Errata: Policial expulso da PMMS não tem condenação por homicídio e foi absolvido

Ele tem condenação por tortura e crimes envolvendo tráfico de drogas

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Gaeco do PR durante a operação (Divulgação)

Em setembro de 2023, a reportagem do Midiamax errou ao noticiar que o subtenente expulso da PMMS (Polícia Militar de Mato Grosso do Sul), Silvio Cesar Molina, tem condenação por homicídio. Ele foi investigado com o irmão por mortes em Minas Gerais, mas foi absolvido em 2022.

O ex-policial militar tem outras condenações, que são por tortura e denunciação caluniosa, como grave violação do dever do exercício funcional. O magistrado, Alexandre Antunes da Silva, condenou o ex-subtenente a 8 anos, 1 mês e 9 dias de detenção em regime fechado.

Molina também foi condenado pela Justiça Federal, a 61 anos, 11 meses e 21 dias de reclusão, no âmbito da Operação Laços de Família. No entanto, por homicídio o ex-policial militar não tem condenação.

A matéria trata das investigações pela Justiça do Paraná sobre caso envolvendo Roseléia Teixeira Piovezan Molina Azevedo, ex-esposa do subtenente Silvio Cesar Molina, e um advogado, que em 2023 estavam presos em Campo Grande.

Eles foram alvos da Operação Fauda, do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) de Londrina (PR). Recentemente, o advogado foi penalizado por uma transgressão cometida na Sala de Estado Maior, no Presídio Militar.

Segundo divulgado pelo Gaeco, o advogado e Roseléia estavam morando em uma mansão em Mundo Novo, distante 469 km de Campo Grande. Na época, jornais divulgaram a vida luxuosa que a mulher ostentava nas redes sociais.

Acontece que a mansão era originalmente de um outro casal, que está desaparecido desde 2018 e foi dado como morto. A morte teria sido encomendada pelo grupo criminoso alvo da Operação Laços de Família, da Polícia Federal.

Essa operação investigou a organização criminosa que, segundo a Polícia Federal, era liderada por Silvio César Molina Azevedo, então subtenente da Polícia Militar em Mato Grosso do Sul, marido de Roseléia.

Briga entre organizações criminosas

A operação do Gaeco, denominada Operação Fauda, foi deflagrada em 4 de agosto e cumpriu mandados de prisão e de busca e apreensão. Em MS, foram cumpridos mandados em Mundo Novo e Dourados.

Os criminosos são acusados de lavagem de dinheiro, extorsão, estelionato, falsificação de documento público, falsidade ideológica, uso de documento falso e associação criminosa.

Em 2021, tiveram início as investigações, após uma mulher ser presa em flagrante pelo Gaeco, se passando por esposa de Adib Kadri. Adib é irmão de Nasser Kadri, executado em emboscada que teria sido ordenada por Molina. Por esse caso, Molina foi absolvido.

Os dois irmãos foram alvos das operações da Polícia Federal, Zaquel e Ferrari. A mulher estava num cartório de notas, tentando transferir um imóvel residencial de alto padrão pertencente ao criminoso.

A partir da prisão dessa mulher, o Gaeco identificou um grupo criminoso de Arapongas (PR), que falsificava documentos para registrar procurações e escrituras públicas, se apropriando de bens de origem ilícita. Esses bens seriam imóveis, veículos e dinheiro pertencente ao casal, investigado por tráfico de drogas pela PF também nas operações Zaquel e Ferrari.

Esse casal está desaparecido desde 2018, supostamente após ter sido morto a mando do grupo rival de narcotraficantes, liderado pelo Subtenente Molina. Na época da operação, o PM já estava em presídio federal.

Como casal se apossou de mansão

Paralelo às organizações criminosas, o casal que está desaparecido teve uma fazenda e a mansão de Mundo Novo alienadas para Roseléia e outros investigados, mediante fraude. Ela estava vivendo na mansão quando foi presa na operação, em agosto de 2022.

Na casa também vivia o advogado, apontado como companheiro dela, atualmente detido no Presídio Militar em Campo Grande. Tanto a quadrilha de Arapongas como a quadrilha de Mundo Novo teriam se valido de familiares do casal desaparecido para facilitar as transferências dos bens.

Os investigados teriam movimentado, com as fraudes, ao menos R$ 4 milhões do casal que está desaparecido.

Transgressão no presídio

Atualmente, Roseléia cumpre pena no Presídio Feminino Irmã Irma Zorzi, enquanto o advogado está em Sala de Estado Maior, no Presídio Militar Estadual. Ele estaria preso temporariamente, com pedido de transferência para o Paraná, de onde foi expedido o mandado.

A transgressão teria acontecido na tentativa de contato entre os réus, por videoconferência. A princípio, o advogado teria contatado outro advogado que cumpre pena no mesmo presídio, mas em regime aberto.

Este segundo advogado foi detido na Operação Lobos, da Polícia Federal, acusado de crimes de armazenamento de vídeo e fotos de pornografia envolvendo crianças e adolescentes. Durante as investigações, houve acusação também de estupro de vulnerável.

Dessa forma, em abril foi encaminhado um e-mail ao Presídio Militar, do Presídio Feminino. No teor dizia que “Os atendimentos entre presos são realizados após autorização Judicial, mediante data e hora marcada entre as duas Unidades Prisionais”.

O e-mail foi enviado como cópia de uma resposta ao e-mail do advogado, que teria encaminhado requerimento pessoal do outro advogado, réu da Operação Fauda, preso em regime fechado.

No entanto, o advogado apenas teria encaminhado em anexo o que seria um requerimento para solicitar visita por videoconferência entre o preso e Roseléia. Não foi esclarecido qualquer detalhe, nem se já havia autorização judicial.

Foi constatado então que o preso teria requerido a visita, mas já na tentativa de transparecer uma pré-autorização, para ludibriar a administração da penitenciária. Essa conduta foi analisada pela direção do presídio como incompatível com as esperadas pelos internos.

Com a falta disciplinar, o MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) pediu que o réu seja inserido em regime disciplinar diferenciado, transferido para um dos presídios de regime fechado da Gameleira.

O outro advogado também deve sofrer penalidade, já que, segundo a acusação, “claramente desrespeitou determinação da Direção do estabelecimento prisional e, assim, cometeu falta grave”.

A princípio, foi determinada a transferência do preso para o Paraná. O advogado tentou habeas corpus para o colega, mas teve pedido liminar indeferido e, em decisão do dia 30 de agosto, os desembargadores da 2ª Câmara Criminal também negaram.

Foto: Gaeco do PR durante a operação (Divulgação)

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