Cauteloso: Puccinelli escapou da cadeia por juiz ver discrição ao telefone
Juiz vetou prisão de ex-governador e mais 10
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Juiz vetou prisão de ex-governador e mais 10
O ex-governador André Puccinelli (PMDB) estava entre os oito citados pela Polícia Federal como integrantes de uma organização criminosa comandada pelo empreiteiro João Amorim. O governador, descrito como “muito cauteloso ao telefone”, estava na lista dos que o delegado Marcos André Araújo Damato considerou que precisariam ser presos temporariamente.
Além de Puccinelli, integravam a lista o ex-deputado federal Edson Giroto (PMDB), Maria Wilma Casanova, adjunta na secretaria de Obras, Hélio Yudi, fiscal terceirizado, Marcos Puga servidor da Agesul, Beto Mariano, Edmir Fonseca Rodrigues, Márcia Alvares, Newton Stefano e André Luiz Cance.
O Ministério Público Federal chegou a dar parecer favorável a prisão temporária, por cinco dias, dos oito, e para prisão preventiva de Amorim, Elza Araújo (sócia dele) e Rômulo Menossi. Porém, o juiz federal Dalton Igor Kita não autorizou, alegando que não havia indícios de materialidade e autoria da prática de ilicitude.
O juiz ressaltou que Puccinelli foi citado por duas interceptações onde o secretário adjunto da Fazenda, André Luiz Cance, falava sobre a “alvorada e alvorecer”, que seria,segundo a Polícia Federal, referente a contrato com a Gráfica Alvorada, firmado no final da gestão dele; por viagens no avião de Amorim e por doações de campanha, mas ainda não autorizou a prisão, nem a apreensão de documentos na residência. “Os indícios não são suficientes para busca e apreensão”, alegou o juiz.
No inquérito, o governador é citado como cauteloso por ter evitado contato com João Amorim, embora, segundo a polícia, tenham sido obtidos elementos que, ao ver deles, demonstram que ele recebeu propina da Gráfica Alvorada, em situação envolvendo a Organização Criminosa de João Amorim.
No relatório, o delegado diz que provas na investigação demonstram que Amorim comanda a organização criminosa especializada em direcionar licitação, desviar dinheiro público e pagar propina a servidor público, contando com a participação de outros servidores, do ex-governador, de Edson Giroto e até do ex-prefeito Nelsinho Trad (PMDB).
A polícia também afirmou que Puccinelli recebeu financiamento de campanha de João Amorim e foi flagrado em diversas viagens em um avião a jato do grupo do empresário, configurando “verdadeiras vantagens indevidas obtidas em troca de desvios de recursos públicos para a Proteco”.
Segundo os policiais, a constatação tem como base relatórios de fiscalização da Controladoria-Geral da União em obras de implantação da Duque de Caxias e pavimentação da MS-430, demonstrando direcionamento das licitações em favor da Proteco.
Os policiais citam superfaturamentos constatados pela CGU, interceptações telefônicas e diligências de campo, que no entendimento deles comprovam pagamento de propina e utilização de jato, comprovados em interceptações telefônicas e filmagens de câmera de segurança de aeroportos.
“Utilização de toda uma rede de pessoal técnico que superfatura medições, utilização discreta de avião de João Amorim, discrição dos pagamentos de propina em dinheiro, utilização de códigos ao telefone, marcação de encontros pessoais, conduta de evitar celular e profundo enraizamento das atividades criminosas no Poder Público”, cita a polícia ao justificar os pedidos.
No relatório da Polícia Federal há interceptação do dia 1º de dezembro de 2014, quando a secretária de Puccinelli pede avião emprestado para o governador viajar para Dourados, onde receberia título de cidadão benemérito.
Na avaliação dos policiais, a viagem não se justifica porque o governo do Estado não tem contrato com a Itel para a utilização de aviões, visto que a empresa não faz serviço de táxi aéreo, que o serviço custa dezenas de milhares de reais, que a viagem poderia ser feita de carro, em três horas e que o título de cidadão não tem nenhum caráter emergencial.
“Tudo indica que, na verdade, tal serviço prestado através de avião de ultima geração é, na verdade, o fornecimento de vantagem indevida e verdadeira corrupção praticada por Puccinelli”, dizia o parecer do delegado.
Dos 37 mandados de apreensão, o juiz só autorizou 13, excluindo a residência de Puccinelli, Nelsinho Trad e até do presidente da Câmara, Mario Cesar.
Operação Lama Asfáltica
A Polícia Federal, a Receita Federal e a CGU (Controladoria-Geral da União) cumpriu no último dia 9, ao todo, 19 mandados de busca e apreensão para obter detalhes de contratos com um dos maiores empreiteiros do Estado, João Alberto Krampe Amorim dos Santos.
Policiais ficaram trancados por quase cinco horas com João Amorim na residência dele, na Vila Vendas, mas também foram a uma das empresas dele, a Proteco Construções Ltda., residência do ex-deputado Edson Giroto (PR) e na Secretaria de Obras do Estado, que também tinha contratos com Amorim. Quatro servidores foram afastados do Estado.
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