Preso desde maio de 2018 e condenado a mais de 18 anos por corrupção e outros crimes, o sargento da PMMS (Polícia Militar de Mato Grosso do Sul) Ricardo Campos Figueiredo, ex-nomeado na Segov (Secretaria Estadual de Governo e Gestão Estratégica), é investigado por suposto uso de uma linha oficial de dentro do Presídio Militar de Campo Grande. Ele teria ligado para outra unidade da própria Polícia Militar de Mato Grosso do Sul no início do mês.

De acordo com boletim interno da PMMS ao qual o Jornal Midiamax teve acesso, assinado pelo diretor do Presídio Militar Estadual, o tenente coronel da Polícia Adilson Alves de Macedo, Ricardo Campos é investigado após ter feito uma ligação por celular no último dia 2 de abril para um dos chefes da Corregedoria da Polícia, querendo falar pessoalmente com um tenente.

Macedo determina no despacho que um oficial faça a investigação sobre o que teria acontecido para que o sargento afastado e preso tivesse acesso à linha telefônica em uma ‘verificação pormenorizada dos fatos, a fim de esclarecer se o referido interno tem autorização para fazer o uso do telefone’.

Ricardo foi condenado a 18 anos, 10 meses e 11 dias de prisão pelos crimes de organização criminosa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro por estar envolvido na Máfia dos Cigarreiros, quando foi preso durante a Operação Oiketicus em maio de 2018. Na sentença proferida em dezembro de 2018, ele também foi excluído da Corporação, mas recorreu e aguarda decisão judicial.

A Operação Oiketicus, deflagrada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) em maio de 2018, apurou delitos praticados por policiais militares do Estado que atuavam na chamada “Máfia dos Cigarreiros”. Ricardo foi apontado como líder do grupo que dava suporte a contrabandistas de cigarros. Nas duas fases da Oiketicus, 29 policiais, entre praças e oficiais, foram presos.

As investigações iniciaram em abril de 2017 e apontaram que policiais militares interferiam em fiscalização de caminhões de cigarros para que não ocorressem apreensões de cargas e veículos, além de adotarem outras providências para o êxito do esquema. De acordo com a denúncia do Gaeco, os cigarreiros agiam associados desde o início de 2015, estruturalmente ordenados e com divisão de tarefas.

Celulares quebrados

O sargento chegou a enganar o promotor para se trancar no banheiro de casa durante o cumprimento do mandado de busca e apreensão e quebrar dois aparelhos celulares, para eliminar provas. Segundo os membros do MPMS (Ministério Público Estadual de Mato Grosso do Sul), perícia no que restou dos celulares apontou que provas que poderiam estar nos aparelhos foram destruídas, já que as placas e processadores foram totalmente danificados.

A reportagem entrou em contato com a PMMS (Polícia Militar de Mato Grosso do Sul) sobre a investigação da Corregedoria para apurar o uso de telefone oficial, mas não recebeu resposta até a publicação desta matéria.