Após dois anos e meio, STF retoma julgamento sobre posse de terra indígena guarani-kaiowá em MS
Plenário do Supremo retoma julgamento de recurso da comunidade indígena Guyraroká, de Caarapó, que teve demarcação suspensa em 2014.
Arquivo –
Notícias mais buscadas agora. Saiba mais
O plenário do STF (Supremo Tribunal Federal) retoma nesta sexta-feira (26) o julgamento de um recurso que pede o reconhecimento da posse indígena guarani-kaiowá sobre 11 mil hectares de uma fazenda localizada em Caarapó – distante 270 quilômetros de Campo Grande. O processo está parado na Corte desde setembro de 2018.
O agravo regimental em ação rescisória contesta decisão de 2014, quando a Segunda Turma do STF reformou acórdão do STJ (Superior Tribunal de Justiça) e afastou a posse indígena da Terra Guyraroká. A área já havia sido declarada pela União como área de posse imemorial – ou seja, permanente – dos guarani-kaiowá.
Mas a Segunda Turma derrubou a demarcação aplicando a tese do marco temporal, em que a data da promulgação da Constituição Federal foi estabelecida como critério para análise de casos envolvendo ocupação indígena. Nesta linha, os povos tradicionais só teriam direito à demarcação de terras que estivessem sob suas posses em 5 de outubro de 1988.
O relatório de identificação e delimitação da Terra Indígena Guyraroká apontou que os guarani-kaiowá viveram na área judicializada até o início da década de 1940. Portanto, aproximadamente 50 anos antes da Constituição.
A tese do marco temporal é contestada por indigenistas, uma vez que ignora a expulsão de comunidades inteiras de suas terras. Por outro lado, é defendida por ruralistas, que se apoiam na redação da Constituição. O artigo 231, que regra o direito indígena à terra, usa o verbo “ocupar” no presente. “São reconhecidos aos índios […] os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam…”, descreve o texto.
Julgamento sobre terra indígena foi suspenso após pedido de vistas
O plenário do STF começou a julgar o recurso da comunidade indígena Guyraroká em setembro de 2018. O relator, ministro Luiz Fux, votou por negar provimento e manter a decisão de 2014. Ele foi acompanhado pela ministra Cármen Lúcia, presidente do Supremo na época. O julgamento foi suspenso depois que o ministro Edson Fachin pediu vistas.
O processo foi incluído na pauta há dez dias. O julgamento será virtual e termina até o dia 7 de abril.
Segundo o Centro de Trabalho Indigenista, 26 famílias guarani-kaiowá hoje vivem em apenas 55 dos 11 mil hectares da Terra Guyraroká. Pela tensão entre indígenas, fazendeiros e usineiros, a região está no Mapa de Conflitos envolvendo Injustiça Ambiental e Saúde no Brasil, projeto do Neepes (Núcleo de Ecologias, Epistemologias e Promoção Emancipatória da Saúde) na ENSP (Escola Nacional de Saúde Pública).
Notícias mais lidas agora
- Alerta de afogamentos continua: 10 já morreram em MS nas primeiras duas semanas de 2025
- Entre feriados e pontos facultativos, 21 datas marcam calendário comemorativo de Campo Grande em 2025
- Moradora de Bataguassu é a primeira vítima de Covid-19 no Estado em 2025
- Família de homem com deficiência mental morto por americano em MS pede R$ 3,2 milhões de indenização
Últimas Notícias
VÍDEO: Trio usa carro para arrombar loja de eletrônicos na fronteira
Danificam a porta principal do comércio
Produção de motocicletas cresceu 11,1% em 2024, aponta Abraciclo
O volume representa melhor desempenho para o segmento em 14 anos
Idoso tem dedo mutilado ao ser atacado por mulher com enxada na Vila Anahy
Caso aconteceu na Vila Anahy por volta das 18h desta terça
Produção da safra brasileira caiu 7,2% em 2024, estima IBGE
O resultado esperado de 2024 fica 22,7 milhões de toneladas abaixo da colheita de 2023
Newsletter
Inscreva-se e receba em primeira mão os principais conteúdos do Brasil e do mundo.