O ex-vereador de Campo Grande e principal suspeito de chefiar o esquema de fraude em licitações da Prefeitura de Sidrolândia, Claudinho Serra (PSDB), é um alvo de mandados de prisão na 4ª fase da Operação Tromper, deflagrada nesta quinta-feira (5).
As equipes do Gecoc (Grupo Especial de Combate à Corrupção) e Gaeco (Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado) estão desde o começo da manhã na residência do político, em prédio de luxo na região do Jardim dos Estados, em Campo Grande.
Ele foi preso preventivamente, segundo agente do Gaeco. Além disso, o MP também cumpriu mandados de busca e apreensão, mas não foi revelado o que acabou apreendido. Claudinho volta para a cadeia pouco mais de um ano após a primeira prisão, em abril de 2024.
“[…] muito me espanta, depois de 14 meses, uma nova prisão, já que ele estava de tornozeleira. Não tem nenhuma violação, nada. Não foi comunicado nenhuma violação da tornozeleira, nenhum crime novo para ele praticar […] É isso que a gente vai contestar. Ele tá na tornozeleira há muito tempo”, afirma o advogado de defesa de Claudinho, Tiago Bunning.
“Vou acompanhar agora, juntar a procuração nos autos para entender do que se trata. É um desdobramento da outra operação, mas a gente ainda não tem acesso aos autos”, diz Bunning.

Esquema de Claudinho continuou após operações
O MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) deflagrou a nova fase com três mandados de prisão e 29 de busca e apreensão, em Campo Grande e Sidrolândia, após descobrir que o esquema criminoso continuou mesmo após as fases anteriores.
A nova fase visa ao aprofundamento das investigações que miram em fraude em licitações e contratos administrativos da prefeitura de Sidrolândia.
Além disso, são contratos milionários com empresas atuantes no ramo de engenharia e pavimentação asfáltica. Os contratos já identificados e objetos da investigação alcançam o montante aproximado de R$ 20 milhões.
Entretanto, o grupo apurou que a organização criminosa permaneceu ativa mesmo após a deflagração das operações anteriores e a aplicação de medidas cautelares.
Essa nova fase decorre do desdobramento das investigações, onde reuniram diversos elementos que comprovam o pagamento de enormes quantias de propina a agentes públicos. Os crimes de ocultação e dissimulação da origem ilícita de valores provenientes dos crimes antecedentes também acabaram descobertos.

Tornozeleira eletrônica
Serra e outros cinco réus no esquema iriam continuar com tornozeleira eletrônica até 16 de novembro, após decisão judicial em março, proferida pelo juiz Bruce Henrique dos Santos Bueno Silva, da Vara Criminal de Sidrolândia.
Então, o juiz determinou a manutenção da tornozeleira os seguintes réus pelo esquema de corrupção em Sidrolândia:
- Cláudio Jordão de Almeida Serra Filho – ex-vereador, chefe do esquema;
- Carmo Name Júnior – assessor de Claudinho Serra;
- Ricardo José Rocamora Alves – empresário que emitia notas frias a mando de Claudinho;
- Ana Cláudia Alves Flores – ex-pregoeira municipal;
- Marcus Vinícius Rossentini de Andrade Costa – ex-servidor municipal;
- Thiago Rodrigues Alves – ex-servidor municipal.
Sem previsão
Nesses dois anos de Tromper, o processo na Justiça juntou mais de 7 mil páginas, com 27 réus acusados de mais de 12 fatos criminosos. Tudo isso envolvendo diversas licitações e duas delações premiadas até agora. E pode ter ainda mais desdobramentos.
Assim, diante da complexidade da ação e da grande quantidade de arquivos, Bruce — o juiz responsável pelo caso —, que assumiu a Vara Criminal de Sidrolândia há menos de dois meses, avalia que não há previsão para uma sentença.

Claudinho Serra comandou esquema de corrupção
Além disso, o parlamentar é ex-secretário de Fazenda, Tributação e Gestão Estratégica de Sidrolândia e está implicado nas investigações da 3ª fase da Operação Tromper, deflagrada pelo Gecoc (Grupo Especial de Combate à Corrupção) com apoio do Gaeco.
Claudinho Serra e outros 22 viraram réus, em 19 de abril, após o juiz da Vara Criminal da comarca de Sidrolândia, Fernando Moreira Freitas da Silva, aceitar a denúncia apresentada pelo MPMS.
Investigações do Gecoc e delação premiada do ex-servidor Tiago Basso da Silva apontam supostas fraudes em diferentes setores da Prefeitura de Sidrolândia, como no Cemitério Municipal, na Fundação Indígena, abastecimento da frota de veículos e repasses para Serra feitos por empresários. Os valores variaram de 10% a 30% do valor do contrato, a depender do tipo de “mesada”.

Operação Tromper e fraudes em Sidrolândia
O esquema de corrupção sobre licitações da Prefeitura de Sidrolândia envolve empresários da cidade, que fraudavam documentos das empresas concorrentes, para garantir que seriam as contratadas. Mesmo assim, sem estrutura, essas empresas terceirizavam os serviços pelos quais receberam milhões de reais do dinheiro público.
Conforme a peça que embasou a operação, o esquema de corrupção teria iniciado em 2017. Desta forma, os empresários aproveitavam os CNPJs para participar das licitações, mesmo sem qualquer tipo de experiência, estrutura ou capacidade para executarem os serviços ou fornecimento nos contratos firmados.
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