Candidata a vereadora pelo PT, Karla Cânepa disse que virou alvo por reclamar de suposto privilégio na distribuição de recursos de campanha das eleições 2020. Em vídeo divulgado nas redes sociais, candidato a prefeito de pelo PT, , aparece gritando com a postulante, por ela ter postado comentários sobre fundo eleitoral em grupo do whatsapp. A confusão ocorreu na terça-feira (27), mas só foi divulgada na noite de quarta-feira (28).

Alegando que o candidato chegou a segurar seu braço em um dos momentos da discussão, ela afirma que vai registrar boletim de ocorrência na (Delegacia Especializada de Atendimento a Mulher). Entre as frases, o petista a chamou de cínica e disse que ele não é o responsável por repartir a verba destinada às campanhas eleitorais.

Para o Jornal Midiamax, a candidata a vereadora afirmou que, desde o início da campanha, houve ‘favoritismo e boicote'. O PT lançou 43 postulantes à Câmara Municipal de Campo Grande e, nas palavras de Karla Cânepa, a legenda não tem apoiado seu nome e o coletivo que ela representa, em detrimento do suporte dispensado a outras candidaturas.

Candidata diz que virou alvo de Kemp por denunciar privilégios com recurso e vai registrar BO

Candidata diz que virou alvo de Kemp por denunciar privilégios com recurso e vai registrar BO
Tabelas divulgadas pela candidata, retiradas do TRE-MS.

O estopim foi a divulgação da tabela de distribuição de recursos (disponível na imagem acima). Os primeiros candidatos da lista teriam mais recursos, enquanto nome de Karla aparece em penúltimo, com R$ 5,2 mil, destinado pela direção do partido em Campo Grande. Na relação encabeçada por Pedro Kemp e o partido em MS, não há qualquer quantia, diferente, novamente, dos nomes que aparecem primeiro.

 

Segundo a candidata, no início da campanha, Pedro Kemp teria dito que os recursos do fundo eleitoral seriam distribuídos de forma igualitária entre todos os postulantes ao Legislativo municipal. Quando viu a relação, a candidata reclamou no grupo composto somente por mulheres candidatas e disse que Kemp seria ‘demagogo' e que as pessoas ‘mancham a honra do partido que tanto admiro'. A conversa, ainda de acordo com a postulante, foi ‘printada', manipulada e enviada para o candidato a prefeito.

Gravação

Depois de ver as mensagens de Karla, Pedro Kemp teria ligado, já aos gritos, de acordo com ela, cobrando explicação. Em seguida, foi a seu comitê. Presentes no momento, os integrantes do coletivo afirmaram que ele já chegou nervoso, dando início à discussão registrada no vídeo.

“Como ele chegou alterado, as pessoas se sentiram intimidadas”, disse ela para justificar a decisão de gravar a cena de dois dos integrantes do colegiado – a divulgação nas redes sociais foi decisão do irmão de Karla, segundo a própria.

A reportagem teve acesso ao vídeo na íntegra, disponibilizado pela candidata. Após sete minutos do início do registro, Kemp segura o braço dela. O candidato nega, afirmando que encostou nela com intuito de fazer com que ela o escutasse. Ainda durante a briga, Kemp diz que está descontente com a direção nacional do PT e que está cansado, ao mencionar a rotina de campanha.

Outro lado

Pedro Kemp disse à reportagem que a candidata o acusou de injusto e demagogo, ao reclamar da distribuição de verba. “Primeiro, eu não sou responsável pela distribuição, falei isso para ela várias vezes”. O recurso destinado para candidatos a vereador, afirma o deputado, foi distribuído de forma igualitária. Contudo, outras verbas que aparecem na tabela são estimativas de custos de campanha, não distribuição do dinheiro aos candidatos.

A diferença nos valores, afirma, é porque cada postulante pede determinados itens e abrem mãos de outros, por exemplo. Kemp diz que Karla não quis recurso para pagamento de advogado e contador. “Não apareceu essa despesa, porque ela fez essa opção”. Também cita que a direção nacional do PT prioriza candidaturas da juventude, negros, entre outras minorias na política, por isso, alguns candidatos podem ter mais verba prevista.

Reiterou conteúdo da nota divulgada mais cedo, em que lamenta por ter se excedido. “Eu tenho uma história, um nome, uma honra, não aceito acusações falsas”. Disse que pediu desculpas à candidata. Ela, no entanto, afirma que ainda não recebeu ligação do deputado neste sentido.