Remarcada para essa segunda-feira (1º), a análise de cassação do presidente da Câmara Municipal de Cassilândia, Arthur Barbosa (União), teve de ser suspensa novamente. A denúncia era para ter sido votada pelos parlamentares no último dia 25, ocasião em que também foi remanejada.

A denúncia foi feita pela vereadora Sumara Leal (PDT), que teria sofrido violência política de gênero na Casa de Leis. Isso porque, durante uma sessão na Casa, o líder recomendou que a vereadora Sumara ‘use o corpo para trabalhar, assim como usa a língua’.

Ainda não há previsão de uma nova data para a votação. A parlamentar afirma que foi vítima de machismo e humilhação, enquanto o vereador diz que as falas foram mal interpretadas.

“O meu suplente faltou, ele já faltou na semana passada. Agora ele foi convocado de maneira oficial pelo Diário Oficial, e faltou. O suplente do presidente assumiu hoje. Estava aqui, só que o meu suplente faltou. Então, agora foi anunciado novamente. Ele tem um prazo de 15 dias para vir tomar posse na Câmara. Se ele não vier, vai chamar o segundo suplente. Nisso aí são mais 21 dias para acontecer outra sessão”, lamenta a vereadora.

Viajou mais de 100 km para registrar boletim de ocorrência

Sumara Leal precisou viajar mais de 100 quilômetros até Paranaíba para registrar um boletim de ocorrência contra o presidente da Casa. Isso porque, segundo a parlamentar, o delegado de Cassilândia, onde ela é vereadora, teria se recusado a registrar a ocorrência.

O Jornal Midiamax acionou a corregedoria da Polícia Civil, que informou que “O Departamento de Polícia do Interior está fazendo o levantamento de informações preliminares quanto a situação ocorrida e, sendo necessário, [o caso] será encaminhado à Corregedoria para apuração”.

Medida protetiva

Em campo grande, a vereadora criticou a demora da Casa de Leis de Cassilândia em tomar as providências necessárias e relatou falta de suporte para a situação. A parlamentar pede uma medida protetiva contra o vereador.

“Eles ainda não tomaram nenhuma providência sobre o caso. O Ministério Público entrou com uma ação. O meu advogado também vai pedir a cassação e uma medida protetiva. Só que isso vai ter que ser votado. O que ele fez foi um crime. A violência de gênero está acontecendo até nos bastidores”, informa.

Sumara diz sofrer pressão dos próprios vereadores para ‘enterrar o assunto’. “Os vereadores estão pedindo pra eu não fazer isso, mas o que aconteceu foi um crime. Eu não entendia o que era violência política e não gostaria de ser conhecida por isso, mas já que aconteceu eu vou levantar a bandeira sim para que isso não aconteça novamente”, conta.

A violência política de gênero pode ser caracterizada como “todo e qualquer ato com o objetivo de excluir a mulher do espaço político, impedir ou restringir seu acesso ou induzi-la a tomar decisões contrárias à sua vontade. As mulheres podem sofrer violência quando concorrem, já eleitas e durante o mandato”.

União Brasil

O União Brasil emitiu nota de repúdio na última terça-feira (12) e informou que irá apurar a conduta do presidente da Câmara Municipal de Cassilândia, Arthur Barbosa (União), que cortou fala da colega vereadora, Sumara Leal (PDT), durante sessão e disse para ela trabalhar com o corpo ‘assim como a língua’.

A nota é assinada pela presidente estadual do partido e superintendente da Sudeco, Rose Modesto, e Michaela Dutra, Presidente do União Mulher em MS.