Um dos maiores gargalos a concessão da BR-163, segundo os usuários, é a falta de duplicação da rodovia. Para o Deputado Estadual Lucas de Lima (Sem partido) reduzir a duplicação, como prevê o novo contrato, “pode ser um erro estratégico”.
“A duplicação é uma medida comprovadamente eficaz para reduzir acidentes e salvar vidas. Reduzir esse tipo de investimento pode ser um erro estratégico, especialmente nos trechos urbanos, onde o risco é maior”, opina ao Jornal Midiamax.
O novo contrato divulgado pela ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) prevê a redução nos trechos que originalmente estavam na lista de duplicação. De 806,3 km no contrato original, agora serão 203 km nos novos termos, indo na contramão dos pedidos dos usuários.
O leilão de concessão da BR-163 na próxima quinta-feira (22) traz novamente à tona questionamentos sobre a segurança e condições de uma das principais rodovias do Estado e também uma das mais mortais.
Reportagem do Jornal Midiamax mostrou que dos 845,9 quilômetros de extensão da BR-163 em MS, 15 trechos concentram mais de 90 acidentes por quilômetro. Nos últimos 11 anos, os maiores registros de ocorrências por km aconteceram em áreas urbanas.
“A BR-163 é uma artéria vital para o desenvolvimento do nosso Estado, mas também tem se tornado um símbolo de descaso e insegurança. Os números falam por si: um acidente por quilômetro em 11 anos é um dado alarmante, que reforça a urgência de medidas concretas”, diz.
Leilão
Após todo o imbróglio e pressão por avanços na BR-163, houve manifestação para relicitação da concessão. Os questionamentos e solicitações chegaram ao TCU (Tribunal de Contas da União). Em novembro de 2024, a maioria dos ministros votou pela repactuação do contrato de concessão, mas, meses depois, em 30 de janeiro de 2025, a ANTT lançou o edital de leilão da BR-163 em MS.
Assim, a solução promete o avanço das obras sem a necessidade de um processo de relicitação — tentativa de driblar o atraso das melhorias aguardadas para a rodovia. A repactuação aponta mudanças nas obrigações de investimentos. Entre elas, a redução dos trechos para duplicação.
Ou seja, os condutores terão menos de 50% da rodovia duplicada. Ainda que 203 quilômetros sejam duplicados, junto aos 150 quilômetros que contêm a duplicação, apenas 41% da estrada terá este tipo de melhoria — que promove segurança aos condutores.
Atual gestora vai participar
Por fim, a CCR MSVia confirmou ao Jornal Midiamax a participação no leilão. “A participação da Concessionária no leilão se dará na forma do Edital de Processo Competitivo nº 1/2025. A CCR MSVia reafirma o cumprimento integral de suas obrigações contratuais e sua dedicação à operação e manutenção da rodovia, com foco na segurança e na qualidade dos serviços aos clientes”.
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“[…] é inegável que, ao longo dos anos, deixou a desejar em muitos pontos da concessão. Se for vencedora novamente, terá que demonstrar não só capacidade técnica, mas também um novo compromisso com a segurança e com os usuários. O Estado e a sociedade não podem mais tolerar promessas não cumpridas”, afirma à reportagem.
BR-163 em Campo Grande
Dos 15 trechos com mais registros de acidentes da rodovia, 10 são em Campo Grande. Os quilômetros mostram grande incidência de ocorrências na BR-163 quando há fluxo urbano.
Isso porque a rodovia cerca o município, sendo usada como alternativa para o trânsito urbano. Ademais, segue com os veículos pesados que usam a rota intermunicipal.
Ao contrário de São Paulo, que possui um dos rodoanéis mais conhecidos — o Rodoanel Mário Covas — Campo Grande não possui solução para o fluxo misto (de rodovia e urbano).
O rodoanel citado contorna a região metropolitana de São Paulo, interligando as rodovias Dutra, Régis Bittencourt e Anhanguera. E o principal: possibilita aos condutores urbanos alternativas como vias expressas.
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