A deputada federal Rose Modesto () confirmou ao Jornal Midiamax, nesta quarta-feira (7), que não pretende disputar pelo PSDB as eleições de 2022 ao governo de Mato Grosso do Sul. Com Eduardo Riedel em agendas pelo Estado ao lado do governador e em reuniões com lideranças, como nesta manhã com o presidente da Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo), Carlos Pignatari (PSDB), e o secretário da Casa Civil do Estado de São Paulo, Cauê Macris, Rose disse saber que a definição já existe há muito tempo. 

“Riedel já foi confirmado pelo partido desde o ano passado, por isso nem cogitei colocar o nome”. Novamente, a deputada declarou que vai decidir em abril se deixa a sigla e aposta as fichas ao governo com o bom resultado nas urnas que tem em Campo Grande, maior colégio eleitoral do Estado, podendo se tornar concorrente dos tucanos. A parlamentar analisa convites. 

“Tem alguns partidos e vou tomar minha decisão com um pouco mais de tranquilidade. Quero entregar bem meu mandato de deputada federal, dar a melhor qualidade política e entender o cenário até lá”, resumiu. 

Na semana passada, o deputado estadual Rinaldo Modesto (PSDB), irmão da parlamentar federal, comentou sobre eventual mudança de sigla na família. “Vou pensar em eleições no ano que vem, mas pretendo disputar a reeleição. Se vou mudar de partido, só vou decidir no próximo ano, acho que não é momento para isso. Pensar em mudar [de partido], todos estão pensando, porque não tem mais coligação, não sou só eu. Os partidos têm procurado a gente para filiar, isso é normal”.

Visita a MS

O ninho tucano recebeu, nesta quarta-feira (7), o reforço do presidente da Alesp (Assembleia Legislativa de Saõ Paulo), Carlos Pignatari, e do secretário de Estado da Casa Civil de São Paulo, Cauê Macris, que vieram ao Estado para ajudar nas articulações às eleições de 2022. No entanto, ambos evitaram citar o nome do indicado, Eduardo Riedel, que tem preferência do grupo na disputa. 

Isso porque é crescente a insatisfação da deputada federal Rose Modesto no partido, o que torna o lançamento do sucessor de Reinaldo à disputa eleitoral um assunto ainda mais sensível dentro da sigla. Apesar de percorrer o Estado em agendas, Riedel ainda não é o nome falado pelos tucanos. E essa parece ser uma questão conhecida pelos paulistas. 

“O Reinaldo vai lançar o sucessor dele em 2022”, limitou-se a comentar Pignatari. Questionado sobre quem seria, o presidente da Alesp teve a entrevista encerrada pela assessoria local do PSDB. 

O presidente da Assembleia Legislativa de MS, Paulo Corrêa, e o secretário da Casa Civil, Sérgio De Paula, acompanharam o evento, deixando ainda mais evidente a falta do convite à deputada, que mais tem votos pelo partido no maior colégio eleitoral do Estado, Campo Grande. 

Apoio de Aécio Neves

Se, em 2014, um grande banner indicava o apoio político de Aécio Neves ao então candidato Reinaldo Azambuja ao governo do Estado de Mato Grosso do Sul, em 2021 a realidade é bem diferente. Com ambos desgastados politicamente, envolvidos em escândalos de corrupção, como o líder do executivo estadual que responde a ações até no STJ (Superior Tribunal de Justiça) por lavagem de dinheiro e organização criminosa, o PSDB nem cogita trazer o correligionário para MS. 

Com todas as agendas fechadas, Carlos Pignatari falou com o Jornal Midiamax apenas na chegada à sede do PSDB, no final da manhã. Disse não acreditar, apesar das vindas de Aécio nas eleições passadas, que os escândalos esbarrem no tucano sul-mato-grossense. “De maneira alguma. Não vejo nada que aproxime [Aécio] do Azambuja”, declarou. 

Reinaldo e mais 23 pessoas foram denunciadas pelo MPF ao STJ com base nas investigações da Polícia Federal no bojo da Operação Vostok. O governador é apontado como chefe de uma organização criminosa e teria recebido R$ 67,7 milhões em propina do grupo JBS, entre 2014 e 2016, por meio de doações de campanha e emissão de notas fiscais falsas de venda de carne e gado – os “bois de papel”. Em troca, a JBS foi beneficiada com incentivos fiscais que desfalcaram os cofres do governo do Estado em R$ 209,7 milhões.

A investigação foi desencadeada pelas delações de executivos da JBS, principalmente dos irmãos Joesley e Wesley Batista. A denúncia pede a decretação da perda de cargo público dos envolvidos e a restituição dos valores.

O governador de Mato Grosso do Sul recorre ao STF (Supremo Tribunal Federal) para tentar suspender a Ação Penal 980. Os advogados do tucano argumentam contra seu foro privilegiado, uma vez que os crimes implicados a Reinaldo teriam começado em 2014, quando ainda não era governador. Para sua defesa, Reinaldo deveria ser julgado pela Justiça Estadual, como se o foro iniciado em 2015 fosse interrompido após a reeleição de 2018.

Quem relata o habeas corpus no STF é o ministro Edson Fachin, que já negou o pedido em caráter liminar. Antes disso, a defesa do governador empilhou derrotas em recursos para tirar o processo das mãos de Fachin.