Confira ruas onde Engenex e A L dos Santos deixaram de realizar cascalhamento em Campo Grande
Empresas fecharam contratos milionários, não realizaram as obras em Campo Grande e são investigadas por desvio de dinheiro
Dândara Genelhú –
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Buracos, falta de revestimento e entulhos caracterizam o cenário na maior parte de ruas que receberiam investimentos a partir de contratos com empresas investigadas por suposto esquema de desvio de dinheiro.
As investigações que resultaram na operação Cascalhos de Areia contaram com visitas nas ruas e escancaram a ausência dos serviços contratados para os bairros São Conrado, Jardim Noroeste e Jardim Carioca. Entre as obras previstas para as regiões estão limpeza de ruas e revestimento primário.
Os dados do relatório do Gecoc (Grupo Especial de Combate à Corrupção), obtido pelo Jornal Midiamax, é separado entre Engenex Construções e Serviços (CNPJ 14.157.791/0001-72) e a A.L.S. Construtora (CNPJ 15.084.261/0001-04), empresas contratadas para realizar os serviços. André Luiz dos Santos, o Patrola, figura como real proprietário das empresas, como já noticiado pelo Jornal Midiamax.
As equipes realizaram vistoria em setembro de 2022 e mostraram a falta de serviços contratados. Em quase todos os relatórios de diligências o resultado é o mesmo: “não tinha indícios de intervenção ou melhorias” nas ruas.
Confira as ruas que deveriam ter recebido as obras e qual era a empresa responsável:
Engenex Construções
- Rua Cairiri – Jardim São Conrado
- Rua Coronel Athos P. da Silveira – São Conrado
- Rua Vitória Zardo – São Conrado
- Rua Silvio Aiala Silveira – Trecho entre as ruas Avenida Cinco e rua sem saída
- Rua Eliza Regina – Trecho entre as ruas Avenida Sete e Silvio Aiala Silveira
- Rua Elizete Cardoso – Trecho entre as ruas Avenida Sete e Silvio Aiala Silveira
Empresa A. L dos Santos
- Rua Vaz de Caminha – Trecho entre as ruas Andrade Neves e Ataulfo Paiva
- Rua Ataufo Paiva – Trecho entre as ruas Vaz de Caminha e Borborema
- Rua Ataufo Paiva – Trecho entre as ruas Borborema e Brás Pina
- Rua Ataufo Paiva – Trecho entre as ruas Brás Pina e Bartolomeu Mitre
- Rua Osasco – Trecho entre as ruas Adventor Divino e Conquista
Intervenção em ruas já pavimentadas
Nas datas de 13 e 21 de janeiro de 2021 a Engenex teria realizado intervenções na Avenida Prefeito Lúdio Martins Coelho, nos trechos entre as ruas Panambi Vera e Angelo Marques Zafalon, rua Manoelita Alves da Silva e Maria Alves Coimbra.
O contrato nº 194/2018 previa a manutenção de vias não pavimentadas. Contudo, a Avenida Lúdio Martins possui pavimentação, “impossibilitando assim a intervenção da empresa Engenex no local”.
Logo, também não poderia ser realizada a manutenção prevista na planilha para a rua Avenida das Mansões, com trecho entre as ruas Maria Carlota Giordano e Armando Capriata — que também é pavimentado.
Cascalhos de Areia
A primeira fase da operação Cascalhos de Areia, deflagrada no último dia 15, pode levar a investigação a desvendar verdadeiro ‘laranjal em família’ para ocultar os donos e operadores do suposto esquema de corrupção que teria desviado milhões em contratos de locação de equipamentos e obras de cascalhamento em Campo Grande.
Adir Paulino Fernandes, que foi preso com uma arma ilegal no dia do cumprimento dos mandados judiciais, acabou entregando os indícios que praticamente comprovam a condição de ‘laranja’. Ele admitiu à Justiça que vive com a renda da venda de produtos artesanais, como queijo.
No entanto, figura como sócio-administrador da JR Comércio e Serviços Ltda, que conseguiu contratos milionários com a Prefeitura de Campo Grande enquanto Marquinhos Trad (PSD) era prefeito.
Além disso, o vendedor de queijos é sogro de Edcarlos Jesus da Silva, também investigado pela Operação Cascalhos de Areia. A empresa que, no papel, pertence a Adir, não tem sequer espaço na sede para todos os veículos e equipamentos que supostamente alugou à prefeitura durante a gestão de Marquinhos.
A suspeita é de que essas locações nunca existiram.
Sócio da Engenex
Enquanto isso, o genro de Adir, sócio de Paulo Henrique da Silva Maciel, tem mais de R$ 37 milhões em contratos da Engenex Construções e Serviços (CNPJ 14.157.791/0001-72) com a Prefeitura de Campo Grande.
Em 2018, enquanto era de Mamed Rahim, a Engenex ganhou dois contratos com a Prefeitura de Campo Grande na gestão de Marquinhos Trad (PSD).
O primeiro contrato da Engenex, hoje com valor de R$ 14.542.150,59, tem Ariel Dittmar Raghiant atuando como ‘responsável técnico’, na região do Imbirussu, bem como no segundo contrato, com valor de R$ 22.631.181,87, na região do Lagoa. Ambos têm como objetivo a conservação das vias.
Ainda conforme o Portal da Transparência da Prefeitura de Campo Grande, os contratos foram assinados pelo então secretário de Infraestrutura e Serviços Públicos, Rudi Fiorese.
Rudi, que atualmente atua na Secretaria de Obras do Governo de Mato Grosso do Sul, justamente lidando com contratos de obras públicas, também teve o celular apreendido na operação.
‘Laranjal em família’ e contratos em todo o Brasil
Assim, os parentes estão entre os 17 alvos iniciais da investigação do Gecoc (Grupo Especial de Combate à Corrupção) e Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado).
Com os R$ 224 milhões em contratos da JR Comércio e Serviços com o poder público, a família de Adir e Edcarlos tem mais de R$ 261 milhões apenas de contratações com a Prefeitura de Campo Grande.
A primeira fase da Operação Cascalhos de Areia já reuniu indícios que apontam para suposta rede de empreiteiras nas mãos de laranjas e supostamente usadas por uma quadrilha para desviar dinheiro da Prefeitura de Campo Grande, com contratos firmados durante a gestão de Marquinhos.
Os indícios colocam André Luiz dos Santos, o Patrola, no foco da investigação. Ele é apontado como verdadeiro operador das empresas investigadas.
As informações apuradas mostram que o empreiteiro teria acesso facilitado pela administração municipal a licitações durante a gestão de Trad, e usaria a rede de empreiteiras nas mãos de laranjas para desviar milhões dos cofres municipais com obras que nunca teriam sido realizadas e seriam difíceis de ‘conferir’.
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