‘Cemitério do Nando’: três testemunhas serão ouvidas pela Justiça no mês que vem
Segunda audiência acontece no dia 12 de junho
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Segunda audiência acontece no dia 12 de junho
Está marcado para o dia 12 de junho a segunda audiência do caso de Luiz Alves Martins Filho, conhecido como Nando e apontado como responsável por uma série de desaparecimentos e mortes no Bairro Danúbio Azul nos últimos anos.
Na audiência serão ouvidas três testemunhas de acusação que faltaram à primeira audiência, no dia 24 de abril, além dos réus, Nando, Jean Marlon Dias Domingues e Talita Regina de Souza.
Ordem de escolta foi assinada na última quarta-feira, 10 de maio, pelo do juiz Aluízio Pereira dos Santos, responsável pelo caso, determinando a escolta dos réus até a audiência.
O caso, hoje investigado pela DEH (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Homicídios), foi descoberto em setembro do ano passado, durante a apuração sobre a morte de ‘Leleco’, Leandro Aparecido Nunes Ferreira, de 28 anos. Ao desenrolar das investigações, a Polícia Civil desvendou uma rede de exploração sexual e tráfico de drogas envolvendo moradores do Bairro Danúbio Azul.
Segundo a denúncia, subscrita pelo Promotor de Justiça Luiz Antônio Freitas de Almeida, seis dos denunciados eram responsáveis por convidar adolescentes para orgias e atos sexuais. Como forma de pagamento ofereciam drogas, especialmente pasta-base de cocaína, para os jovens. Como apurado pela polícia, vários adolescentes e usuários de drogas, sempre em situação de extrema pobreza, eram atraídos pelo grupo e explorados sexualmente em troca de droga.
A sétima pessoa denunciada foi acusada por consumir drogas junto com adolescentes. Ainda não há prova de que ela tenha participado das orgias envolvendo as vítimas. O nome dos denunciados não foi divulgado pelo MPE, mas conforme apurado pela reportagem, ‘Nando’ seria um dos suspeitos.
Conforme o Promotor de Justiça, além dos crimes denunciados, a investigação policial coletou provas de vários homicídios, crime de maus-tratos de animais, tráfico de drogas e porte de arma de fogo. Esses devem ser avaliados, num primeiro momento, pela 2ª Vara do Tribunal do Júri da comarca de Campo Grande, responsável pelos contra a vida.
Já os crimes de estupro de vulnerável, exploração sexual de crianças e adolescentes e associação criminosa, justamente alvos da denúncia do MPE, devem ser avaliados pela Vara Criminal de competência especial, também da comarca de Campo Grande.
Ainda conforme o Ministério Público, caso o juiz receba a denúncia e os suspeitos forem condenados, as penas de todos os crimes podem somar mais de 100 anos de reclusão. Ao todo, são 12 crimes diferentes em que o grupo se enquadra. Ainda conforme a denúncia, seis dos envolvidos permanecem presos. Apenas o último suspeito, que a princípio não integra o grupo, está solto.
O caso
No dia 10 de novembro, uma operação coordenada pela Deaij (Delegacia Especializada de Atendimento à Infância e Juventude) resultou na prisão de Nando e seus comparsas. Ao todo, 18 pessoas foram presas por envolvimento no caso. Durante todo o processo de buscas pelas vítimas, Nando negava o esquema de exploração sexual e tráfico e se intitulou um ‘justiceiro’, afirmando que matava aqueles que cometiam furtos na região.
Foram, segundo a polícia, 16 pessoas de todas as idades e sexos, assassinadas por Nando e seus comparsas. Dessas, 13 foram enterradas no cemitério clandestino, todas da mesma forma, amarradas e de cabeça para baixo. As vítimas ainda foram estranguladas, isso porque Nando não gostava de ver sangue.
No dia 20 de dezembro, as buscas pelas ossadas foram encerradas pelas equipes da Polícia Civil, faltando localizar três vítimas de Nando. Conforme apurado pela reportagem, ainda não há previsão para as buscas recomeçaram. Agora, a polícia espera os laudos periciais de vínculos genéticos das ossadas encontradas, para confirmar a identidade das vítimas.
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