Demissão foi mantida nesta tarde

Os relatórios da Operação Casa Limpa, realizada em 2016 pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) apontaram que uma servidora de Bela Vista, distante 324 quilômetros de Campo Grande, demitida em maio do mesmo ano, por fraude de seguros e tráfico de drogas, também utilizava o sistema do MPE/MS (Ministério Público Estadual de Mato Grosso do Sul) para acompanhar o processo do namorado traficante. O Colégio de Procuradores do MPE/MS analisou nesta quinta-feira (02) recurso dela contra a decisão que determinou sua exoneração.

Á época, quatro pessoas que praticavam tráfico de drogas e fraudes em seguros de carros roubados foram presas. Entre os membros, estava a servidora do Ministério Público em Bela Vista,  que foi afastada pelo Procurador-Geral de Justiça Paulo Cézar Passos.

Recurso

Conforme as informações relatadas nesta tarde, durante a seção do Colégio de Procuradores do MPE/MS, a servidora negou qualquer tipo de envolvimento com os criminosos. O recurso apresentado pela defesa dela foi indeferido, sob o argumento de que houve comprovação suficiente.

A primeira prova dos relatórios do Gaeco é que ela teria mantido relacionamento amoroso com um dos traficantes, seria amiga de alguns dos envolvidos que, inclusive, se encontravam na casa da mãe dela. De acordo com a documentação, depois do namorado ser preso por tráfico, em Paranaíba, município a 407 quilômetros da Capital, a servidora mantinha contato com ele.

Outra situação relatada é que, no dia 18 de dezembro de 2015, ela saiu do órgão no meio do expediente, veio para Campo Grande, entrou em um Audi A4 com outros envolvidos, retornou a Bela Vista e, em seguida, o carro foi deixado no Paraguai.

A fraude de contratos de seguro ocorria quando os carros eram levados para o outro lado da fronteira, com o posterior registro fraudulento de boletim de ocorrência de roubo.

Por fim, de acordo com a investigação do Gaeco, a servidora aproveitava o acesso ao sistema do MPE, para acompanhar e informar o namorado.

Operação

As investigações revelaram que a organização criminosa concentrava suas atividades na região de fronteira – Bela Vista e Caracol, de onde enviavam entorpecentes para as cidades de São Paulo, Bonito, Bataguassu e Campo Grande, além de abastecer o mercado local.

Outra vertente criminosa da organização dizia respeito ao transporte de carros para o outro lado da fronteira, com o posterior registro fraudulento de boletim de ocorrência policial de roubo, tudo com o intuito de fraudar contratos de seguro.

Apurou-se que uma das integrantes da organização criminosa é servidora do Ministério Público Estadual, lotada na Promotoria de Justiça da cidade de Bela Vista, fato que ensejou o seu imediato afastamento das funções por decisão da Procuradoria-Geral de Justiça. A servidora, além de responder criminalmente pelos crimes mencionados, responderá a procedimento administrativo disciplinar, cuja pena aplicável é a perda do cargo.