Com 270 na fila e verba do Ministério da Saúde, Estado mantém terceirização da radioterapia
Com mais de 270 pacientes na fila aguardando atendimento da radioterapia e o fim dos atendimentos via SUS (Sistema Único de Saúde) na Santa Casa de Campo Grande, o Hospital do Câncer Alfredo Abrão vai ser o único a realizar o tratamento dos pacientes regulados na região. Isso porque o governo do Estado de Mato […]
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Com mais de 270 pacientes na fila aguardando atendimento da radioterapia e o fim dos atendimentos via SUS (Sistema Único de Saúde) na Santa Casa de Campo Grande, o Hospital do Câncer Alfredo Abrão vai ser o único a realizar o tratamento dos pacientes regulados na região. Isso porque o governo do Estado de Mato Grosso do Sul ainda não estabeleceu o serviço de radioterapia no HRMS (Hospital Regional), mesmo com verba do Ministério da Saúde destinada e equipamento doado.
Segundo site do Inca (Instituto Nacional do Câncer), sete locais atenderiam via SUS no Estado. HU (Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian), Hospital do Câncer Professor Dr. Alfredo Abrão, HRMS (Hospital Regional de Mato Grosso do Sul), Hospital da Santa Casa, Santa Casa de Corumbá, Hospital Evangélico Dr.e Sra.Goldby King e Hospital Nossa Senhora Auxiliadora de Três Lagoas.
Entretanto, apenas duas unidades fazem o atendimento de novos pacientes a partir desta terça-feira (30) no Estado, que são o Hospital do Câncer Alfredo Abrão e o CTCD (Centro de Tratamento de Câncer de Dourados).
Em nota, o governo informa que existe demanda reprimida em Campo Grande principalmente por conta do fechamento do serviço na Santa Casa. No entanto, antes mesmo do anúncio da interrupção do serviço, na semana passada, a fila já passava das duas centenas de pacientes.
Por meio da assessoria e em ligação gravada, a Santa Casa de Campo Grande informou que terceirizava o serviço ‘a custo zero’ para a Prefeitura de Campo Grande, que teria solicitado o fim do contrato com a Clínica Radius, a fim de realizar o tratamento de novos pacientes somente no Hospital Alfredo Abrão. A reportagem solicitou posicionamento da Prefeitura e aguarda resposta.
Terceirizações
Há menos de um ano, o governo do Estado anunciava a assinatura da ordem de serviço para a construção do bunker para recebimento do acelerador linear da radioterapia no HRMS, com previsão de conclusão da obra em julho deste ano e investimentos de R$ 10,5 milhões, além de construção da sala de braquiterapia. A promessa era de autossuficiência nos atendimentos já para maio deste ano, segundo primeiro cronograma divulgado pelo Ministério da Saúde, mas hoje somente os pacientes regulados na região de Campo Grande somam 277, segundo a Sesau.
Em junho deste ano, o Ministério prorrogou as datas, prevendo entrega da radioterapia no HRMS para abril de 2020.
Em 2017, o Hospital Alfredo Abrão recebia um acelerador linear, além de repasse de R$ 2,7 milhões de recursos para a obra de ampliação da sala e readequação e reforma do bunker. Mesmo aguardando uma equipe do exterior para fazer a instalação do equipamento, o aparelho está em funcionamento desde novembro de 2018 e hoje tem capacidade para fazer atendimento de cerca de 85 pacientes por dia, podendo chegar a 100.
Coincidentemente, o hospital poderá ser o único a manter o convênio para atender os pacientes do SUS, nos mesmos moldes, na região da Capital do Estado. Em nota, a SES (Secretaria de Estado de Saúde) afirma que todo o recurso que antes era destinado à Santa Casa para terceirizar o serviço por meio da clínica Radius será revertido ao hospital Alfredo Abrão para ampliação do atendimento da radioterapia. O montante, no entanto, não foi revelado. No site da Transparência do governo do Estado não constam os valores repassados.
A contratualização do governo com o Hospital do Câncer deve ser finalizada em breve e, atualmente, cerca de 60 pacientes da unidade são atendidos via SUS, segundo a Secretaria.
Em Dourados, o governo do Estado também terceiriza o serviço de radioterapia no CTCD (Centro de Tratamento de Câncer de Dourados), um serviço anexo ao Hospital Evangélico. Na cidade, a Secretaria Estadual de Saúde diz não haver fila de espera para o tratamento.
Recusa de aparelhos
Em 2013 foi deflagrada a Operação Sangue Frio pela Polícia Federal e pela CGU (Controladoria Geral da União), que apurou diversas irregularidades ocorridas na Fundação Carmem Prudente de Mato Grosso do Sul (Hospital do Câncer) após o serviço da radioterapia no Estado ser terceirizado.
À época, o HRMS (Hospital Regional de Mato Grosso do Sul) e o HU (Hospital Universitário) recusaram dois aceleradores lineares para oferecer o serviço de radioterapia à população, priorizando a contratação do serviço em clínicas.
A Polícia Federal apontou irregularidades como contratação de empresas prestadoras de serviço de propriedade dos diretores ou vinculados à família de Adalberto Siufi; contratação de familiares para ocupar funções responsáveis pelas finanças da fundação e para ocupar altos cargos; cobrança do Sistema Único de Saúde de procedimentos de alto custo após o óbito dos pacientes; e acordo com farmácia com indício de superfaturamento.
(Matéria editada dia 31/07 para acréscimo de informações)
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