O diretor-presidente da Emha (Agência Municipal de Habitação) criticou a afirmação de que transformar o prédio abandonado do Hotel Campo Grande em 119 moradias populares seria transformar o espaço em um “favelão”. A declaração ocorreu nesta manhã (3), durante sessão ordinária na Câmara dos Vereadores, a qual o gestor da Emha compareceu para prestar esclarecimentos sobre o projeto.

Durante seu depoimento na tribuna, Netto apresentou uma nota técnica sobre o projeto habitacional e também classificou como “absurda, rasa e ridícula” a ideia do “favelão”. Ele apontou que a nova destinação do edifício se trata de um sistema inclusivo que muda o conceito da cidade e afirmou que “se tiver de colocar gente pobre no Centro, vai colocar”.

“Essa ideia do ‘favelão’ é um discurso raso, ridículo e absurdo e gerou expectativas negativas sobre o projeto. Dar moradia a pobres não é favelizar. É um sistema inclusivo, um novo modelo de cidade. Foram dois anos de estudo juntos à Semadur e à Planurb para a gente chegar a essa projeto”, comentou.

Netto destacou que até então Campo Grande vivia um conceito de periferização, no qual a vida útil do centro era apenas ao comércio, durante o dia, o que também gerava a supervalorização dos imóveis. “A obra nem foi contratada e já estamos desvirtuando tudo que pode ser mudado em conceito”, acrescentou.

Durante a sessão, os vereadores fizeram questionamentos a Enéas Netto e também teceram comentários. O vereador Enfermeiro Fritz (PSD) defendeu a ideia, afirmando que toda mudança de modelo causa desconforto. “É um projeto louvável e concordo que a estrutura tem que ser utilizada”, apontou.

O vereador Wellington de Oliveira (PSDB) também destacou que a transformação do hotel traz mudanças profundas. “Toda mudança de modelo altera a forma de pensar, a cultura. Mas existem dúvidas a serem respondidas, o que é natural”, complementou.

Na ala crítica ao projeto, o vereador André Salineiro (PSDB) rebateu afirmação de que os vereadores seriam contra pobres. “Isso é falácia, somos a favor de mais políticas públicas para cobrir o déficit de moradias. Mas, não espere que vamos baixar a cabeça para tudo que a Emha faz. Não sou contra o projeto, porém, tem que responder algumas perguntas, por exemplo valor do IPTU. Quem vai arcar? O morador ou vai ser renúncia de receita?”, destacou.

Também contra o projeto, o vereador Vinícius Siqueira (DEM) destacou que seu posicionamento é devido aos custos da revitalização. “Por que o município não faz a execução dos impostos que os proprietários devem e com esse dinheiro fazem mais moradias? Do jeito que está, parece que o prefeito quer favorecer uma só família”, destacou.

Em resposta a algumas das perguntas, Enéas Netto destacou que a verba pleiteada no programa Pró-Moradia, do Ministério do Desenvolvimento Regional, é exclusiva para desapropriação e revitalização de prédios abandonados, não podendo ser utilizada para outro fim. Ele também mencionou que as moradias provavelmente estarão inseridas na modalidade de aluguel social, na qual a posse dos prédios será da Emha. No início da sessão, dos 29 vereadores, apenas 11 estavam presentes.