O governo de Mato Grosso do Sul desmarcou todas as reuniões com sindicatos de servidores públicos para a nova rodada de negociação salarial e deixou as categorias sem saber se terão reajuste neste ano. Algumas classes amargam defasagem de até seis anos e podem completar o sétimo ano consecutivo sem aumento salarial, apenas com correções inflacionárias aplicadas no período. 

A Aspra-MS (Associação dos Praças da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Mato Grosso do Sul) informou nesta terça-feira (18) que a reunião prevista para ontem, segunda-feira (17), foi desmarcada em cima da hora.

Ao Jornal Midiamax, o secretário de finanças do Sintss-MS (Sindicato dos Trabalhadores em Seguridade Social de Mato Grosso do Sul) e coordenador do Fórum dos Servidores Públicos, Ricardo Bueno, disse que todas as categorias não terão mais a nova rodada de discussão.

O motivo alegado à Aspra foi o mesmo aos demais. O titular da Segov (Secretaria de Estado de Governo e Gestão Estratégica), Sérgio Murilo, não tem espaço na agenda para participar da reunião.

“No mês passado, chamaram para conversar e relataram que estão com dificuldades, temem passar do limite prudencial. Mas não falaram nada sobre os índices”, relatou.

A discussão seria retomada ontem, mas acabou não acontecendo. “Vamos esperar o índice. Pelo menos a correção pela inflação a lei permite”, frisou Bueno.

Em fevereiro, o governo divulgou que teve aumento de 16% na arrecadação em 2020. A receita saltou de R$ 15,6 bilhões para 18,2 bilhões, conforme levantamento do jornal Folha de S.Paulo.

Bueno lembra que a administração de Reinaldo Azambuja (PSDB) comemorou o aumento de receita e até fez uma reforma no secretariado. “Falam que as contas estão bem. Criam novas secretarias para acomodar políticos. Agora, se não falar em reajuste, é um absurdo”, pondera.

Os servidores ainda não falam em greve e preferem esperar uma manifestação do governo. “Não tem porquê ficar sem reajuste. Fica difícil até de conversar”, finalizou.

Desde a manhã de hoje, o Jornal Midiamax pede posicionamento da SAD (Secretaria de Estado de Administração e Desburocratização), mas até o momento, não obteve resposta.

Sem reajuste

A pandemia de Covid-19 foi a justificativa em 2020 para Reinaldo não conceder reajuste para o funcionalismo público. Como se não bastasse, os trabalhadores ainda tiveram que arcar com um aumento na contribuição previdenciária após nova reforma.

A alíquota era de 11% até dezembro e passou para 14%. A mudança imposta pela Lei Complementar 273/2020 também eleva a contribuição estadual para 25%. Com base na previsão de gastos com pessoal estipulada na LOA (Lei Orçamentária Anual) 2021, a nova legislação deve forçar os servidores a recolher R$ 295 milhões a mais aos cofres do governo.

Desde o primeiro mandato do tucano, os servidores amargam defasagem em seus salários. De lá para cá, o governo concedeu apenas correções monetárias e um abono de R$ 200. Algumas categorias recebem abono de R$ 100. 

Em 2019, o reajuste também foi zero. Mesmo sob protestos, Reinaldo manteve os salários no mesmo patamar. Além disso, reduziu os vencimentos dos professores convocados.

Nesse mesmo ano, foi realizada a primeira reforma da Previdência. Aprovada a toque de caixa, a emenda constitucional foi promulgada antes mesmo da Alems (Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso do Sul) concluir a votação, o que forçou nova publicação.

Nos outros anos, Reinaldo concedeu apenas o reajuste pela inflação, como em 2018, e a incorporação do abono apenas para algumas categorias.