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Transparência

Acusada de ser ‘laranja’ em esquema de corrupção de Claudinho Serra fatura R$ 200 mil por mês com empresa

Investigação aponta que empresa foi criada no nome da mãe da funcionária municipal para vencer contratos
Renata Portela -
Empresa foi alvo da operação (Vídeo, Leitor Midiamax)

Presa em flagrante por dirigir sob efeito de álcool na quarta-feira (1º), Roberta de Souza foi liberada após pagar fiança de R$ 1.412. Ela é ré no processo da terceira fase da Operação Tromper, apontada como ‘laranja’ no esquema de corrupção que seria liderado pelo vereador Claudinho Serra (PSDB).

Roberta foi presa em Sidrolândia, a 70 quilômetros de , onde a organização criminosa atuava, segundo apontado na denúncia do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul). A prefeita da cidade, Vanda Camilo (PP), é sogra de Claudinho Serra.

Ela foi abordada pela Polícia Militar na noite de quarta-feira, após um acidente. Os policiais identificaram que ela estava sob efeito de álcool, mas a motorista se negou a fazer o teste de bafômetro.

Ainda assim, foi feita a prisão em flagrante. Roberta era servidora municipal, sendo exonerada após a operação deflagrada em 3 de abril. Ela é apontada como laranja no esquema criminoso.

Ganhos de R$ 200 mil

Para a polícia, Roberta disse apenas que ganhava R$ 4 mil na Prefeitura, valor acima do que é indicado no Portal da de Sidrolândia. Ainda declarou que tem ganhos mensais de R$ 200 mil com a empresa Do Carmo Comércio Varejista (CNPJ 44.770.503/0001-11).

Acontece que essa empresa teria sido criada para vencer as licitações fraudulentas do grupo. Também após a operação, prefeita Vanda Camilo rescindiu os contratos com as empresas investigadas, inclusive a Do Carmo.

Caso revelado em mensagem com amante

Empresários foram flagrados em vídeo (Reprodução, Denúncia MPMS)

Troca de mensagens entre o empresário Ricardo José Rocamora, a ex-pregoeira de Sidrolândia, Ana Cláudia Alves Flores, e também com uma outra mulher apontada como ‘amante’ de Rocamora, evidenciaram como o esquema de fraudes em licitações funcionava.

Assim, o empresário e a pregoeira teriam criado uma empresa para vencerem licitações. Conforme detalhado na denúncia do MPMS sobre o esquema de corrupção que seria comandado pelo vereador Claudinho Serra (PSDB), o pregão eletrônico 19/2023 teria sido um dos certames fraudados pelo grupo.

Ana Cláudia, Rocamora, junto com Roberta de Souza, teriam criado a empresa Do Carmo Comércio Varejista (CNPJ 44.770.503/0001-11).

Com isso, Ana, Roberta e Ricardo teriam formalizado a empresa, criada no nome da mãe de Roberta. A empresa, inclusive, funcionava na casa dela.

Roberta é ex-funcionária da Prefeitura de Sidrolândia e foi chefe das funções da rodoviária da cidade. Essa empresa teria sido criada apenas para que o grupo pudesse vencer licitações.

O que fica demonstrado na troca de mensagens entre Ana Cláudia e Rocamora é que a ex-pregoeira, que também foi designada pela prefeita de Sidrolândia Vanda Camilo (PP) para chefiar as licitações do Consórcio Central MS, repassava todas as informações para o empresário.

Então, os dois direcionavam as licitações para o grupo criminoso. Em março de 2023, a empresa foi cadastrada e Ana chega a solicitar R$ 1,5 mil de Rocamora para pagar um profissional de contabilidade para homologar a empresa.

Fraude na licitação

Então, em 4 de abril a empresa já regularizada iniciou o cadastro para ser usada em licitações. Ana Cláudia envia mensagens para Rocamora com as documentações da empresa. Aproximadamente uma semana depois, Ana avisa sobre uma licitação para compra de material didático para o município.

Ela ainda orienta ele a usar a Do Carmo para que o grupo consiga obter vantagem indevida sobre a licitação. “Ana Cláudia envia mensagens para Ricardo Rocamora informando a quantidade de propostas já cadastradas para licitação pública, sendo autorizado por Ricardo o início do certame e ao final acordado o método que seria utilizado no embate”, aponta o MPMS.

Ainda nesse mesmo dia, Rocamora envia um vídeo em tempo real para uma mulher que tem nos contatos do WhatsApp, apontada na denúncia como ‘amante’. Essa filmagem é da empresa Rocamora e mostra a reunião entre empresários, que estariam participando em conluio do pregão.

