Sindicâncias internas apontaram as falhas 

Sindicâncias realizadas pela Santa Casa de revelaram verdadeira farra com dinheiro do hospital em alguns pagamentos. Pelo menos um dos flagras já chegou à Justiça, e resultou na ação civil pública de improbidade administrativa, iniciada nesta quarta-feira (29) pelo MPE-MS (Ministério Público Estadual de Mato Grosso do Sul) contra um dos médicos que ‘possuía um dos maiores faturamentos da Santa Casa'.

O cirurgião poderá ter que indenizar a população de Campo Grande em R$ 500 mil por receber do SUS (Sistema Único de Saúde) sem realizar os procedimentos. De acordo com a ação do promotor de Justiça Adriano Lobo Viana de Resende, da 29ª Promotoria de Justiça do Patrimônio Público e as sete testemunhas arroladas, o médico fraudava registros de cirurgias para poder receber.

Em um dos casos, o profissional preencheu quatro registros e colocou junto à ficha médica de um cadáver no necrotério do hospital.  A morta era uma vítima de acidente de trânsito de 35 anos que deu entrada à noite no hospital e, após 30 minutos, veio a óbito.

A unidade hospitalar instaurou várias sindicâncias contra o profissional. Em uma delas, o médico chegou a afirmar que faz as inserções indevidas havia mais de 20 anos no Hospital e explica a motivação: “se não fizer, não ganha dinheiro”.

Ele justificou a atitude dizendo também que prestaria assistência aos médicos por telefone nas cirurgias. Também foi apurada nesta sindicância a ausência do profissional em um caso grave, quando quem fez os procedimentos foram apenas os residentes. Neste caso, a paciente morreu. “E a justificativa dada pelo sindicado, como sempre, era que ele tinha orientado por telefone, além do que não havia qualquer relatório ou outro documento comprovando a presença dele na ocasião”.

Nos autos, a Santa Casa de Campo Grande, que identificou as supostas irregularidades em sindicâncias internas, explicou ao Ministério Público que as normas chegaram a ser alteradas, para anexar a ficha de registro de operação junto ao prontuário dos pacientes. Mas, segundo representantes do hospital, mesmo assim o médico continuou ignorando as determinações e colocando junto a documentação as fichas de procedimento que não realizava.Ação quer R$ 500 mil de médico que usou cadáver para inflar ganhos na Santa Casa

Uma das testemunhas também disse que o médico já até andava com as fichas pré-preenchidas na pasta de trabalho, colocando apenas o nome dos pacientes sempre que encontrava oportunidade para anexar os documentos.

O promotor pede a intimação do Município de Campo Grande para que integrar o processo e os danos morais no valor de meio milhão de reais ‘ou em outro importe que represente a reparação integral do dano coletivamente sofrido a ser determinado' pelo juiz.