Antes mesmo de receber a pista do Exército Brasileiro e ainda sem base do Corpo de Bombeiros, para prevenção contra incêndios, a prefeitura de decidiu transferir a gestão do Aeroporto Regional de Dourados para a Infraero (Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária).

A documentação que passa a administração da obra, ainda sem a liberação da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) foi assinada pelo prefeito Alan Guedes (PP) na última terça-feira (30). “É melhor fiscalizarmos o contrato do que gerir o aeroporto”, justificou o prefeito.

No material de divulgação distribuído pela assessoria de imprensa da prefeitura, Guedes reconhece que “prefere entregar isso para uma empresa que tenha experiência e pessoal para isso, como é o caso da Infraero, que é uma empresa preparada e terá mais agilidade na resolução de eventuais problemas”.

O Aeroporto de Dourados já teve o adiamento de entrega dos trabalhos por várias vezes. Desde então, passageiros têm que viajar 225 quilômetros para ir para Campo Grande ou cerca de 100 para se deslocarem até Ponta Porã para pegar voos.

Com custo que já totaliza quase R$ 100 milhões, a reforma da pista do aeroporto de Dourados é executada pelo 9º BEC (Batalhão de Engenharia e Construção) do Exército Brasileiro. Ao longo desses três anos, as obras apresentaram problemas estruturais como infiltrações e ondulações inesperadas na pista.

“A nossa parte aqui está pronta. Praticamente não temos mais nada a fazer. Só falta agora o As Built da empresa e depois a homologação para que possam ocorrer pousos e decolagens”, disse o coronel do Exército Brasileiro Bartolomeu Herbert Bezerra de Melo, em referência ao termo inglês que significa ‘como construído' ou ‘como ficou' que deve ser dado até o início de maio.

Questionado pela imprensa e também em conversa com uma comissão formada pelo vice-governador José Barbosa (PSD), o Barbosinha, pelo deputado federal Geraldo Resende (PSDB), pela diretora do aeroporto de Dourados Gisele Marques e também pelo ex-presidente da Aced (Associação Comercial de Dourados), Nilson Aparecido dos Santos, reafirmou que o aeroporto está pronto para receber grandes aeronaves.

Entretanto, além da outorga da pista, pela Anac (Agência Nacional de Aviação), para pousos e decolagens, que demora no mínimo 120 dias para avaliação de cada documentação inserida no sistema, a liberação do aeroporto ainda vai depender de algumas obras estruturais. A última vistoria aconteceu no dia 26 de abril e foi acompanhada pela reportagem do Jornal Midiamax.

“Estamos fazendo um esforço para que essa obra seja definitivamente entregue à população. Por isso fui até o ministro dos Portos e Aeroportos e também pedi essa vistoria para que a gente possa realmente saber como está o seu andamento e dar uma resposta concreta para a população”, explicou Geraldo Resende.

Sem base do Corpo de Bombeiros

“Logo nós teremos a autorização do Ministério dos Portos e Aeroportos para a construção do novo terminal de passageiros. Entretanto, o que nos preocupa é que embora o aeroporto possa receber pousos e decolagens mesmo sem o terminal, vejo que isso seria inviável no momento, uma vez que não existe aqui uma base de operação do Corpo de Bombeiros”, pondera o vice-governador Barbosinha.

Pelos cálculos de Barbosinha, o aeroporto de Dourados já está fechado há quatro anos. “Só nessa gestão foram três anos e quatro meses nos quais não tivemos nenhum pouso e decolagem e isso preocupa muito o Governo do Estado e representa uma vergonha para uma cidade do potencial econômico de Dourados”, ressalta Barbosinha.

Ele disse esperar que o município solicite o apoio do Governo do Estado. “Essas questões técnicas realmente me angustiam muito e eu penso que em junho, como foi previsto, não teremos como ter o aeroporto funcionando”, explica o vice-governador, reafirmando que embora a administração do aeroporto seja do município, é necessário somar esforços.

“Sem bombeiro não existe funcionamento do aeroporto. Essa luta pela reabertura do aeroporto de Dourados, portanto, ainda vai até o fim desse ano de 2024 e vamos ter que rezar para que não tenhamos o Natal e Ano Novo de 2025 sem pouso e decolagem”, pontuou Barbosinha.

Plano de Zoneamento Básico

No entendimento da diretora do aeroporto, Gisele Marques, além do As Built, da empresa contratada pelo Exército “outro documento que a gente também precisa é receber o Plano de Zoneamento Básico de proteção aprovado e que cabe ao exército fazer isso”. Ainda segundo Gisele, quem aprova é o comando da aeronáutica.

“Ainda não temos uma data para a reabertura do Aeroporto, já que o retorno das operações depende do aval da ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil) após esse processo de análise. Então, no que for de competência da Prefeitura de Dourados, estamos nos adiantando para que, quando a entrega oficial aconteça, esses trâmites estejam encaminhados”, explica Mariana de Souza Neto, diretora-presidente da Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito).

De acordo com Mariana, devido a sua categoria, o Aeroporto de Dourados não é obrigado a ter, nesse momento, a seção contra incêndios homologada para retornar à operação. “Esse fator não é impeditivo para que o aeroporto volte a funcionar. Além disso, o caminhão que atua na seção contra incêndios que opera em Dourados e está cedido para o Aeroporto de Bonito, deve retornar nas próximas semanas para Dourados”, completa.