“Comemorando a execução do esquema criminoso, Ana Cláudia envia áudio para Ricardo Rocamora mencionando que ele (Ricardo), nas palavras da servidora, ‘nadou de braçada’ na licitação pública, conquistando grande parte dos itens licitados”.

Empreiteiras têm R$ 63 milhões em contratos com Agesul

Duas empresas citadas na denúncia da terceira fase da Operação Tromper, oferecida e protocolada em 17 de abril, somam contratos milionários com a Agesul (Agência Estadual de Gestão de Empreendimentos). Os empresários donos das empreiteiras são réus por atuarem no esquema de fraudes em licitações, vencendo os certames usados para desvio de dinheiro em Sidrolândia.

Essas empresas ficam localizadas em Campo Grande. São elas a CGS Construtora e Serviços Eireli (CNPJ 25.217.122/0001-65) e AR Pavimentação e Sinalização Eireli (CNPJ 28.660.716/0001-34), que funciona junto com a GC Obras de Pavimentação Asfáltica (CNPJ 16.907.526/0001-90).

Durante a operação, os empresários Edmilson Rosa e Cleiton Nonato, ambos denunciados posteriormente e apontados como donos da AR e GC, foram presos em flagrante. Eles foram detidos com armas de fogo, mas conseguiram liberdade.

Já a dona da CGS é Fernanda Regina Saltareli, também denunciada. As empresas acumulam contratos milionários com a Agesul, ao mesmo tempo em que firmavam contratos com a Prefeitura de Sidrolândia, suspeitos de fraudes.

Liberdade para todos

No dia 26 de abril, menos de um mês após a operação, Claudinho Serra (PSDB) teve liberdade provisória concedida pelo desembargador José Ale Ahmad Netto. Com isso, o juiz de Sidrolândia também acabou concedendo liberdade aos outros 7 presos.

Isso, porque o embasamento para as prisões dos réus consistia em fatos parecidos. Claudinho, apesar disso, é apontado como líder da organização criminosa, o que poderia representar risco.

Mesmo assim, ele foi solto com monitoramento eletrônico por meio de tornozeleira. Ele está proibido de ter contato com testemunhas do caso e poderia retornar ao trabalho normalmente.

Apesar disso, apresentou na Câmara Municipal de Campo Grande um atestado de saúde, alegando estar psicologicamente abalado. Então deve permanecer ao menos mais 30 dias afastado das atividades.

Ao todo, 22 pessoas foram denunciadas e se tornaram rés, sem possibilidade de acordo de não persecução penal. Confira a lista:

  • Claudio Jordão de Almeida Serra Filho – vereador apontado como líder da organização criminosa
  • Carmo Name Junior – ex-assessor parlamentar de Claudinho Serra
  • Ueverton da Silva Macedo – empresário de Sidrolândia
  • Ricardo José Rocamora Alves – empresário de Sidrolândia
  • Thiago Rodrigues Alves – ex-servidor do Governo do Estado ligado à Agesul e empreiteiras
  • Milton Matheus Paiva Matos – advogado de Sidrolândia
  • Ana Cláudia Alves Flores – ex-pregoeira da Prefeitura de Sidrolândia
  • Marcus Vinícius Rossentini de Andrade Costa – ex-chefe de licitações da Prefeitura de Sidrolândia
  • Luiz Gustavo Justiniano Marcondes – empresário de Sidrolândia
  • Jacqueline Mendonça Leiria – empresária de Sidrolândia
  • Heberton Mendonça da Silva – empresário e ex-assessor parlamentar de Claudinho Serra
  • Roger William Thompson Teixeira de Andrade – empresário de Sidrolândia
  • Valdemir Santos Monção – assessor parlamentar na Alems
  • Cleiton Nonato Correia – empresário dono da GC Obras de Pavimentação
  • Edmilson Rosa – empresário dono da AR Pavimentação
  • Fernanda Regina Saltareli – empresária sócia da CGS Pavimentações e Terraplanagem
  • Maxilaine Dias de Oliveira – empresária da Master Blocos
  • Roberta de Souza – ex-servidora de Sidrolândia
  • Yuri Morais Caetano – ex-estagiário do MPMS em Sidrolândia
  • Rafael Soares Rodrigues – ex-secretário de Educação Sidrolândia
  • Paulo Vitor Famea – ex-secretário-adjunto da Assistência Social de Sidrolândia
  • Saulo Ferreira Jimenes – empresário de Sidrolândia

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