A ministra Simone Tebet (MDB) e o governador Eduardo Riedel (PSDB) estão entre os 10 políticos mais atacados no Brasil por fake news, aponta levantamento exclusivo feito pelo Uol nos últimos cinco meses a partir de decisões do STF (Supremo Tribunal Federal) e do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e do relatório final da CPI da Covid, enviado à Suprema Corte contemplando o período de janeiro de 2020 a janeiro de 2023. Foram listados, ao menos, 480 ações e inquéritos.

Segundo a pesquisa, foi realizada no âmbito da investigação “Mercenários Digitais”, que busca rastrear o negócio da desinformação na América Latina, identificou que o presidente Lula (PT), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), André Janones, Aldo Rebelo, Simone Tebet, Eduardo Braga e Eduardo Riedel encabeçam a lista.

Nos últimos quatro anos, o presidente Lula foi o maior foco de desinformação nas redes sociais. O petista foi atacado por 112 pessoas e empresas. Simone e Riedel aparecem com dois ataques diretos registrados, cada, que viraram alvo de ação no STF e TSE.

Foram contabilizados 314 disseminadores de desinformação, sendo 270 pessoas físicas e 44 pessoas jurídicas e órgãos do governo. Nessas decisões, constam sanções que incluem cassação de mandato, ordem de busca e apreensão, retirada de conteúdo falso das redes sociais, bloqueio de contas bancárias e de perfis, além de desmonetização de canais no YouTube e multas.

A lista tem 70 políticos, 37 empresas privadas, 32 empresários, 21 integrantes ou que fizeram parte da administração pública, oito empresas públicas ou órgãos do governo, dois partidos e dois movimentos políticos. Há ainda 142 pessoas, que vão desde juízes a influenciadores digitais e jornalistas como Alexandre Garcia, Alessandro Loiola, Rodrigo Constantino e Guilherme Fiúza.

A conta pode ser muito maior: o STF já aceitou denúncia contra 1.051 pessoas acusadas de autoria intelectual dos atos antidemocráticos de 8 de janeiro, o que inclui instigá-los por meio das redes sociais. O inquérito corre em sigilo e, portanto, não é possível identificar os motivos pelos quais cada um está sendo investigado.

Fake news

Durante a eleição, o TRE-MS (Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso do Sul) determinou a retirada imediata do ar de link para página que usou o nome e a marca do Jornal Midiamax para espalhar texto apócrifo com ataques contra o governador de Mato Grosso do Sul na época, Reinaldo Azambuja (PSDB), o então pré-candidato do PSDB, Eduardo Riedel, e servidores estaduais.

Conforme a decisão, a empresa WIX.COM BRASIL SERVIÇOS DE INTERNET LTDA deve remover a publicação sob pena de multa diária de R$ 10 mil. Além disso, também deverá informar os dados cadastrais, pessoais e outras informações que possam contribuir para a identificação de pessoas responsáveis pelo domínio que publicou a ‘fake news’, que começa com ‘patricianunes1984b’.

Na decisão, o desembargador pontua que em visita ao endereço corrobora a alegação de anonimato, já que na página não há qualquer informação sobre os responsáveis pelo conteúdo, e constatou a tentativa de copiar a identidade visual do Jornal Midiamax, que nunca divulgou as informações citadas no material apócrifo.

Mercenários digitais

O projeto é feito em uma aliança entre o Uol, a Agência Pública, outros 18 veículos latino-americanos e quatro organizações especializadas em investigação digital, sob a liderança do Clip (Centro Latinoamericano de Investigação Jornalística).