Após ser preso em flagrante nesta sexta-feira (17), o pré-candidato Douglas Figueiredo minimizou a investigação sobre a morte do ex-vereador Dinho Vital em Anastácio. Figueiredo é a aposta de Reinaldo Azambuja, presidente do PSDB, para a Prefeitura de Anastácio, a 145 quilômetros de Campo Grande.

“Lamento veementemente a forma arbitrária como a operação foi conduzida em minha residência. A ação configura-se como uma flagrante tentativa de me desmoralizar e inviabilizar minha candidatura baseada em narrativa criada por opositores”, disse o pré-candidato.

O pré-candidato disse que a operação tem ‘viés político’ e afirmou que os métodos são ‘questionáveis’. Em nota divulgada, Figueiredo diz que a motivação pode ser o destaque que ele tem nas pesquisas eleitorais.

Contudo, a prisão ocorreu durante operação do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) que investiga a morte do ex-vereador Dinho Vital. O ex-parlamentar foi morto em um suposto confronto com a PM após uma festa na cidade.

“Acredito que essa operação tem um viés político evidente, motivada por minha liderança nas pesquisas eleitorais. É inaceitável que se usem métodos tão questionáveis para tentar me silenciar e impedir que eu continue na pré-campanha que dia a dia tem mais apoio”, afirmou sobre a investigação.

Prisão em flagrante

Na hora da prisão, Figueiredo estava com uma pistola em casa, além de duas carabinas. Ele ressaltou, em nota, que foi preso apenas por “erro relativo a armas de fogo”. “O meu encaminhamento até à delegacia se deve por um erro relativo a armas de fogo antigas encontradas em minha residência, a qual errei em não buscar o devido registro, a qual responderei perante a lei”, explicou.

Assim, aproveitou para dizer que não tem relação com a morte de Dinho. “Apesar de estar indignado com as medidas tomadas ao arrepio da lei, me sinto aliviado, pois assim a Justiça poderá dizer à sociedade de uma forma ampla que nada tenho a ver com os fatos ocorridos no dia 08 de maio”.

O tucano definiu a morte do ex-vereador como ‘uma fatalidade’. “Em relação à lamentável morte do Sr. Dinho Vital, motivo pelo qual a operação teria sido realizada, esclareço que o ocorrido foi uma fatalidade, resultado de um momento de destempero e excessos, gravados em vídeo”, afirmou.

Além disso, o ex-prefeito de Anastácio disse que não estava no local da morte. “Não participei de discussão com ele, não briguei e muito menos estava no local no ocorrido e lamento profundamente o que aconteceu”, pontuou em nota.

O Jornal Midiamax acionou o diretório do PSDB para posicionamento sobre o pré-candidato tucano. Até a publicação desta matéria não houve retorno. O espaço segue aberto para manifestação.

Confira outro trecho da nota do pré-candidato:

“Confio plenamente na justiça e tenho convicção de que minha inocência será provada. Acredito que a verdade prevalecerá e que os responsáveis por essa injustiça serão punidos. Apesar das adversidades, meu compromisso com Anastácio e meu desejo de trabalhar por um futuro melhor para a cidade permanecem inabaláveis. Essa tentativa de me parar só me fortalece e me motiva ainda mais a seguir em frente.

Agradeço a todos os anastacianos que me apoiam e acreditam em mim. Agradeço também as inúmeras mensagens de apoio e carinho que tenho recebido. Não me renderei às tentativas de me silenciar. Continuarei lutando por um Anastácio mais justo, mais próspero e com mais oportunidades para todos”.

Operação

Além de Douglas, os policiais envolvidos na morte de Dinho Vital também são alvos da operação. Por fim, a assessoria do ex-prefeito confirmou que o político é alvo de buscas.

O mandado de busca e apreensão foi expedido pela 1ª Vara da Justiça de Anastácio e assinado pelo juiz Luciano Pedro Beladelli, no fim da tarde desta quinta-feira (16). Então, o MPMS (Ministério Público Estadual) solicitou as buscas e equipes do Gaeco seguiram até a casa de Douglas Figueiredo e dos dois PMs nesta manhã. Foram expedidos três mandados de busca e apreensão e dois mandados de prisão temporária.

Nesse sentido, o documento detalha que o objetivo das buscas é “coletar provas relativas à prática de homicídio qualificado, por meio de apreensão de vestígios físicos ou digitais localizados […] quando houver suspeita que contenham material probatório relevante para as investigações”.

Policiais eram seguranças de ex-prefeito, segundo testemunhas

Conforme relatos de testemunhas que participaram da festa em comemoração aos 59 anos da cidade, o sargento Valdeci Alexandre da Silva Ricardo e o cabo Bruno Cesar Malheiros dos Santos acompanhavam, armados, o ex-prefeito Douglas Figueiredo desde a hora que ele chegou até o momento que deixou o local.

“Tempo todo estava com os seguranças dele, onde ia levava esses dois”, relatou um político ouvido pelo Jornal Midiamax, que estava no evento e preferiu não se identificar, por medo.

Boletim de ocorrência do caso terminou registrado como ‘homicídio decorrente de oposição a intervenção policial’, ou seja, confronto com a polícia. Porém, a Corregedoria da PM abriu procedimento para apurar o envolvimento dos dois PMs envolvidos.

Policiais afastados

Conforme o advogado, os policiais passaram pelo setor psicológico da PM e por estarem abalados acabaram afastados. Ainda de acordo com Rocha, os militares se colocaram à disposição do Ministério Público de Anastácio, também do Gacep (Grupo de Atuação Especial de Controle Externo da Atividade Policial) do MPMS, e da Polícia Civil de Anastácio para esclarecimentos.

Os policiais foram ouvidos na Corregedoria, que abriu um inquérito para apurar a ação dos militares. No dia 8 de maio, os policiais foram chamados para o local após serem avisados de um pessoa armada na BR-262, segundo ocorrência da PM.