O número de multas acumuladas pelo Consórcio Guaicurus em Campo Grande chega a 17,6 mil. Apenas em 2025 são cerca de 600 multas por mês. As revelações são do diretor-presidente da Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito de Campo Grande), Paulo da Silva. O chefe da pasta participou de oitiva da CPI do Consórcio nesta quarta-feira (14).
Durante a oitiva, o diretor disse que a média de multas mensais em 2025 é de 600. Neste ano, o Consórcio não pagou nenhuma das infrações. “600 multas por mês, nenhuma”, respondeu aos vereadores.
Isso porque as multas se tornam objeto de ações judiciais. “Recorre porque é um direito dele, recorre nas varas, depois para o tribunal”, destacou Paulo.
Acumulado de multas
Ademais, o diretor revelou na CPI que ao longo de 13 anos, o Consórcio acumulou 17,6 mil multas. Em média, cada multa custa cerca de R$ 820.
Ou seja, se multiplicarmos o valor médio pelo número de multas acumuladas, geraria cerca de R$ 14,4 milhões em infrações. Porém, o diretor não especificou durante a oitiva quanto foi pago até o momento.
A vereadora Luiza Ribeiro (PT) questionou quantas multas foram aplicadas, bem como valores e quantas foram pagas. Então, o diretor se limitou a citar o valor total de infrações:
“Alguns índices que tenho aqui, claro que são coisas de 13 anos. Foram aplicadas 17,6 mil multas ao Consórcio Guaicurus. A média dessa multa é em torno de R$ 820 cada multa. Multa ao Consórcio Guaicurus”, disse.
Frota reduzida
Aos domingos, o Consórcio Guaicurus reduz quase 80% da frota. O diretor citou que são 460 ônibus para dias úteis, 225 aos sábado e 108 aos domingos.
Além disso, informou que em dias de grandes eventos, são 378 veículos. Os números são para atendimento de todo o município.
Na cidade toda, são 4.403 pontos de ônibus.
Andamento da CPI
Aprovada em audiências anteriores, a acareação das informações divergentes dos depoimentos ainda está em fase de análise. Ao Jornal Midiamax, o presidente da Comissão, Lívio Leite (União), disse que “estão colhendo as informações ainda”.
Logo, não está definido como ocorrerá a acareação e nem em qual fase será colocada em prática. Os vereadores da Comissão também encaminharam pedido às Juntas da Agetran e Agereg (Agência Municipal de Regulação dos Serviços Públicos). O requerimento pede informações sobre as multas aplicadas e infrações do Consórcio Guaicurus.

Superlotação
Em depoimento na CPI do Consórcio, o atual diretor-presidente da Agetran admitiu que não multa ônibus do Consórcio Guaicurus por superlotação. Contudo, também disse que a Agência penaliza veículos de passeio com mais passageiros do que a capacidade em Campo Grande.
Questionado na CPI pelo vereador Coringa (MDB), sobre as multas aplicadas, disse que não existem multas recentes sobre a superlotação dos veículos de transporte público em Campo Grande. Diariamente, o Jornal Midiamax e vereadores da CPI, recebem relatos de usuários que enfrentam ‘latinha de sardinha’ nos coletivos.
“Os veículos têm capacidade para pessoas sentadas e em pé. Eu não tenho nenhuma multa aplicada por excesso de passageiros, não tenho. Eu não tenho, no meu um ano não tem”, afirmou.
Multa só para carro de passeio
Em seguida, recebeu informações do procurador da Agetran. “Segundo o doutor Alexandre, não tem previsão legal. Eu não posso aplicar uma multa. Mas a Agetran cobra veículos, nos casos de superlotação, para ela colocar carros extras nas linhas. Tanto que se o senhor andar ao redor dos terminais, tem ônibus parados. Superlotação não”, destacou sobre as multas não aplicadas.
No entanto, o parlamentar integrante da CPI questionou se a Agência penaliza motoristas em carros de passeio, que estão à lazer ou trabalho, se locomovendo pela Capital. “Se ele tiver acima da capacidade e o meu fiscal pegar ele, se ele tem cinco lugares. A Agetran se pegar um com seis, sim”, cravou o diretor.
Os vereadores confrontaram o diretor sobre o Código de Trânsito Brasileiro. Assim, Luiza Ribeiro (PT), destacou que a Agência deveria fiscalizar e penalizar.

Tumulto
O depoimento começou tumultuado na Câmara de Campo Grande, com interrupções e longos períodos de espera para respostas.
No início da audiência pública, o diretor-presidente ficou em silêncio sobre nomes de servidores. Enquanto isso, aguardou equipe da Agetran informar os nomes em ‘cola’ para responder aos vereadores.
Neste momento, fora dos microfones, parlamentares questionaram quem seria ouvido na CPI: se o diretor ou a equipe da Agetran. Logo, o presidente Lívio Leite (União) disse que o depoente poderia consultar os técnicos.
Contudo, destacou que “a gente tem que priorizar as nossas informações”. Então, o diretor se justificou: “tenho mais de 300 servidores na Agetran, muito difícil eu saber o nome em um ano”.