Alheio à confusão que ocorria na eleição da diretoria da União da Câmara dos Vereadores de Mato Grosso do Sul, Osmildo Brandão montava seu estande com carteiras, agendas e chaveiros, todos personalizados, para aproveitar o movimento e vender seus produtos aos parlamentares que ali devem passar ao longo desta quarta-feira (22), quando pelo menos 420 vereadores de Legislativos definem o novo representante da instituição.

Quem vê Osmildo sem chamar muita atenção tirando os utensílios de uma maleta preta, nem imagina a história dele. Ouvindo perguntas que até o fizeram brincar que a reportagem queria saber tudo sobre a vida dele, responde que já foi vereador pelo MDB em São Gabriel do Oeste entre 1982 e 1988. Em pesquisa sobre a cidade, encontra-se o nome do hoje vendedor como parte do grupo dos primeiros parlamentares eleitos.

Na mureta, produtos para venda; no fundo, vereadores tentando se entender para iniciar votação – (Foto: Marcos Ermínio)

Agora, a ida em locais onde circulam vereadores não tem relação com política e não se limita a Campo Grande ou ao interior do Estado. O ex-parlamentar conta que já viajou para Mato Grosso e Goiás, por exemplo, sempre vendendo objetos com as identidades visuais das Câmaras Municipais, além de placas com nomes dos vereadores da legislatura (período do mandato de cada ‘grupo’ de eleitos em cada eleição).

Aliás, faz propaganda, as estruturas metálicas são o carro-chefe da empresa de Osmildo. “Tem coisa melhor do que passear?”, indaga em tom de brincadeira, ao responder sobre como é viajar para outros estados em busca dos clientes parlamentares.

Ainda ‘aproveitando’ o atraso no início da votação de hoje, Lurdes Caldeira, vereadora em Angélica pelo PDT, foi uma das que parou para ver os produtos disponíveis e aproveitou para comprar um dos itens — que variam de R$ 90 uma agenda e R$ 130 carteiras, por exemplo. 

Mas e a política? Osmildo filosofa dizendo que ‘as coisas são boas enquanto duram’. Ele até menciona o partido pelo qual se elegeu vereador no passado, mas afirma que se chegarem perguntando se ele é do PT ou qualquer outra sigla, ele diz que sim, seja em nome de garantir a venda ou para manter a paz longe de discussões polarizadas.