Cabos eleitorais contratadas para participar de adesivagem nas esquinas de Campo Grande ouviram de candidato nesta segunda-feira (29) que deveriam ‘colocar umas calças de ginástica, mais justas, ou roupas mais curtas para empolgarem‘ os eleitores.

O político disparou a observação sexista enquanto descia da camionete gigante e media as funcionárias ‘como quem avalia gado’, segundo as jovens. Todas ficaram extremamente constrangidas.

Os relatos foram levados ao superior como reclamação, mas não teriam gerado sequer surpresa no assessor do político.

O chefe, nomeado em cargo público sem concurso para atuar no gabinete do político, nem cogitou que o relato teria muita semelhança com as denúncias pesadíssimas de assédio sexual que permeiam as eleições de 2022 em Campo Grande.

“Ele ainda riu muito e eu acho mesmo que ele nem entendeu que estava reclamando. Como as outras meninas ficaram quietas, só resolvi largar o emprego”, relata uma das cabos eleitorais que foram alvo do assediador.

O uso objetificado dos corpos das mulheres como ‘recurso de marketing’ durante campanhas eleitorais não é novo no Brasil e já foi flagrado com ‘modelos’ atuando como cabos eleitorais até no Congresso Nacional.

‘Calças de ginástica’ para embalar a adesivagem

Assim como o caso do político pedindo ‘calças de ginástica’ para as moças que ficam nas esquinas balançando bandeira e pedindo para adesivar os carros que passam, os relatos de comentários sexistas são comuns para as mulheres que atuam como cabos eleitorais nas campanhas em Mato Grosso do Sul.

“Acontece muita coisa ruim todo dia, mas infelizmente a maioria das mulheres acha que, como pegaram um emprego temporário no período eleitoral, precisam aguentar e ignorar. Só que, principalmente pra gente das gerações mais esclarecidas, é impossível ficar calada”, relata jovem de 23 anos que ‘durou’ 3 dias entre as cabos eleitorais.

Cabos eleitorais escolhidas pela aparência e piadas machistas

Segundo ela, todas as colegas moram no mesmo bairro e foram contratadas por indicação de uma amiga da mãe de uma delas.

“É um dinheiro bom, porque eles acertaram com a gente R$ 400 por semana e dão o marmitex. Só que pra mim não deu”, lamenta.

Assim que foi ‘selecionada’, a jovem conta que já percebeu um ‘filtro’ nas escolhas.

“Ninguém fala, mas dá pra gente notar que a escolha é pela aparência. Na minha turma mesmo, tinha duas amigas com mais idade que eles simplesmente não chamaram e não tinha nenhum motivo para explicar”, analisa.

Depois do episódio desta segunda-feira, num cruzamento da região sul de Campo Grande, a jovem ainda explica que preferiu sair sem ‘criar rolo’ com medo de prejudicar as amigas que continuaram, e voltou a procurar emprego em salões de beleza.

“Eu sei que devia denunciar, fazer escândalo, porque só assim eles vão parar de achar que a gente é só um pedaço de carne. Mas, todas me pediram para não mexer porque ia prejudicar e precisam. Tenho amigas lá que têm filho pequeno e precisam muito mais que eu. Eu entendo”, conclui.

A julgar por relatos comuns na época de campanha eleitoral, a situação é mais comum do que se fala abertamente.

“Se a gente parar para contar sobre os rolos que passam os bastidores das campanhas, daria para escrever um livro”, conta experiente dirigente partidário.

“Desde casamentos que surgiram no meio da campanha e duram até hoje, até outros que acabaram desfeitos, rola sempre muita conversa e boa parte do que se comenta à boca pequena é verdade”, analisa.

No entanto, geralmente as mulheres é que figuram como ‘alvo’ do que ‘se comenta à boca pequena’.

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