Ailton Vargas Rodrigues, de 45 anos, foi exonerado do cargo comissionado de gerente-executivo que ocupava na agência do Detran-MS (Departamento Estadual de Trânsito de Mato Grosso do Sul) de Selvíria, a 399 quilômetros de Campo Grande. Rodrigues foi preso no dia 1º deste mês, na operação Dedo Podre, realizada pela Polícia Civil de São Paulo, contra esquema criminoso que fraudou documentos no órgão estadual sul-mato-grossense.

A polícia paulista passou a investigar 191 pessoas nos últimos 18 meses, por suspeita de criação de organização criminosa para inserção de dados falsos na transferência de pontos e renovação de carteiras de habilitação. Além de Ailton, foram presos dois irmãos proprietários de um escritório despachante em Ilha Solteira, São Paulo e o empresário de escritório de recursos de multas de trânsito de Dracena.

A exoneração foi publicada no DOE (Diário Oficial do Estado) desta sexta-feira (30), e assinada pelo secretário de Estado e Governo, Eduardo Riedel, com efeitos a partir do dia 19 de agosto. Ele ocupava cargo em comissão de Gestão e Assistência, símbolo DCA-11, com salário de R$ 2.274,80. Não há informação sobre eventuais sanções administrativas ao comissionado.

O Detran-MS foi acionado para se manifestar sobre o alvo da operação policial e a reportagem aguarda retorno. De acordo com a assessoria da Polícia Civil de São Paulo, no dia da prisão, Ailton foi encaminhado à Cadeia Pública de Presidente Venceslau, onde permaneceu em prisão temporária. Após denúncia do Ministério Público e acatada pelo Poder Judiciário, ele teve a prisão preventiva decretada, sendo encaminhada ao Centro de Detenção Provisória de Pacaembu.

Organização criminosa

Em março de 2018, de acordo com a polícia de São Paulo, o grupo passou a ser monitorado por executar transferências ilegais, mediante pagamento de propina. Motoristas de São Paulo transferiam os pontos em suas CNH’s para Mato Grosso do Sul, a fim de evitar penalidades administrativas por conta de infrações de trânsito praticadas.

Esses motoristas eram orientados pelo grupo para apresentarem endereços falsos para facilitar o esquema. O empresário de Dracena cooptava os clientes com penalidades nas CNH’s e, após recebimento de propina, repassava os dados para os despachantes em Ilha Solteira. Estes, pegavam o dinheiro e os dados dos clientes e repassavam para o Detran de Selvíria.

Ailton fazia vistas grossas às penalidades e inseria dados falsos no sistema do Detran/MS, isentando os motoristas das penalidades em uma nova transferência para São Paulo. A suspeita é de que eles tenham movimentado aproximadamente R$ 200 mil.