O Presidente da Câmara Municipal de , Carlos Augusto Borges, o Carlão do PSB, disse que a confusão envolvendo os vereadores Professor Juari () e Coronel Alírio Villassanti (União Brasil), não aconteceu na Casa de Leis e não requer cassação de mandato e nem análise pelo .

Os dois parlamentares tiveram um desentendimento que aconteceu durante um encontro informal na Assomasul (Associação dos Municípios de Mato Grosso do Sul), na última quinta-feira (3). O caso virou até caso de polícia, já que o vereador Juari registrou um boletim de ocorrência contra Villassanti.

“É uma discussão que aconteceu fora do plenário da Câmara. No meu ponto de vista, os dois tiveram excessos, sendo que um gravou vídeo supostamente sabendo da existência da ideia da criação de um sindicato. O que gravou vídeo deveria ter conversado antes e o outro não poderia agredir verbalmente um parlamentar. A gente tem que conversar e ver. Como foi fora da Câmara, não cabe Conselho de Ética e cassação de mandato”, disse o presidente da Casa.

O boletim de ocorrência contra Villassanti foi registrado como ameaça, injúria e difamação. Além disso, caso pode parar na Justiça de Mato Grosso do Sul. “Temo sim pela minha vida, pela segurança, pela minha família”, afirma o vereador do PSDB ao Jornal Midiamax na manhã do último sábado (5).

Ele afirma que procurou a delegacia de polícia na última sexta para registrar boletim de ocorrência contra o coronel devido ao ocorrido anteriormente na Assomasul. Na ocasião, Juari alega que Villassanti colocou o dedo em sua cara e gritou.

Além disso, o vereador diz que vai acionar a comissão de ética da Câmara de Vereadores nesta segunda-feira (7), para analisar o comportamento dele e, dependendo da viabilidade, aplicar penalidades, como advertência, ou até mesmo cassação.

Juari também confirma que vai entrar com uma queixa-crime na Justiça para pedir a suspensão de arma de fogo que o Coronel possui. Apesar da arma não ter sido usada na discussão, vereador alega temer pela sua segurança.

O professor também defende que tentou propor uma reunião, mas que Alírio teria levado a discussão até o grupo de WhatsApp dos vereadores da Capital. “Não houve discussão, houve monólogo”, alega.

Alírio se defende e elenca ‘discussão política

Em contrapartida, Coronel Alírio Villasanti disse não ter o que falar sobre o pedido de suspensão do porte de arma porque “não utilizo arma de fogo habitualmente, apesar de ter direito e não teve utilização de arma de fogo no fato ocorrido. O porte de arma de oficial da PM é regido por legislação federal e estadual. Tenho 32 anos de serviço na PM sem nenhuma mácula e punição. Tenho todas as condecorações da instituição e de outras forças, como a Marinha, por exemplo”, se posiciona.

O vereador ainda afirma não ter conhecimento do boletim de ocorrência registrado por Jurai. “Se tiver sido registrado, não tem muito a ser discutido por não ter passado de uma discussão e divergência política”, conclui.

Entenda o caso

A noite desta quinta-feira (3) foi movimentada para os vereadores de Campo Grande. A confusão teria começado por uma promessa de criação de sindicato para assistentes educacionais da Capital.

“Não sabia que era ele [Alírio] que havia prometido aos assistentes infantis que formaria um sindicato”, justificou Juari no dia. Assim, disse que procurou assessoria jurídica e outros vereadores para verificar se havia possibilidade da criação do grupo sindicalista.

“A resposta foi de que não existe isso, então eu gravei um vídeo dizendo a elas que não procede tal informação e que se alguém estivesse usando isso, não sabia que era ele, estaria mentindo”, afirmou.

Então, se reuniu com outros parlamentares para encontro informal na noite de quinta-feira (3). “Nos reunimos informalmente lá na Assomasul para conversar e comer uma carninha. Ele chegou na frente de todo mundo, super alterado, desequilibrado, dizendo que ele não era mentiroso”, lembrou Juari.

Segundo ele, Alírio estava agressivo na ocasião. “Sei lá, com várias outras insinuações, de maneira muito agressiva, na frente de todo mundo. Acabou que o vereador Tabosa e o vereador Riverton tiveram que conter ele”, contou.

Contudo, negou que o colega parlamentar tenha mostrado uma arma de fogo durante a situação. “Não me agrediu, não mostrou arma, nada disso”, pontuou Juari.

Coronel nega ‘surto' e afirma que respeito continua

Em nota, Villasanti ainda esclareceu as informações sobre o desentendimento com o outro vereador. Ele alega que, desde o final do ano passado, vem atendendo reivindicações das Assistentes da Educação Infantil do município, referentes a salário e outros direitos, com intervenções junto à Secretaria Municipal de Educação e à Prefeita.

“Foi montado pelas próprias Assistentes da Educação um grupo de trabalho, e foram realizadas mais de 20 reuniões nos últimos 9 meses, e em cada encontro nos questionavam por não terem um sindicato que lutasse pela categoria. Solicitei ao jurídico que estudasse a fundo a questão, e houve entendimento que é possível, tanto é, que assim o fez, por meio de chamamento do edital e no último mês ocorreu a Assembleia de constituição deste sindicato, onde foi criado o Sindicato das Assistentes de Educação Infantil do Município de Campo Grande”.

O vereador da União ainda diz que o sindicato foi registrado e protocolado em cartório, onde foram protocolados também o Edital de Convocação, a Ata desta Assembleia que criou o Sindicato e o Estatuto do Sindicato, documentação esta que está sob a análise do Cartório, para que prossiga a tramitação legal entre outros órgãos junto à Receita Federal.

“Portanto, está provado que é válida e possível a implementação deste sindicato e não se trata de balela, nem politicagem, porque o próprio Cartório do 4º Ofício recepcionou essa documentação. Não procede qualquer narrativa que diga que a categoria não pode ter um sindicato. Foi gravado um vídeo afirmando que a criação do sindicato é uma mentira, além de irregular, classificando as ações que desenvolvi por 8 meses com a categoria de politicagem eleitoreira, desrespeitosamente me chamando de mentiroso”.

Ele ainda confirma que houve um desentendimento em razão de posicionamentos diferentes, que envolve sua explanação e o vídeo divulgado pelo vereador Juari. Porém, o ocorrido “não apaga a amizade de longa data, nem o meu respeito por ele”.

O coronel ainda se defende alegando que não houve nenhuma ameaça ou surto.

“Não é admissível que um trabalho sério que vem sendo desenvolvido há quase um ano, seja desqualificado e apontado como ilegal, quando não o é. Tenho uma vida no serviço público, de mais de 32 anos, pautada na ética, no respeito às pessoas e na legalidade. No convívio pessoal, trato a todos com cordialidade, respeito e educação”.

Dessa forma, o vereador finaliza a nota ressaltando que o trabalho com a criação do sindicato está sendo realizado com seriedade e embasamento legal.