Em , investigações de esquemas de corrupção, contrabando de cigarros, tráfico de drogas, homicídios e outros crimes revelaram atuação de agentes da Segurança Pública. Mesmo com a condenação ou prisão de vários envolvidos nos escândalos, não houve relato de penalização por demissão e estes seguem recebendo salário do Governo do Estado.

Na última sexta-feira (17), foi anunciada a demissão do investigador da Polícia Civil de MS Tiago Henrique Vargas. Horas depois, o anúncio pela instituição de que o ato teria resultado de um processo por ameaça ao qual ele responde, no qual teria cometido 9 infrações disciplinares. No entanto, o processo ainda não foi julgado e a denúncia data de 30 de abril de 2019.

Ao contrário deste caso, há servidores com condenações, inclusive de exclusão do quadro da Polícia Militar, que seguem recebendo salário e não tiveram pena de demissão. O Jornal Midiamax lista alguns exemplos, entre policiais civis e militares que não tiveram os benefícios retirados mesmo após condenações.

Militares condenados ou presos

Governo de MS mantém salários de policiais presos e condenados por corrupção, contrabando e tráfico
Ricardo Campos já foi segurança de Azambuja (Arquivo, Midiamax)

Como primeiro caso, o militar Ricardo Campos de Figueiredo, ex-sargento da PMMS e ex-segurança do governador Reinaldo Azambuja (PSDB). Preso na Operação Oiketicus por integrar a , foi condenado por corrupção passiva, organização criminosa e lavagem de dinheiro. Mesmo assim, foi para a reserva remunerada e, em junho, recebeu salário de R$ 6.054,08.

Já o tenente-coronel Admilson Cristaldo Barbosa foi preso em maio de 2018, depois condenado tanto na Justiça Militar quanto pela 3ª Vara Criminal do TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul). Ele também foi preso na Operação Oiketicus, por envolvimento com esquema de facilitação de contrabando de cigarros. Ainda assim, em junho deste ano, foi para a reserva remunerada e o último benefício, datado de junho, foi de R$ 18.969,88.

Ainda no mesmo processo, foi condenado Luciano Espíndola da Silva. Espíndola passou a integrar a reserva remunerada da PMMS, mesmo com a condenação a mais de 7 anos no âmbito da Operação Oiketicus. Com isso, no último mês ainda garantiu o salário de R$ 8.888,24.

Ainda na Oiketicus, teve a condenação o cabo Aparecido Cristiano Fialho, pelos crimes de corrupção passiva, organização criminosa e lavagem de dinheiro. Além disso, teve a pena acessória de exclusão do quadro da PM. Mesmo assim passou para a reserva remunerada da instituição e no último mês recebeu R$ 3.721,93.

Por último, Francisco Novaes, militar também suspeito de integrar a Máfia dos Cigarreiros que foi condenado pelos crimes de corrupção passiva e organização criminosa. Também houve condenação de perda da função pública, mas até junho deste ano seguia recebendo R$ 11.638,07 da Ageprev (Agência de Previdência Social de MS).

Crimes na Polícia Civil

Já na Polícia Civil, três casos de agentes envolvidos em crimes também não resultaram em demissão. O investigador Eduardo Luciano Diniz foi condenado em abril deste ano a 12 anos de prisão por peculato e tráfico de drogas. Ele seria responsável pelo “desaparecimento” de 173 quilos de da Delegacia de Itaquiraí.

Governo de MS mantém salários de policiais presos e condenados por corrupção, contrabando e tráfico
Delegado Fernando foi preso em março de 2019 (Arquivo, Midiamax)

Apesar da condenação, Eduardo ainda integra o quadro da PCMS e no último mês recebeu o salário de R$ 4.083,15. Ao passo que o delegado Fernando Araújo da Cruz Júnior e o investigador Emmanuel Nicolas Contis Leite aguardam julgamento por, entre outros crimes, o de homicídio.

Os dois chegaram a ser afastados compulsoriamente em abril de 2019, mas seguem recebendo salários do governo. Em junho, o delegado preso recebeu R$ 14.566,61 e o investigador R$ 4.392,61. Eles foram presos pelo homicídio do boliviano Alfredo Rangel Weber em 23 de fevereiro de 2019, além de planejarem atentados contra policiais que investigavam o caso.