a defesa ao informar que o salário da servidora na prefeitura de Sidrolândia “foram reduzidos a pouco mais de R$ 1.800,00”.

Ana Cláudia Alves Flores foi presa preventivamente na Operação Tromper, por suspeita de atuar no esquema de corrupção que seria liderado pelo vereador Claudinho Serra (PSDB), genro da prefeita de Sidrolândia, Vanda Camilo.

Ana também atuava nas licitações do Consórcio Intermunicipal de Desenvolvimento Sustentável da Região Central de Mato Grosso do Sul. Ela ficou um ano no Consórcio.

O pedido ainda será analisado pelo juiz Fernando Moreira Freitas da Silva.

Nomeada para fraudar licitações

As investigações da Operação Tromper indicam que Ana Cláudia foi nomeada no mês de junho de 2022 para ocupar cargo em comissão de Chefe de Setor de Compras e Licitação de Sidrolândia. Essa nomeação teria sido mediada por Claudinho Serra (PSDB), vereador de Campo Grande e na época secretário de Fazenda naquele município.

Ainda nas investigações constam vários prints de conversas entre Ana Cláudia e os investigados, especialmente Ricardo José Rocamora, empresário que permaneceu meses foragido até ser localizado e preso nesta última fase da operação.

As conversas demonstram como o grupo se organizava para vencer as licitações, a partir do comando de Claudinho Serra, apontado como ‘chefe’. Ana repassava para Rocamora quem se inscrevia nas licitações, os valores dos lances, preços e documentos.

Com isso, a empresa conseguia ajustar as informações na inscrição para sair como vencedora dos certames. A pregoeira chegava a encaminhar a captura da tela do sistema de licitações para o empresário.

Isso para indicar quem eram os outros participantes, “demonstrando de forma categórica o nível de comprometimento em auxiliar o grupo criminoso na empreitada criminosa”, aponta o MPMS.

Também eram informados quais pregões sairiam nos dias seguintes, para que as empresas se preparassem.

A servidora chegou a tentar acordo de delação, onde apresentaria provas que poderiam implicar mais pessoas nas investigações, mas sem sucesso.