Claudinho Serra homenageou membro do MPMS que integra gabinete onde investigação da sogra será decidida

Vereador do PSDB preso na 3ª fase da Operação Tromper entregou moção ao então PGJ, Alexandre Magno Benites de Lacerda, na presença do atual chefe do MPMS, Romão Ávila Milhan Junior

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Membro de gabinete que irá decidir investigação contra Vanda Camilo, procurador Alexandre Magno Benites de Lacerda recebe homenagem de Claudinho Serra (Divulgação, Assecom MPMS)

O vereador do PSDB, Claudinho Serra, que ficou 23 dias na cadeia acusado de chefiar esquema de corrupção na prefeitura de Sidrolândia – em que a sogra Vanda Camilo (PP) é a prefeita – homenageou o Procurador-Geral Adjunto de Justiça Jurídico, Alexandre Magno Benites de Lacerda, que à época era chefe do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul). Atualmente, Lacerda integra o gabinete da procuradoria-geral de Justiça, que irá decidir se Vanda será investigada.

A entrega da moção de congratulação foi acompanhada pelo então Procurador-Geral de Justiça Legislativo, Romão Ávila Milhan Júnior. Hoje, ele ocupa o cargo máximo no órgão e a quem cabe a decisão de investigar a sogra de Claudinho Serra ou não. A instauração de procedimento investigatório contra prefeito municipal é da competência do Procurador-Geral de Justiça. O PGJ também pode designar alguém para tal fim, por causa do foro privilegiado da sogra do vereador de Campo Grande, Claudinho Serra.

Detalhe é que a homenagem ocorreu dois meses após o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) – braço investigativo do MPMS – deflagrar a Operação Tromper, que investiga o esquema de corrupção em Sidrolândia. Enquanto os primeiros mandados de busca e apreensão foram cumpridos em 18 de maio de 2023, a homenagem ocorreu em 7 de julho do mesmo ano.

Conforme imagem publicada no site do MPMS, a placa de homenagem foi entregue pelo vereador no próprio MPMS.

Então, Claudinho Serra entregou a moção de congratulação justificando ser em prol de “reconhecimento merecido por sua recondução à presidência do Grupo Nacional de Defesa do Patrimônio Público (GNPP) e do Grupo Nacional dos Coordenadores Eleitorais (GNACE), ambos do Conselho Nacional dos Procuradores-Gerais do Ministério Público dos Estados e da União (CNPG)”.

A reportagem do Jornal Midiamax solicitou posicionamento do MPMS – via canais oficiais de comunicação – sobre a decisão do PGJ em investigar ou não a prefeita, mas não obteve retorno até esta publicação. O espaço segue aberto para manifestação.

‘É dever do MPMS investigar’, diz vereador que pediu CPI contra prefeita

O vereador Enelvo Iradi Felini Júnior (PRD), autor de CPI para investigar a prefeita (e que foi enterrada pela Câmara uma semana após a abertura), diz que o chefe do MPMS tem que abrir investigação contra Vanda. “É o dever dele investigar, como o nosso de fiscalizar”, pontuou.

Ainda conforme o vereador, ele não acredita que o MPMS irá se abster de avançar nas investigações que podem implicar Vanda Camilo. “Acredito que vai investigar sim, vai levar a fundo”, disse.

Por fim, Enelvo diz acreditar que a prefeita Vanda Camilo tem envolvimento com o esquema de corrupção. “O genro dela foi preso. Na CPI, o Marcus Vinícius [ex-chefe de licitação de Sidrolândia] entregou um pen drive com tudo filmado, e o encaminhou ao MP”, afirma.

Justiça irá julgar HC de Claudinho

A 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul marcou para a próxima segunda-feira (13) o julgamento do Habeas Corpus do vereador do PSDB, Claudinho Serra, apontado pelo MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) como chefe de esquema de corrupção em Sidrolândia, cidade a 70 km de Campo Grande, cuja prefeita é sogra do vereador.

Além disso, a defesa do vereador solicitou acesso à delação premiada de Tiago Basso da Silva (ex-servidor municipal de Sidrolândia) e Ana Claudia Alves Flores (ex-pregoeira do Consórcio Central indicada pela prefeita de Sidrolândia, Vanda Camilo).

Vereador do PSDB, Claudinho Serra ficou preso por 23 dias

Após passar 23 dias preso e conseguir habeas corpus, o vereador de Campo Grande, Claudinho Serra (PSDB), colocou tornozeleira eletrônica e está obrigado a ficar recluso em sua casa, além de outras medidas cautelares.

O vereador estava preso desde 3 de abril, em decorrência das investigações da terceira fase da Operação Tromper. Ele é acusado de ser o mentor de suposto esquema de corrupção que desviava recursos da prefeitura de Sidrolândia.

A partir de agora, a estimativa é de que ele fique pelo menos seis meses sob monitoramento da Justiça, ou seja, utilizando uma tornozeleira eletrônica. Com isso, o parlamentar poderá até mesmo comparecer às sessões da Câmara Municipal utilizando o dispositivo.

Conforme decisão, o vereador tucano deve ficar em casa todas as noites, inclusive aos feriados e fins de semana (das 20h às 6h).

Também, o desembargador determinou que Claudinho deve comparecer mensalmente em juízo para comprovar o atual endereço, além de ficar proibido de frequentar bares, restaurantes ou locais com aglomeração de pessoas, assim como não ingerir bebida alcoólica.

O vereador não deverá se aproximar de outras testemunhas, nem se ausentar da comarca de Campo Grande sem autorização judicial prévia.

Vanda escapou de investigação na Câmara

Após manifestações de moradores de Sidrolândia contra a prefeita Vanda Camilo, vereadores sob pressão chegaram a abrir CPI para apurar irregularidades. No entanto, as investigações foram enterradas uma semana após sua abertura.

O vereador Carlos Henrique Olindo (PSDB) requereu o arquivamento do requerimento, que foi aprovado pela maioria da Casa.

O parlamentar, que é filho de advogado que atua na defesa de ré da Operação Tromper, relembrou o requerimento apresentado em 16 de abril por Enelvo Felini Júnior (PSDB). Na semana seguinte, foi votada a abertura da comissão, com 12 votos favoráveis.

Somente o vereador Gabriel Auto Car (PSD), citado na investigação, votou contra. Olindo afirma que o Legislativo não tem mecanismos suficientes para investigar o caro e que o inquérito não chega a citar diretamente a prefeita Vanda Camilo.

Por isso, caberia ao MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) tal investigação e não à Câmara. Assim, o vereador pediu o arquivamento do requerimento de Enelvo.

Ele ainda alegou que como não foi formada a comissão, foi descumprido o rito. No pedido, o parlamentar diz que, caso fatos novos apontem a participação da prefeita nos crimes, a abertura da comissão pode ser votada novamente.  

Operação Tromper

Nas duas primeiras fases da Operação Tromper, os agentes investigaram corrupção na prefeitura de Sidrolândia, cidade distante 70 quilômetros de Campo Grande. Durante as investigações, foi descoberto, segundo o Gecoc, conluio entre empresas que participaram de licitações e firmaram contratos com a Prefeitura de Sidrolândia, que somados chegam a valores milionários.

Ainda segundo as apurações, também foi investigada a existência de uma organização criminosa voltada a fraudes em licitações e desvio de dinheiro público, bem como o pagamento de propina a agentes públicos, inclusive em troca do compartilhamento de informações privilegiadas da administração pública.

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