Depois de nove meses a família de Dayane Silvestre Uliana, de 26 anos, volta a sentir o medo e a revolta de ver o assassino da jovem solto. Júlio César Martins Ferreira, de 38 anos, ex-marido de Dayane, foi preso como responsável por efetuar os três tiros que atingiram a ex no dia 4 de janeiro na esquina da Avenida das Bandeiras com Manoel da Costa Lima, na Vila Piratininga.

Indignados com a impunidade e com medo do autor do crime, familiares e amigos da jovem se reuniram nesta sexta-feira (26) em frente ao Fórum Heitor Medeiros, em Campo Grande, com faixas, cartazes e camisas, para pedir por justiça.

De acordo com a família, o autor foi liberado, depois de um habeas corpus, na última segunda-feira (22), e já voltou a fazer ameaças. Na manhã de quarta-feira (24) o pai de Dayane encontrou um envelope com várias letras recortadas de jornais na caixa do correio. Após montarem o quebra-cabeça a mensagem dizia: “Vose todos vai morrer”.

A principal preocupação é que o ex-marido faça mal a membros da família. “Quando saio tenho de levar minha mãe porque tenho medo de ele aparecer e fazer alguma coisa com ela”, conta o irmão da vítima, Douglas Silvestre Uliana.

Daniela Silvestre de Oliveira, de 34 anos, lembra que desde a época que a prima namorava Júlio ele andava armado. “Ele andava com uma pochete e dentro tinha uma arma, a Dayane contou que ele tinha outra embaixo do banco do carro”, diz.

A prima recorda os momentos de dor que a Dayane passou enquanto morava com Júlio. “Ela era espancada e agredida direto, ele estuprava e ameaçava ela, torturava mesmo e ameaçava toda a família, que ia matar todo mundo e por isso ela não saia de casa”, conta Daniela.

Com tristeza, a tia Durcelina Silvestre da Silva conta que Júlio não deixava a jovem ter contato com a família. “Ele não deixava ela ter contado com a gente, cheguei a dar um celular para ela, mas pedi para a mãe dela entregar falando que era um presente dela, nossa como ela ficou feliz, mas ele fez ela devolver. Só conseguíamos falar com ela se ele tivesse perto”, relata.

A então operadora de caixa vivia com Júlio César sobre constate ameaça e tortura e só criou coragem de abandonar a casa onde morava após o marido ameaçar o filho do casal, um menino de pouco mais de um ano.

Douglas afirmou que durante a gravidez Dayane foi espancada várias vezes para que a jovem abortasse. “Ela contou para minha mãe que ele chegou a amarrar ela na janela para dar chutes na barriga, mas ela virava e atingia a costela, depois disso ela ficou de 7 a 10 dias internada e a família não tinha conhecimento”, diz.

“O bebê pergunta por ela, no começo tentava mamar na gente”, conta a tia Durcelina. Em outubro o filho do casal faz 2 anos e hoje mora com os avós.

“Ela voltou para a gente, conseguiu sair de perto dele e ele tirou ela da gente, queremos justiça”, ressalta a tia de Uliana, “Ele não gosta de ninguém que ame ela, e isso ele não conseguiu apagar, o amor que a gente sente por ela. Ela sempre vai ser nossa princesa”.

O caso

Cansada das agressões e ameaças, Dayane voltou a morar com os pais e o irmão. Em um sábado, 4 de janeiro, quando saia do trabalho em seu carro foi alvejada por três tiros que atingiram a cabeça da jovem. Ela chegou a ser atendida e encaminhada para a unidade de saúde do Bairro Guanandi, mas não resistiu aos ferimentos.

O autor estava na garupa de uma motocicleta, registrada no nome de Uliana, e que estava em pose do ex-marido. Assim que cometeu o crime Júlio César ligou para o cunhado e também o ameaçou, falando que ele seria o próximo. O autor foi preso no dia 9 de janeiro.