Grupos de moradores se mobilizaram para ir à Câmara de Sidrolândia, distante 70 quilômetros de Campo Grande, para pressionar os vereadores a abrirem uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) contra a prefeita Vanda Camilo (PP), nesta terça-feira (9), primeira sessão após a prisão do ex-secretário de Fazenda da cidade, o vereador de Campo Grande Claudinho Serra (PSDB).

Sessão acontece nesta terça em Sidrolândia (Alicce Rodrigues, Midiamax)

Para a população, é muito difícil que a prefeita não saiba o que acontece na própria família, com o genro nomeado na prefeitura, acusado de desviar mais de R$ 15 milhões em recursos públicos.

“Já teve um pedido de abertura de investigação e não deu em nada. Estamos aqui pedindo para o legislativo fazer o papel dele e tomar providências contra o Executivo. A saúde está péssima na cidade, e agora sabemos que é porque o dinheiro é roubado da população”, disse Carolina Terra.

Leondina Dias é professora e presidente do Sindicato dos Servidores Municipais da Educação. Ela reclama que o diálogo com a prefeita é difícil desde o começo da gestão. “Não atende a categoria. Após esses escândalos, só fica provado que tem que ser aberta uma CPI”, diz.

O pastor Edivaldo afirma que a manifestação serve como apoio à Câmara. “Nossa intenção é ajudar a administração pública a trazer segurança para a população, provando que o caso será sim investigado por essa Casa. Nós queremos transparência. Ninguém mais acredita que a prefeita seja inocente”, afirma.

Vanda escapou de Comissão

Em outubro do ano passado, também em decorrência da Operação Tromper, o relatório final da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) contra a prefeita de SidrolândiaVanda Camilo (PP), pedia abertura de Comissão Processante por irregularidades e indícios de improbidade administrativa.

O relatório apontava indícios de ilegalidades em três contratos. Havia suspeita de dano ao erário, direcionamento e obras contratadas que não foram executadas.

Apesar do relatório, Vanda escapou de investigação por ter, à época, maioria dos vereadores na sua base de apoio na Câmara.

Vereador preso

Vereador de Campo Grande, Claudinho Serra (PSDB) foi preso na última quarta-feira (3) após mandado de prisão autorizado pela Justiça por suspeitas de esquema de corrupção, durante a terceira fase da Operação Tromper. Não foi encontrada arma durante busca e apreensão na casa do vereador, em um condomínio da Capital.

O parlamentar é ex-secretário de Fazenda, Tributação e Gestão Estratégica de Sidrolândia e genro da prefeita Vanda Camilo. Ele foi um dos oito alvos de prisão da operação, comandada pelo Gecoc (Grupo Especial de Combate à Corrupção), com apoio do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) e da Polícia Militar, que apura corrupção na prefeitura de Sidrolândia.

Foram cumpridos também 28 mandados de busca e apreensão por suspeita de corrupção em contratos de asfalto, segundo divulgou o MPMS (Ministério Público do Estado de Mato Grosso do Sul).

A investigação, tocada pela 3ª Promotoria de Justiça da Comarca de Sidrolândia, ratificou a efetiva existência de uma organização criminosa voltada a fraudes em licitações e contratos administrativos com a Prefeitura Municipal de Sidrolândia, bem como o pagamento de propina a agentes públicos municipais.

Também foi identificada nova ramificação da organização criminosa, atuante no ramo de engenharia e pavimentação asfáltica. Os contratos já identificados e objetos da investigação alcançam o montante aproximado de R$ 15 milhões.

A operação contou com o apoio operacional do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais), do Batalhão de Choque e da Força Tática da Polícia Militar do Estado de Mato Grosso do Sul, além da assessoria militar do MPMS.

Operação Tromper

Nas duas primeiras fases da Operação Tromper, os agentes investigaram corrupção na prefeitura de Sidrolândia, cidade distante 70 quilômetros de Campo Grande. Durante as investigações, foi descoberto, segundo o Gecoc, conluio entre empresas que participaram de licitações e firmaram contratos com a Prefeitura de Sidrolândia, que somados chegam a valores milionários.

Ainda segundo as apurações, também foi investigada a existência de uma organização criminosa voltada a fraudes em licitações e desvio de dinheiro público, bem como o pagamento de propina a agentes públicos, inclusive em troca do compartilhamento de informações privilegiadas da administração pública.