Vereador critica projeto de corredores de ônibus e diz aguardar 2º pedido de CPI do Consórcio

Presidente da Comissão de Transporte da Câmara, Alírio Villasanti aponta que projeto na Rua Bahia tem erros e prejudica o comércio

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Alírio Villasanti é vereador em Campo Grande (Izaias Medeiros/CMCG)

O vereador Alírio Villasanti (União) apontou nesta quinta-feira (22) diversas “inconsistências técnicas” nas obras dos corredores do transporte coletivo de Campo Grande e defendeu o diálogo com a população, melhorias no serviço e o avanço do segundo pedido de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) na Câmara Municipal para investigar o Consórcio Guaicurus. Ele é presidente da Comissão de Transporte e Trânsito.

O Jornal Midiamax mostrou nesta semana que os corredores vêm provocando caos na Capital, levantando questionamentos de moradores sobre as estações no meio das vias. O projeto, que está orçado em R$ 110 milhões e não teve ¼ executado, pode ser reavaliado, segundo a atual prefeita Adriane Lopes (Patriota).

Para Alírio, o pior é o corredor da Rua Bahia, que desde 2020 é questionado na Justiça e quase foi travado. Ele vem participando das discussões com os comerciantes da via, que são contrários à obra.

“Temos algumas inconsistências técnicas ali. A engenharia de tráfego ensina que corredor de ônibus deve ser implantado quando o volume de ônibus é de um a cada 1 minuto e meio, o que não acontece na via em questão”.

Ele aponta ainda que as estações forçam o passageiro a atravessar uma faixa de pedestre, ampliando o deslocamento. Além disso, elas deveriam ficar na calçada em vias de mão única e no canteiro central naquelas de mão dupla.

“A situação é semelhante na Avenida Bandeirantes e na Rua Brilhante. Ninguém é contra a mobilidade, estamos preocupados com a segurança e fluidez do trânsito e não matar o comércio”, avaliou Alírio.

Apesar do tombamento do canteiro, ele defendeu que houvesse um corredor na Avenida Afonso Pena. “Se tem um lugar que tinha que ter corredor é a Avenida Afonso Pena. Bastava avançar 1 metro no canteiro e melhoraria muito a mobilidade”, disse.

O parlamentar ainda cita outra ideia para melhorar o transporte público. “Temos que discutir as parcerias público-privadas para administrar os terminais de ônibus, como já existem em algumas capitais do país. Já solicitei isso à Agetran [Agência Municipal de Transporte e Trânsito]. Os terminais precisam atender com dignidade os usuários”, ponderou.

Alírio vem intermediando o diálogo entre a prefeitura e os comerciantes da Rua Bahia, sendo que a última reunião foi realizada no fim de novembro. “Já tivemos dois pedidos de CPI para investigar o Consórcio. Assinei as duas. O primeiro pedido foi arquivado. O segundo não foi dado a resposta pela presidência da Casa”, concluiu.

Corredor de ônibus em operação na Rui Barbosa (Foto: Nathalia Alcântara/Jornal Midiamax)

Corredores trazem caos, questionamentos e muito debate

Em uma tentativa de salvar o péssimo serviço prestado pelas empresas que detêm a concessão do transporte na cidade, a Prefeitura de Campo Grande iniciou em 2014 projeto para implantação de corredores de ônibus em várias regiões. O mais recente entrou em operação na Rua Rui Barbosa.

As ruas que já receberam a estrutura e seguem em obras são Brilhante, Bandeirantes, Rui Barbosa e Gunter Hans. A Rua Bahia, que também integra o projeto dos corredores, por enquanto só recebeu recapeamento e sinalização. Outra que deve passar por obras em breve é a Cônsul Assaf Trad, prolongamento da Coronel Antonino.

O prazo final para a conclusão dos corredores de ônibus é 2024 e, até lá, os campo-grandenses lidam com os problemas causados pelas obras.

Os motoristas até tentam, mas não entendem a dinâmica do trânsito em ruas com estações. Entre as dúvidas de quem passa pelos corredores estão: por que as estações de embarque estão posicionadas do lado esquerdo da faixa de trânsito e não nas calçadas ou no lado direito das vias, onde tradicionalmente estão os pontos de ônibus? Por que a instalação dessas grandes estruturas em uma rua que já era estreita na região central?

Campo Grande conta com R$ 110 milhões do PAC (Projeto de Aceleração do Crescimento) Mobilidade Urbana liberados para recapeamento de vias e construção dos corredores de ônibus. Mas as obras estão longe de serem concluídas, já que a prefeitura construiu durante a gestão de Marquinhos Trad (PSD) apenas 24% do total, conforme levantamento feito pelo Jornal Midiamax no Painel + Brasil e com a Caixa Econômica Federal.

A administração pública municipal ainda foi selecionada em 2020 para um financiamento de mais R$ 93,1 milhões para modernização da malha viária da cidade, o Avançar Cidades. Ou seja, para recapear ruas e vias urbanas ao invés de insistir em tapa-buracos. No entanto, a prefeitura perdeu a linha de crédito.

A prefeita Adriane Lopes afirmou que críticas de motoristas, comerciantes e passageiros sobre o funcionamento do corredor da Rui Barbosa, uma das vias mais estreitas do Centro da Capital, fazem parte do que é esperado no período de implantação.

“O mesmo questionamento foi feito na Rua Brilhante, onde otimizamos em até 8 minutos o tempo dos ônibus, muito do que ouvimos são especulações”, disparou a prefeita diante das reclamações dos usuários e motoristas, que enfrentam nó no trânsito causado, principalmente, pela localização dos “pontões” ao longo das vias.

Em relação a uma reavaliação sobre a operação dos corredores, a prefeita afirmou que processos relacionados ao corredor da Rui Barbosa só podem ser mudados depois de uma avaliação técnica.

“Nossas equipes especialistas em trânsito estarão avaliando todos o percurso e a execução e se tiver oportunidade de melhorias, podemos fazer, mas até o momento não há nada divergente do que está posto”, disse Adriane.

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