A vereadora Lucilha de Almeida (PP) disse que o prefeito de Terenos, Henrique Wancura Budke (PSDB), teve ‘responsabilidade da escolha’ do secretário de obras do município, Isaac Cardoso Bisneto. Pouco após pedir exoneração, Isaac foi preso em operação contra suposto esquema de corrupção no município, a 31 quilômetros de Campo Grande.

Assim, a parlamentar questionou a falta de fiscalização do Executivo sobre o secretariado. “Eu acredito que a responsabilidade da escolha do secretário foi dele. Então a fiscalização tem que ser, tanto nós essa casa fiscaliza, mas ali ele sabe quais são as pessoas que ele determinou para estar ali em cada cargo”, disse ao Jornal Midiamax.

Para Lucilha, o chefe da gestão do PSDB na cidade deveria conhecer o trabalho do secretariado — cargos considerados de confiança do prefeito. “Conforme tudo isso que aconteceu, ele deve ter conhecimento, devia ter noção ali da forma que as pessoas estavam atuando e trabalhando”, apontou a vereadora.

Falta de fiscalização

Após o escândalo de corrupção que movimentou a cidade, vereadores usaram a sessão ordinária da Câmara Municipal para lembrar de requerimentos sobre obras. Portanto, Lucilha destacou que as indagações poderiam gerar fiscalização por parte do Executivo.

“Sempre nos respondeu que estava tomando providências”, disse Lucilha sobre os questionamentos. Contudo, afirmou que a operação mostrou que a realidade era outra.

Logo, questiona a falta de fiscalização. “Isso [requerimentos] já tinha que ter despertado no próprio executivo que tinha que ter conversado com essa equipe e ter dado uma olhada em como é que estava o trabalho e a conduta”, criticou.

“Quando você contrata alguém pra trabalhar, você tem a responsabilidade de estar conferindo ali como executou as ações e o trabalho daqueles que você deu a oportunidade pra eles”, finalizou a vereadora.

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(Foto: Henrique Arakaki, Midiamax)

Exoneração levantou suspeitas

“O que dá a entender? Que tinham informação privilegiada, sabiam que iam vir, por isso pediu exoneração”, dispara o vereador Clayton Cleone Melo Welter (PP) sobre saída do secretário de obras do município, Isaac Cardoso Bisneto. Segundo Caco, que é 1º secretário da Câmara, Isaac saiu dez dias antes da Operação Velatus, que revelou esquema de corrupção durante a gestão do PSDB em Terenos – a 31 km de Campo Grande.

Consta no Diário Oficial do município, do dia 2 de agosto, exoneração a pedido do secretário. A exoneração foi assinada pelo prefeito Henrique Wancura Budke (PSDB). O cargo do primeiro escalão da gestão tucana é uma nomeação política e considerado de confiança do prefeito.

O Jornal Midiamax também questionou o Gaeco sobre o possível vazamento de informações e se as denúncias seriam investigadas. Contudo, não houve retorno até a publicação desta matéria.

Ex-secretário de obras que ajudava empreiteiros parceiros é preso

Empreiteiro investigado por corrupção na gestão do prefeito do PSDB, Henrique Budke, após deixar delegacia (Nathália Alcântara, Jornal Midiamax)

Um dos investigados na operação é o ex-secretário Isaac Bisneto. Ele completa nesta terça-feira uma semana atrás das grades.

Isaac teve habeas corpus negado liminarmente, mas desistiu do pedido e trocou de advogado.

Conforme apurado pelo Jornal Midiamax, o secretário de obras teria aderido a suposto esquema de corrupção entre empresários investigados. Então, estaria recebendo propina em nome do pai.

Assim, investigação do MPMS obteve planilhas e comprovantes de Pix para o pai de Isaac, que recebeu R$ 21 mil de Cleberson José Chavoni Silva, R$ 2 mil de Sandro Bortoloto (da Angico) e da empresa Angico – vencedora da licitação. Todas constam na planilha denominada “Finalizado – Thiago Calçadas”.

De acordo com mensagens extraídas do aparelho de Isaac, o secretário mostrou preocupação a Hander Grote Chaves (HG Empreiteira), que não estava conseguindo uma documentação com o Crea (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de MS) para participar de licitação dada como certa.

“Eu to achando que ele não vai conseguir participar de uma licitação que era para ele ganhar um negócio de 280 mil, porque o CREA descobriu que teve esse aditivo, e tá cobrando de ter um atestado e ter um ART complementar disso aí”, disse Isaac.