Comissão calcula 10 semanas para investigar 40 mil páginas sobre obras de Patrola em Campo Grande
Em julho, o vereador Carlão havia anunciado a criação da comissão especial para apurar os contratos da Cascalhos de Areia
Anna Gomes, Evelin Cáceres –
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A Comissão Especial para analisar contratos entre a Prefeitura, por meio da Sisep (Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos), e empreiteiras investigadas na Operação Cascalhos de Areia, ligadas ao empreiteiro André Luís dos Santos, o Patrola, deve durar até 10 semanas.
O cálculo é do presidente da Câmara de Campo Grande, o vereador Carlos Augusto Borges, o Carlão (PSB). “A comissão vai analisar os contratos de um a um para ver o que se enxerga com os técnicos da Câmara, se há algum desvio de conduta nos documentos. Afinal, esse é o papel da Câmara. São muitos papéis, mas acredito que em dez semanas”, disse Carlão sobre a comissão criada para investigar a operação.
Assim, devem ser apurados 6 contratos ao todo. Destes, dois são da empresa Engenex Construções e Serviços Eirelli – EPP (CNPJ 14.157.791/0001-72), para obras na Região do Lagoa e Imbirussu.
A comissão é composta por 5 vereadores. São eles Clodoilson Pires (Podemos), Ademir Santana (PSDB), Silvio Pitu (PSD), Ayrton Araújo (PT) e Dr. Jamal (MDB). A comissão terá 60 dias para apresentar um relatório final dos trabalhos.
Dono oculto de empresas
Após a Operação Cascalhos de Areia, deflagrada em 15 de junho, o Midiamax divulgou que as investigações apontavam para uma rede de empreiteiras que seriam do mesmo proprietário. No entanto, estariam em nome de laranjas.
Essa quadrilha teria celebrado contratos com a Prefeitura de Campo Grande, na gestão de Marquinhos Trad (PSD) e também na anterior, do irmão, Nelsinho Trad (PSD). Os indícios apontam que as empresas são de André Luiz dos Santos, o Patrola.
Entre os contratos que a Câmara vai apurar, de pavimentação, estão estes:
- Engenex Construções e Serviços Ltda. (R$ 14.542.150,59), de Paulo Henrique Silva Maciel e Edcarlos Jesus Silva, com Ariel Dittmar Raghiant atuando como ‘responsável técnico’, na região do Imbirussu;
- Andre Luiz dos Santos Ltda., o Patrola (R$ 24.705.391,35) na região do Prosa;
- Engenex Construções e Serviços Ltda., com Ariel Dittmar Raghiant atuando como ‘responsável técnico’, (R$ 22.631.181,87) na região do Lagoa.
Ainda outros dois contratos, inclusive maiores, que também seriam de empresas ligadas a Patrola, são apurados na Cascalhos de Areia. São eles:
- R$ 219.738.348,88 da JR Comércio e Serviços Eireli, de Adir Paulino Fernandes;
- R$ 108.079.795,25 da MS Brasil Comércio e Serviços Eireli, de Edcarlos Jesus Silva.
Comissão criada
Em julho, o vereador Carlão havia anunciado a criação da comissão especial para apurar os contratos da Cascalhos de Areia. Na época, um servidor foi até a Sisep com um pen-drive, para solicitar cópias dos contratos.
O Midiamax detalhou os endereços apontados no procedimento, que foram vistoriados. Em quase todos os relatórios, o resultado foi de que não havia indícios de intervenção ou melhorias.
No máximo, algumas ruas foram niveladas. Porém, nem mesmo cascalho foi colocado e os moradores das regiões afetadas reclamavam da falta de obras. Os servidores da Sisep alvos da operação foram Medhi Talayeh, engenheiro e supervisor, Edivaldo Aquino Pereira, gestor de projetos, Erik Antônio Valadão Ferreira de Paula, Fernando de Souza Oliveira, e o ex-secretário Rudi Fiorese.
A Sisep foi alvo de buscas durante a operação. Nas investigações, o Gecoc (Grupo Especial de Combate à Corrupção) identificou que a Engenex Construções contratava pessoal meses antes de vencer as licitações com a Prefeitura de Campo Grande. O primeiro contrato teria acontecido em 2012.
Os contratos seguiram na gestão de Marquinhos Trad (PSD) em 2018. O primeiro contrato de 2012 teria sido para limpeza e manutenção de praças, conquistado 5 meses após a Engenex ser criada, na época pelo pai de Mamed Dib Rahim.
Os outros três contratos firmados com a prefeitura são para serviços relacionados com execução de manutenção de vias não pavimentadas e estão em andamento.
Ruas que não foram pavimentadas
- Rua Cairiri – Jardim São Conrado
- Rua Coronel Athos P. da Silveira – São Conrado
- Rua Vitória Zardo – São Conrado
- Rua Silvio Aiala Silveira – Trecho entre as ruas Avenida Cinco e rua sem saída
- Rua Eliza Regina – Trecho entre as ruas Avenida Sete e Silvio Aiala Silveira
- Rua Elizete Cardoso – Trecho entre as ruas Avenida Sete e Silvio Aiala Silveira
- Rua Vaz de Caminha – Trecho entre as ruas Andrade Neves e Ataulfo Paiva
- Rua Ataufo Paiva – Trecho entre as ruas Vaz de Caminha e Borborema
- Rua Ataufo Paiva – Trecho entre as ruas Borborema e Brás Pina
- Rua Ataufo Paiva – Trecho entre as ruas Brás Pina e Bartolomeu Mitre
- Rua Osasco – Trecho entre as ruas Adventor Divino e Conquista
Intervenção em ruas já pavimentadas
Nas datas de 13 e 21 de janeiro de 2021, a Engenex teria realizado intervenções na Avenida Prefeito Lúdio Martins Coelho, nos trechos entre as ruas Panambi Vera e Angelo Marques Zafalon, rua Manoelita Alves da Silva e Maria Alves Coimbra.
O contrato nº 194/2018 previa a manutenção de vias não pavimentadas. Contudo, a Avenida Lúdio Martins possui pavimentação, “impossibilitando assim a intervenção da empresa Engenex no local”.
Logo, também não poderia ser realizada a manutenção prevista na planilha para a rua Avenida das Mansões, com trecho entre as ruas Maria Carlota Giordano e Armando Capriata — que também é pavimentado.
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