‘E quem é branco e pobre?’: na Assembleia, deputados de MS debatem nova lei de cotas
Novo texto garante inclusão de quilombolas e diminui renda para um salário mínimo, incluindo mais pobres no ensino superior
Mariane Chianezi, Evelin Cáceres –
Os deputados estaduais de Mato Grosso do Sul discutiram nesta quarta-feira (25) a nova lei de cotas, aprovada pelo plenário do Senado e que reformula o sistema de cotas no ensino federal e prorroga a política até 2033. O texto segue para a Presidência da República para análise de sanção.
Rafael Tavares (PRTB) disse ser a favor das cotas sociais apenas. “E quem é branco e pobre?”, questionou, levantando discussão.
Além de incluir expressamente quilombolas, o novo texto diminui a renda para até um salário mínimo (R$ 1.320,00), garantindo o acesso aos mais pobres ao ensino superior.
Para Pedro Kemp (PT), as cotas são uma conquista social. “Há 10 anos, apenas 6% dos alunos em universidades eram pobres, negros ou indígenas. Hoje, com a lei das cotas em vigor, nos temos mais de 40% de pobres, negros e indígenas nas universidades. Isso é uma revolução na área da educação. As cotas abrem mais oportunidades para essas pessoas se realizarem profissionalmente”.
Gleice Jane (PT) defendeu que as cotas abrem caminho para diversidade. “Era visível a diferença nas universidades antes e depois das cotas. Abrir as portas das universidades também abriu as portas para a diversidade e o debate”.
Para Tavares, as cotas sociais são importantes, mas não as por identidade de gênero. “A cota social é necessária. Não dá para colocar em igualdade, uma pessoa que não tem condição financeira, competir essa vaga com alguém que tenha essa condição. Mas é perigoso colocar essa cota para o trans, o homossexual, porque independe se ela seja pobre ou rica, você coloca essa pessoa em uma situação de privilégio”, disse.
Segundo Tavares, a cota acaba apontando que a pessoa não teria capacidade intelectual de disputar uma vaga apenas pela orientação sexual. “Agora, o que fazemos no caso da pessoa que é pobre e é branco? Essa pessoa também teve dificuldade no ensino básica e não tem privilégio. A cota social é bem-vinda porque equipara pessoas por condição financeira, agora diferenciar pessoas por conta de orientação sexual ou cor da pele, eu sou contra”, ao lembrar que a UEMS (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul) chegou a abrir vagas de pós-graduação no ano passado com cotas para travestis e trans.
Kemp rebateu. “Falar que é privilégio abrir vagas para indígenas e negros, é algo equivocado. Só fala isso quem não tem a pele negra e não sofreu discriminação”.
Nova lei de cotas
A Lei de Cotas, de 2012, previa a revisão do sistema em 2022, uma década após a sanção, mas a política só foi aprovada pela Câmara dos Deputados em agosto deste ano.
Entre as mudanças aprovadas pelo Congresso está a inclusão expressa de quilombolas entre os beneficiados na reserva de vagas em instituições federais de educação superior e de ensino técnico de nível médio.
Atualmente, metade das vagas é reservada para alunos que frequentaram a rede pública de ensino durante todo o Ensino Médio. Também são contemplados estudantes de baixa renda, negros, indígenas e pessoas com deficiência.
O projeto de lei reduziu o rendimento familiar mensal máximo para estudantes que cursaram todo o Ensino Médio em escolas públicas (e tentam as vagas destinadas a pessoas de baixa renda).
Metade das vagas será reservada a candidatos que comprovem renda familiar de até um salário mínimo (R$ 1.320) por pessoa. Hoje, esse limite é de um salário mínimo e meio (R$ 1.980).
Notícias mais lidas agora
- Governo revoga mudanças no Pix após repercussão negativa
- 40 ovos por dia: nutricionista avalia dieta de Gracyanne Barbosa e aponta perigos
- Homem que matou empresária em SP é preso na linha internacional em Ponta Porã
- ‘Operação Snow’: Morador de condomínio de luxo resiste, mas é preso com armas e drogas em Campo Grande
Últimas Notícias
Idosa com Alzheimer espera por cirurgia de marcapasso há 10 dias na Santa Casa
Hospital alega dificuldades financeiras, mas que comprou material nesta semana
Jovem sofre atentado a tiros após ser ameaçado por facção criminosa em Sidrolândia
Rapaz foi ferido por três tiros, sendo dois nas costas e um no braço
Foragido, despachante pivô de fraudes no Detran-MS ‘aparece’ e alega denúncia genérica do MPMS
Defesa de David Chita tenta anular decisão que tornou despachante e três servidores réus em ação penal
Indígena ensina receita de bronzeador que deixa ‘pele dourada’ e vira sucesso em clube de Campo Grande
Neste período que as praias estão “igual formigueiro” a intenção é sempre a mesma: curtir o mar, descansar da rotina e, é claro, retornar para casa com aquele bronze. Mas, ao mesmo tempo, ninguém quer exagerar no sol e ficar toda ardida, por exemplo. E quem não pode ir para o litoral, também dá os…
Newsletter
Inscreva-se e receba em primeira mão os principais conteúdos do Brasil e do mundo.