Puccinelli e aliados eram passageiros frequentes em jatinho de empreiteiro
Avião é operado por empresa de Baird, mas dono seria João Amorim
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Avião é operado por empresa de Baird, mas dono seria João Amorim
Além do prefeito de Campo Grande, Gilmar Olarte (PP), conforme mostrou o Jornal Midiamax em março deste ano, o ex-governador André Puccinelli (PMDB) e um de seus fiéis escudeiros, Edson Giroto (PR), secretário de Obras do peemedebista, eram passageiros frequentes em um jatinho que pertence a empreiteiros donos de alguns dos maiores contratos com o poder público estadual. No papel, o avião é de João Baird, mas, na prática, o dono seria João Amorim, segundo sugere a Polícia Federal.
A aeronave é o jato ano 2011 fabricado pela Embraer, prefixo PP-JJB, com capacidade para seis pessoas. Não há muito mais que 300 deles viajando pelo mundo e um modelo novo não sai da fábrica por menos de US$ 4 milhões.
Legalmente, o jato PP-JJB pertence à Itel Informática, de Baird – está em nome do Banco do Brasil e a Itel consta como operadora da aeronave. Entre os próprios usuários ‘ilustres’, no entanto, é Amorim, dono da Proteco Construções Ltda. e apontado na Operação Lama Asfáltica como chefe de um grande esquema para desviar verbas públicas, o citado como proprietário do avião e responsável por ajeitar frequentes viagens para os amigos mais próximos.
Em uma das conversas interceptadas pela PF, em fevereiro do ano passado, Giroto diz para Amorim que tinha viajado com Puccinelli a Brasília “no seu avião”. Dados coletados pelos agentes mostram que o jato usado na ocasião foi o Embraer PP-JJB.
Uma semana antes, a PF identifica que o jatinho tinha sido usado em outra viagem de Giroto e Puccinelli a Brasília. Na ocasião, em conversa com o piloto, ele e João Amorim referem-se aos passageiros usando apenas a primeira letra de seus nomes.
Gerson Mauro Martins, o piloto do jato, diz estar em Brasília “com nosso irmão, o chefe maior”, durante tal conversa com Amorim. “Mas é G ou A?”, teria perguntado o interlocutor: “é o G e o A”, responde o funcionário, em datas nas quais os federais confirmaram que Puccinelli estava na capital federal.
Já em dezembro do ano passado, nos últimos dias do governo de Puccinelli, Giroto e Amorim embarcam no jatinho rumo a Presidente Prudente (SP). Viajam no começo da manhã, fazem uma reunião no saguão do aeroporto no interior paulista e retornam a Campo Grande, onde chegam no começo da tarde, tudo registrado pelos agentes federais.
Em certo ponto de um dos relatórios, os agentes lembram seus superiores que o uso de avião particular pelo então deputado André Vargas (então do PT-PR) resultou na cassação do parlamentar, no fim do ano passado. Uma aeronave foi emprestada na ocasião pelo doleiro Alberto Youssef, um dos pivôs da Operação Lava Jato.
A PF revela ainda que a Itel Informática, teoricamente a dona do jatinho, é de Baird, mas sua representante legal é Elza Cristina Araújo dos Santos, por sua vez funcionária de Amorim. A conclusão nos relatórios dos agentes da PF é de que a aeronave pertence à dupla Baird e Amorim, sendo usada constantemente por políticos sul-mato-grossenses, mas é o dono da Proteco Construções Ltda. quem costuma dar as ordens referentes ao uso do equipamento.
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