Após greve realizada pelos motoristas de ônibus nesta quarta-feira (18) em busca de reajuste salarial de 16%, vereadores de Campo Grande se manifestaram contrários ao Consórcio Guaicurus, responsável pelo transporte coletivo da Capital. Parlamentares também falaram sobre revisão do contrato entre o Prefeitura e a empresa.

O vice-presidente da Comissão de Defesa dos Direitos do Consumidor, vereador Junior Coringa (PSD), repudiou a paralisação.

“A população não pode ser penalizada pelo erro de gestão do Consórcio Guaicurus, os funcionários do Consórcio que imploram por um reajuste salarial há muito tempo”, disse o vereador.

Coringa ainda afirmou que os trabalhadores acabam como os mais prejudicados. O mesmo disse Thiago Vargas (PSD), que considerou como “absurdo” a população precisar “pagar o pato”.

“Eu já estou até rouco de tanto que venho cobrando, pedindo, implorando para a saída desse Consórcio que é uma lástima para a nossa cidade. Desde o início do meu mandato eu brigo para criarem uma CPI do Consórcio Guaicurus e nada foi feito até agora”, disse Vargas.

Ronilço Guerreiro (Podemos) também lamentou a situação e ressaltou a importância do diálogo pela valorização salarial dos trabalhadores do transporte.

“Esse tipo de greve é algo que não podemos mais deixar acontecer, pois são milhares de pessoas prejudicadas. Entretanto, sei que os trabalhadores do transporte têm direito ao aumento salarial”, disse Ronilço.

Por fim, o vereador ainda afirmou ser favorável a abertura da planilha do Consórcio Guaicurus para a população.

Do mesmo modo, Marcos Tabosa (PDT) parabenizou a greve e criticou o posicionamento do Consórcio Guaicurus sobre esperar medidas da Prefeitura Municipal.

“[Consórcio Guaicurus] não quer dar o aumento. Fica com essa conversinha que só dá aumento após a prefeitura fazer alguma coisa. Nós não queremos saber da prefeitura, nós queremos o aumento”, publicou o parlamentar.

Comissão de Transporte da Câmara lamenta greve

Anteriormente, os vereadores que compõem a Comissão de Transporte e Trânsito na Câmara de Campo Grande lamentaram a situação que culminou na greve dos motoristas.

O vice-presidente da comissão, Alírio Vilassanti (União), afirmou que a paralisação prejudica os serviços públicos, como a saúde, e o comércio.

Já o presidente da Comissão de Mobilidade Urbana, André Luís Soares (Rede) apontou que até mesmo a Câmara não vem fiscalizando o transporte público e a Prefeitura não está tendo o mesmo rigor.

Membro do mesmo colegiado, o vereador José Jacinto de Luna Neto, o Zé da Farmácia (Podemos), defendeu que o Consórcio entregue a concessão se não tem mais condições de operar o serviço.

A deputada federal eleita e vereadora Camila Jara (PT) disse que o contrato de concessão precisa ser revisto e defendeu até tarifa zero.

Greve no transporte coletivo

Com 100% dos trabalhadores parados, profissionais do transporte coletivo de Campo Grande vão se reunir para decidir se a paralisação de hoje vai virar greve por tempo indeterminado.

Eles cobram retomada nas negociações salariais com o Consórcio Guaicurus.

“Hoje é um protesto para chamar atenção do Consórcio, vamos chamar assembleia e votar edital de greve por tempo indeterminado. Esperamos que com essa paralisação a empresa retome a conversa com a gente”, pontua Demétrio Freitas, presidente do STTCU.

De acordo com ele, na semana passada, o sindicato foi informado que o Consórcio Guaicurus não se reuniria mais com a categoria para rodada de negociação. Em dezembro, a empresa ofereceu reajuste salarial de 6,5% aos trabalhadores, no entanto, deixou de lado outros benefícios.

Assim, nenhum dos veículos do transporte coletivo da Capital saiu da garagem e cerca de 1.500 trabalhadores estão na garagem da Jaguar Transportes Urbanos, onde farão assembleia.

Os ônibus do transporte coletivo de Campo Grande devem voltar às ruas na próxima quinta-feira (19), segundo o sindicato.

A paralisação desta quarta-feira está ligada à reivindicação de reajuste salarial de 16% da categoria. A negociação vem desde dezembro do ano passado.

Consórcio Guaicurus quer passagem a R$ 8

Anualmente avaliado em novembro, o Consórcio Guaicurus considera que o reajuste da passagem do transporte público de Campo Grande pode chegar a R$ 8.

Atualmente, a tarifa custa R$ 4,40 aos passageiros, mas, de acordo com o diretor-executivo do consórcio, Robson Strengari, o novo preço considera diversos fatores, como a alta do combustível e INPC (Índice Nacional de Preço ao Consumidor).

“O estudo ainda não foi concluído e a Agereg que decide, mas o reajuste chega em torno de R$ 8. Ainda temos nesse mês a negociação de reajuste salarial de funcionários, temos assuntos em andamento para mudanças”, afirma.

O que diz a Prefeitura?

Em meio à paralisação dos trabalhadores do transporte público, a Prefeitura de Campo Grande afirmou que aguarda relatório que avalia o que seria percentual aceitável de reajuste da tarifa.

Anteriormente, o Consórcio Guaicurus, empresa que administra a frota de ônibus da cidade, pediu aumento da passagem de R$ 4,40 para R$ 8.

“O reajuste da tarifa está sendo cautelosamente estudado, e o poder executivo tem feito todo o possível para continuar subsidiando as gratuidades para estudantes, idosos, pessoas com necessidades especiais e seus acompanhantes”, informou o Município por meio de nota. 

No texto, a Prefeitura pontuou as últimas aplicações de recursos no transporte na cidade, por exemplo, convênio com o Governo do Estado, que passou a subsidiar o serviço desde o ano passado.

Também, repasse de verbas federais para que o Consórcio custeasse gratuidades para idosos entre janeiro e outubro de 2022, com valores a repassar mensalmente para cobrir as gratuidades.