O serviço péssimo prestado no transporte coletivo de Campo Grande pelo Consórcio Guaicurus deve virar pauta permanente na Câmara de Vereadores, afirma o presidente da Mesa Diretora, Epaminondas Neto, conhecido como Papy (PSDB). O debate ocorre em meio ao segundo aumento da tarifa de ônibus da Capital em menos de um ano, que subiu R$ 0,20 e passou para R$ 4,95 desde a última sexta-feira (24).
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O presidente da Câmara de Vereadores lista uma série de reclamações sobre o serviço prestado pelo Consórcio Guaicurus à população de Campo Grande. “Nós não podemos entrar no assunto de transporte todo começo de ano quando vem falar de tarifa, nem quando voltam os alunos da escola municipal ou estadual. Temos que sair dessa sazonalidade e trabalhar de forma perene, contínua, para a gente ter um assunto que seja debatido constantemente com a sociedade para ter os resultados. O Consórcio [Guaicurus] não vai bem, ele atende mal, ônibus lento, caindo aos pedaços. Nós precisamos entrar para dentro desse assunto para trazer uma solução”, garantiu Papy ao Midiamax.
Vale lembrar que a Casa de Leis já conta, desde fevereiro de 2022, com a Comissão Permanente de Mobilidade Urbana. Entre os objetivos, está justamente o de acompanhar a prestação de serviço de transporte público da Capital.
Esta comissão foi criada após o fracasso na instauração de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar as empresas de ônibus a partir do contrato de concessão — de outubro de 2012 até 2022, conforme relatou ao Midiamax o ex-vereador e autor da proposta da CPI, prof. André Luis (Novo). Além dela, outros seis pedidos de investigação foram apresentados na Casa de Leis nos últimos dez anos, mas todos os sete foram arquivados pelos vereadores.
Pedido de apoio a Brasília
O assunto de transporte público foi discutido entre os vereadores e o deputado federal Marcos Pollon (PL), em reunião na manhã desta segunda-feira (27). Além da conversa sobre emendas parlamentares, a Casa de Leis pediu apoio da bancada federal para solucionar o “drama” dos ônibus em Campo Grande.
“Estamos prontos para agir na medida do nosso regimento interno com as ferramentas que a Câmara tem, mas sabendo que a responsabilidade pelo transporte público é da Prefeitura de Campo Grande. O contrato é da prefeita. A agência reguladora [Agereg] é da prefeitura. Então nós ficamos sempre para falar depois do resultado. Então também trouxe a preocupação ao deputado federal [Marcos Pollon] para que Brasília possa ajudar a solucionar. Nem que seja com recurso, nem que seja com força política para poder atender”, explicou Papy.
A reunião também tratou da busca de recursos para asfaltamento de linhas de ônibus e aumento da oferta de casas populares em Campo Grande. Uma reunião com toda a bancada federal e os vereadores está marcada para 10 de fevereiro para discutir os investimentos das emendas federais de 2025.
Além de Papy, a reunião contou com a presença dos vereadores Maicon Nogueira (PP), Beto Avelar (PP), Professor Riverton (PP), Rafael Tavares (PL), André Salineiro (PL), Neto Santos (Republicanos), Livio Leite (União Brasil), Coringa (MDB) e Leinha (Avante).
Passe sobe e serviço piora, dizem passageiros
Enquanto passageiros precisam desembolsar quase o dobro para se locomover em ônibus desde que o Consórcio Guaicurus assumiu o transporte em Campo Grande, o nível do serviço prestado pelo Consórcio Guaicurus não acompanhou o aumento.
Conforme relatos de passageiros feitos diariamente ao Jornal Midiamax, a qualidade dos ônibus começou a cair desde então: “ônibus velhos, superlotação e atrasos são constantes“.
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A percepção dos passageiros reflete uma realidade constatada em perícia determinada pela Justiça. O perito Vinicius Coutinho analisou todos os dados e apontou que o Consórcio Guaicurus tem lucrado muito com o transporte em Campo Grande.
Foram R$ 68,5 milhões de lucro líquido somente nos sete primeiros anos de concessão. Os empresários do ônibus viram o patrimônio do Consórcio quase triplicar no mesmo período, passando de R$ 17 milhões para R$ 55 milhões.
Por outro lado, várias cláusulas do contrato são descumpridas pelas empresas de ônibus. Uma delas, a obrigatoriedade de contratar seguro não está sendo cumprida desde 2016. A prefeitura aplicou multa de R$ 12 milhões ao Consórcio, em 2020, mas que não foi paga até agora.
A perícia aponta ainda que a frota está cada vez mais velha, ultrapassando a idade média mínima determinada no contrato. Isso reflete em casos relatados pela reportagem do Jornal Midiamax como porta sustentada por sacola plástica, alçapão voando, goteiras sobre os passageiros e até veículo pegando fogo ‘de repente’ – no episódio nem o extintor do ônibus funcionou.
A situação precária que o Consórcio Guaicurus oferece ‘afugentou’ 14 mil passageiros do transporte coletivo de Campo Grande e tirou 35 ônibus das ruas.
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