O então juiz indicou ao procurador duas testemunhas ligadas a Mato Grosso do Sul que teriam informações sobre negócios envolvendo a família do ex-presidente Lula, durante os desdobramentos da . A notícia foi divulgada na manhã desta sexta-feira (dia 28) pela Revista Veja.

Nilton Aparecido Alves, técnico em contabilidade de 57 anos, é um dos apontados pela revista, assim como Mário César Neves, dono de um posto de gasolina em , como as duas testemunhas ocultas de Moro. A indicação destes nomes pelo ex-juiz, hoje ministro da Justiça, foi repassada durante conversas com o procurador, chefe da Operação Lava Jato, por meio do aplicativo Telegram.

Ainda segundo a Revista Veja, Dallagnol acatou a sugestão de Sérgio Moro e procurou os dois, mas eles teriam se recusado a colaborar. Ele ainda chegou a sugerir ao ex-juiz que se forjasse uma denúncia anônima para justificar a expedição de uma intimação que obrigasse as testemunhas a depor no Ministério Público Federal.

Há três semanas, as conversas entre o procurador e o ministro de Jair Bolsonaro foram publicadas pelo site The Intercept Brasil. Até então, o nome de Aparecido e Márcio César não tinham sido divulgados. A reportagem classifica o diálogo sobre as possíveis testemunhas como o mais comprometedor. 

O técnico em contabilidade é conhecido, segundo a Veja, ‘por fazer negócios, nem sempre lícitos, relacionados a terras' – ele tem escritório em Campo Grande. À revista, Nilton Aparecido disse que não sabe porque seu nome foi citado e que alguém deve ter falado alguma coisa errada.

Indagado se teria informações sobre familiares de Lula, ele encerrou a conversa e disse que não falaria mais nada. Além desta situação, o contador foi alvo em Mato Grosso do Sul da Operação Grãos de Ouro, que mirou em esquema de sonegação de pelo menos R$ 44 milhões em impostos que deveriam ter sido recolhidos pelo Governo do Estado.

Mário César Neves que, em dezembro de 2015 um representante do MPF o procurou para pedir informações sobre Nilton técnico de contabilidade. Disse desconhecer, no entanto, se o técnico de contabilidade sabia de dados sobre negócios. Confirma, por outro lado, que repassou ao MP o endereço e telefone de Nilton.

A reportagem apontou que especialistas desaprovam conduta e a conversa comprova que o MPF não só ouvia, mas seguia as orientações. “Reforça a tese de que, quando magistrado, Moro abandonou a posição de imparcialidade para instruir um dos lados da ação, algo considerado ilegal pelo Código de Processo Penal”.