Diferença no nível de avenida causa alagamentos desde inauguração da obra milionária, em 2011, e vizinhos suspeitam de manutenção que removeu terra e entulho para dentro de parque onde existe ninhal de araras e córrego.

Moradores reclamam de suposto erro nas obras da Avenida José Barbosa Rodrigues, construída durante a gestão do ex-prefeito Nelson Trad Filho (PMDB), e suspeitam que até o leito de um córrego tenha disso desviado para amenizar o problema causado com alagamentos desde a inauguração da obra milionária, em 2011.

A avenida contorna o Parque Imbirussu, na região oeste de Campo Grande, e margeia o córrego de mesmo nome. No trecho entre o Jardim Zé Pereira e o Bosque das Araras, uma curva visivelmente rebaixada com relação à altura do terreno se tornou ponto de acúmulo de água nas chuvas e de alagamento.

Segundo os moradores, além do nível do asfalto, teria faltado obra de captação das águas pluviais nas ruas sem asfalto do bairro ao lado, que depositam lama na pista, piorando a situação.

Eles revelam que recentemente máquinas e operários, supostamente da Prefeitura, teriam removido o excesso de terra da avenida para dentro do parque, cobrindo a vegetação original e alterando até o curso do córrego.

A Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano) nega. Segundo o órgão, os próprios moradores da região é que teriam tentado, utilizando máquinas, corrigir um assoreamento já existente no Córrego Imbirussu e teriam acabado ‘piorando a situação ao modificar o curso do rio’.

Moradores do local afetado, no entanto, não confirmam a informação e acham estranho que vizinhos tivessem se organizado com máquinas sem que eles ficassem sabendo. Eles temem que a remoção da terra possa causar danos ambientais ao córrego e ao ninhal de araras que fica na área.

De acordo com o vigilante Evanilton Oliveira, de 43 anos, que mora perto do parque, há 40 dias máquinas realizaram o trabalho no córrego. “Taparam a vala que tinha sido aberta. Toda vez que chovia a água chegava até às calçadas das nossas casas”.

De acordo com o ambientalista Haroldo Borralho, para se fazer qualquer obra que envolva o meio ambiente é preciso um estudo prévio de impacto ambiental. “Sem um estudo específico há vários riscos como enxugamento e assoreamento do rio. É preciso saber se há esse planejamento”, acentua.

A Semadur nega que tenha havido um erro na obra, mas admite que não há um estudo prévio. “Não houve erro da empreiteira. Ocorreu um assoreamento natural, em virtude da baixa velocidade do rio. Por isso, alguns moradores tentaram consertar, porém pioraram a situação”, diz um diretor da secretaria.

Segundo declarações na época da inauguração do então prefeito Nelsinho Trad, a obra durou sete anos e teve recursos de mais de R$ 120 milhões, para o complexo Imbirussu-Serradinho, com investimentos da Prefeitura de Campo Grande, Fonplata, PAC, Fundeb e HBB, Águas Guariroba e Programa Reluz.

Quanto à falta de estudo ambiental para a remoção do material depositado praticamente dentro do ninhal de araras, a Semadur informa que agiu como medida de emergência. “Tivemos que fazer algo rápido, contudo, agora o estudo definitivo está sendo feito”, frisa o servidor, que prefere não se identificar.

Segundo o Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul) pelo número 3318-6048 os moradores podem fazer denúncias contra crimes ambientais. Quanto ao caso específico do Parque Imbirussu, de acordo com o Imasul, ainda é preciso ir ao local e avaliar se houve alguma irregularidade.