O Midiamax tem sido alvo de ações por parte de políticos que impedem, através de liminares, impedir que as denúncias, consideradas “gravíssimas” pela OAB, sejam veiculadas em Mato Grosso do Sul. Diversos setores da sociedade sul-mato-grossense, no entanto, aguardam a passagem das eleições para cobrar a investigação

Poucos dias após a Justiça estadual ter proibido o jornal Midiamax de citar trechos das gravações feitas durante a que envolvem autoridades de Mato Grosso do Sul em corrupção, a Folha de São Paulo publicou na edição deste sábado (2) uma matéria sobre como funcionariam os esquemas de “devolução” de propinas.

O jornal paulista, um dos maiores do Brasil, fez referência às escutas feitas pelo ex-secretário de governo de Dourados, Eleandro Passaia e mostrou que trechos das conversas gravadas realmente incluem citações diretas de políticos de Campo Grande.

Censura no Midiamax

O jornal Midiamax tem sido alvo de diversas ações por parte de políticos que buscam através de liminares concedidas pelo TRE-MS impedir que as denúncias, classificadas de “gravíssimas” pela OAB-MS, sejam veiculadas em Mato Grosso do Sul.

Com a proximidade das eleições, um dos argumentos prediletos tem sido o “uso eleitoral” da veiculação das denúncias. Foi assim que matérias sobre o suposto envolvimento de políticos sul-mato-grossenses com empreiteiras campeãs em vitórias nas licitações para tocar obras no Estado foram censuradas.

Depois de amanhã

Mobilizações de diversos setores da sociedade sul-mato-grossense, no entanto, aguardam a passagem das eleições para cobrar a investigação das denúncias. “Isso não tem nada a ver com eleições. Ganhe quem ganha, Mato Grosso do Sul precisa resolver a maior crise institucional que vive em toda sua história”, disse Francisco Maia, presidente da Acrissul – Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul, que congrega fazendeiros e produtores rurais.

O Fórum Estadual Contra a Corrupção, movimento que reúne sindicatos e entidades de classe, já marcou para a próxima semana, na quinta-feira, às 14 horas, na sede da Fetems – Federação Estadual dos Trabalhadores em Educação de Mato Grosso do Sul, uma assembleia para discutir as medidas judiciais e protestos contra a corrupção.

A Feserp – Federação Sindical dos Servidores Públicos Estaduais e Municipais de Mato Grosso do Sul, também protocolou no Ministério Público Estadual um documento exigindo rapidez nas investigações. “Nós queremos que se investigue suspeitas contra todos não só contra um”, garantiu Rudney Vera de Carvalho, presidente da Federação.

Escândalo de propinas no Parque dos Poderes

O escândalo foi deflagrado quando um deputado estadual, em um dos vídeos, contou com detalhes que “devolvia” R$ 2 milhões em dinheiro por mês para uma autoridade estadual. O deputado estadual que “entregou” o esquema é membro da Mesa Diretora da Assembleia Legislativa.

Na gravação, membros dos três poderes e do Ministério Público Estadual foram implicados porque, segundo o deputado, receberiam também propinas para julgarem a favor de protegidos e dos interesses do grupo.

Os nomes não estão sendo citados para prevenir outra liminar.