Em primeira sessão após escândalo, vereadores discutem corrupção na gestão do PSDB em Terenos
A sessão é a primeira após o escândalo de corrupção na gestão em Terenos
Diego Alves, Dândara Genelhú –
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Vereadores falaram, na noite desta segunda-feira (19), sobre a operação Velatus, deflagrada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) e Gecoc (Grupo Especial de Combate à Corrupção) que prendeu o secretário de obras de Terenos – a 31 km de Campo Grande –, Isaac Cardoso Bisneto, na última terça-feira (13).
Preso por corrupção durante a gestão do prefeito Henrique Budke (PSDB), Isaac teve pedido de HC (habeas corpus) negado liminarmente (provisoriamente). A sessão é a primeira após o escândalo de corrupção na gestão em Terenos.
A investigação que implica a gestão do PSDB foi chamada pelos promotores de “farra das empresas convidadas”. Segundo o MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), quatro empreiteiras se revezavam para vencer licitações, repassavam dinheiro umas às outras e faziam empréstimos para os ‘parceiros’ darem conta de tocar obras as quais venceram licitação.
“Isso é importante para nós população terenense. Nós tivemos requerimentos aprovados aqui nesta casa, todos os vereadores aqui. A resposta veio, que estava tudo dentro da conformidade, tudo dentro da lei. Muitas vezes nos sentimos desconfortáveis do que estava acontecendo. Ninguém aqui nessa casa ia votar se não tivesse percebido se não tivesse alguma coisa fora da conformidade”, disse a vereadora Lucilha de Almeida (PP).
“Carta convite, sempre fui contra, porque destina para quem vai. Tudo que eles (MPMS) tem, é muito mais do que nós vereadores tivemos como resposta de requerimentos”, comentou o vereador Xirú (MDB). “O serviço foi de péssima qualidade, quando choveu lavou a tinta. Que faça com lisura”, ressaltou o vereador sobre obra relacionada à educação.
“Não é fácil e não nos deixa feliz o que aconteceu na nossa cidade. Foi falado nesta Câmara, não foi uma, duas vezes. Foi falado nesta casa. Engenheiro que não vai em obra. Tem coisas que são denunciadas, mas MP está aí para provar. Vereador está aqui para fiscalizar sim, mas muitas vezes, nós não sabemos o dia que tem licitação. Eles marcam um dia e muitas vezes não fazem, fazem no outro dia”, disse o vereador Caco (PP).
“Não foi surpresa, sempre essa casa cobrou, sempre fez requerimento. Com certeza a verdade vem à tona, não vamos julgar até que o MP tome decisões”, falou o vereador Zé Paraíba (PP).
Operação
A operação teve nove mandados de busca e apreensão em Terenos, cinco em Campo Grande e um em Santa Fé do Sul (SP). Também houve mandado de prisão preventiva expedido na Capital.
De acordo com as denúncias, os acusados, com participação de servidores públicos municipais, utilizavam pessoas jurídicas existentes, além de CNPJS sem qualquer tipo de experiência, estrutura e capacidade financeira. Houve desvio de dinheiro público reservado para execução dos contratos celebrados.
Secretário ajudava empreiteiros ‘parceiros’
Conforme apurado pelo Jornal Midiamax, o secretário de obras teria aderido ao suposto esquema de corrupção entre empresários investigados. Ele estaria recebendo propina em nome do pai.
Assim, investigação do MPMS obteve planilhas e comprovantes de Pix para o pai de Isaac, que recebeu R$ 21 mil de Cleberson, R$ 2 mil de Sandro e da empresa Angico – vencedora da licitação. Todas constam na planilha denominada “Finalizado – Thiago Calçadas”.
De acordo com mensagens extraídas do aparelho de Isaac, o secretário mostrou preocupação a Hander Grote Chaves (HG Empreiteira), que não estava conseguindo uma documentação com o Crea (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de MS) para participar de licitação dada como certa.
“Eu to achando que ele não vai conseguir participar de uma licitação que era para ele ganhar um negócio de 280 mil, porque o CREA descobriu que teve esse aditivo, e tá cobrando de ter um atestado e ter um ART complementar disso aí”, disse Isaac.
As investigações apontam que Isaac também atuava de forma a dificultar a participação de empresas fora do esquema nas licitações. Para isso, contou com ajuda de um servidor de sua confiança da pasta de obras:
Servidor (não identificado pelo Gecoc) – “Essa analítica, em relação à licitação, orienta assim: não deixa disposição em excel no arquivo pra baixar lá no edital que dificulta até pras empreiteiras, ai ve qual que é a empreiteira mais (ininteligível) … aí a gente manda Excel pra essas, as outras tem que fazer, se quiser. É uma ideia”.
Isaac – “Dificulta um pouquinho pras empresas montarem”.
Foto: Henrique Arakaki
Foto: Henrique Arakaki
Vereadora Lucilha de Almeida (Foto: Henrique Arakaki)
Vereador vereador Clayton Cleone Melo Welter (Foto: Henrique Arakaki)
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