Após verdadeira luta para tentar acabar com o mau cheiro exalado pela unidade da JBS, moradores do bairro Nova Campo Grande voltaram com a peregrinação às autoridades em busca de uma solução. Nesta quinta-feira (6), grupo esteve na Câmara de Vereadores para cobrar providências.
Além do mau cheiro, o grupo fez uma série de reivindicações para o bairro, como asfalto, por exemplo.
A vice-presidente da associação de moradores do Nova Campo Grande, Fábia Brites, que mora há 24 anos no bairro, comandou o protesto e cobrou ações mais enérgicas por parte dos vereadores. “Todos aqui deveriam ir um dia lá [no bairro] na hora da janta para comer e tomar um cafezinho e ver como é bom o cheiro”, reclamou, protestando que os representantes eleitos pela sociedade ‘façam o papel deles’.
O presidente da comissão permanente de meio ambiente da Câmara, vereador Jean Ferreira (PT), conversou com os manifestantes e disse que já foram feitas indicações no plenário em relação ao odor exalado pelo frigorífico. “Nosso papel é fazer com que a empresa cumpra o que foi acordado e respeite o conforto e tranquilidade dos moradores”, disse, afirmando que, em último caso, poderá entrar com ação cobrando que o MPMS (Ministério Público de MS) tome providências.
No entanto, conforme diversas reportagens do Jornal Midiamax, o MPMS move inquérito civil para apurar a situação e chegou até a fazer acordo, em 2009, com o frigorífico. Porém, a situação persiste.
Já o vereador Ronilço Guerreiro (Podemos), que preside a comissão da indústria, comércio e turismo, afirma que a Câmara está agindo. “Nosso papel é legislar e fiscalizar. Estamos fazendo isso, principalmente, nas comissões”, afirmou. Por fim, disse que vai ‘conversar’ com as empresas e indústrias da região – que é um polo industrial de Campo Grande -, para ‘verificar se elas têm esse cuidado com a população’.

JBS e MPMS ignoram problema, dizem moradores
Após vários protestos no ano passado, a Câmara Municipal chegou a realizar audiência pública para tentar chegar a um acordo com a JBS. No entanto, a gigante frigorífica não enviou representantes para a sessão. O frigorífico encaminhou um ofício alegando que o encontro “não contemplou outras empresas que igualmente operam na região em questão e possuem potencial contribuitivo relevante para a temática em discussão”. Ministério Público também não se fez presente e não encaminhou representante.
Após serem ignorados pela empresa e MPMS, um morador chegou a representar denúncia contra os promotores, alegando que o MP estaria com ‘falta de emprenho’ em resolver a situação no bairro.
“O MPMS há muito não vem atuando com firmeza e seriedade quando se trata de poderosos empresários e empresas. É um absurdo a complacência do MPMS”. No requerimento, o denunciante diz que já denuncia várias situações há muito tempo. “Tenho cobrado respostas que nunca chegam”, desabafa.
O morador criticou o TAC que não resolveu problema: “Empresas como a JBS despejam toneladas de resíduos de sua produção em córregos da região Imbirussu, causando enorme mau cheiro. O MPMS deu 6 anos através de um TAC para que a empresa regularize a situação. Aí pergunto: teremos que conviver com o mau cheiro e a tristeza de morar em um lugar que cheira esgoto, fezes e plástico por mais seis anos?”, pontua.
Por fim, pede ao ‘Conselhão’ para apurar a conduta do Ministério Público Estadual de Mato Grosso do Sul e desafia: “Solicitamos que venham conhecer melhor o que anda acontecendo no MPMS o quanto antes”.

Leia também – Trancada em casa, enjoo e dores de cabeça: Família reforça descaso do MPMS sobre fedor da JBS
JBS diz não ter interesse em conciliação com moradores
A Justiça cancelou audiências de conciliação que poderiam chegar a um acordo entre a JBS e moradores do Nova Campo Grande que entraram com processos solicitando indenização pelo mau cheiro exalado pelo frigorífico no bairro.
São cerca de 200 ações contra a gigante de alimentos. O valor pedido varia de R$ 25 mil, R$ 50 mil, R$ 75 mil ou R$ 150 mil a depender da quantidade de pessoas que entraram contra o frigorífico no mesmo processo. Além disso, também é pedido indenização por desvalorização dos imóveis da região.
Assim, o juiz Flávio Saad Peron, da 15ª Vara Cível de Competência Residual, chegou a marcar audiências para tentar acordo entre as partes em diversas ações.
No entanto, as que já haviam sido marcadas estão sendo canceladas. Isso porque a JBS já informou à Justiça que não tem interesse na audiência “em razão do grande volume de ações que possuem a mesma causa de pedir, pedidos e partes e em razão da impossibilidade de conciliação, diante do próprio desinteresse da parte autora”.
✅ Clique aqui para seguir o canal do Jornal Midiamax no WhatsApp
Nova fiscalização confirma emissão de ‘forte odor’ e manda JBS tomar providências

Nova fiscalização constatou que a unidade frigorífica continua exalando mau cheiro e determinou uma série de providências à gigante de alimentos.
Recentemente, o MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) recebeu novas denúncias de moradores dos arredores do frigorífico sobre ‘odor terrível’ vindo da JBS.
Diante disso, a equipe técnica do Daex (Secretaria de Desenvolvimento de Apoio às Atividades de Execução) realizou nova fiscalização no local e confeccionou, em outubro, novo laudo sobre a situação na planta da JBS.
Assim, os técnicos confirmaram os relatos dos moradores e, através de estudos e análises, concluíram que é possível haver incômodo a partir do forte odor emitido pela produção do frigorífico. “Relevante destacar que em situações de constante percepção/inalação desses odores pela comunidade adjacente ao frigorífico, o incômodo pode surgir”.
Isso ocorre devido a uma série de ‘falhas’, segundo os técnicos, que devem ser sanadas. Por exemplo, a nova vistoria constatou que “foi possível confirmar a presença de aberturas capazes de permitir o escape de gases oriundos do processo produtivo”.
Sabe de algo que o público precisa saber? Fala pro Midiamax!
Se você está por dentro de alguma informação que acha importante o público saber, fale com jornalistas do Jornal Midiamax!
E pode ficar tranquilo, porque nós garantimos total sigilo da fonte, conforme a Constituição Brasileira.
Fala Povo: O leitor pode falar direto no WhatsApp do Jornal Midiamax pelo número (67) 99207-4330. O canal de comunicação serve para os leitores falarem com os jornalistas. Se preferir, você também pode falar com o Jornal direto no Messenger do Facebook.