O ex-presidente da Fundação de Turismo de Mato Grosso do Sul, Nelson Cintra, admitiu em depoimento à PF (Polícia Federal) que recebeu dinheiro de frigorífico suspeito de integrar o suposto esquema de propinas em troca de benefícios fiscais em MS e até que emitiu nota fiscal. Afirmou, entretanto, que ‘comprovou tudo’ e que ‘a Justiça que vai julgar’.

Nesta quarta-feira (5), ele foi um dos ouvidos em ação determinada pelo STJ (Supremo Tribunal de Justiça) para acelerar oitivas em desdobramento da Operação Vostok.

Cintra chegou ao local pouco antes das 10 horas e saiu às 11 horas. Contudo, o depoimento só durou 15 minutos, afirma, com questionamentos sobre assuntos que ‘todo mundo sabe desde 2016’. “Tem muita coisa que a gente nem estava lembrando e vamos levar para casa para tentar lembrar. Nós estamos tranquilos”.

Entre as perguntas ‘repetidas’, houve alguns novos questionamentos, como movimentação financeira. “É coisa que já prestei contas na Receita Federal. Vamos juntar toda aquela prestação e entregar para eles”.

Sem detalhar as repostas, Nelson Cintra, que também é produtor rural e foi prefeito de Porto Murtinho, disse que os policiais fizeram perguntas sobre movimentações fictícias de gados, supostamente usadas para camuflar pagamentos de propinas. “Você recebeu dinheiro do frigorífico? Eu falei: recebi. Você emitiu nota para o frigorífico? Eu falei: emiti. Comprovei tudo. A Justiça que vai julgar”.

O ex-presidente disse que está ‘tranquilo, porque a gente não deve’. Afirmou, ainda, que quando se está na política é natural que, ‘de vez em quando’, alguém ache que o político está envolvido em esquema e queria investigar.

Oitivas

A ação é decorrente do IPL (Inquérito Polícial) 1.190, após cumprimento dos mandados de busca, apreensão e quebra de sigilos telefônicos e fiscais realizados em 2018. São mais de 110 intimados, e a maioria é ouvida desde terça-feira (4) na sede da Polícia Federal em Campo Grande.

Além de MS, foram ouvidas testemunhas e investigados em São Paulo, Paraná, Mato Grosso e Ceará também na terça-feira. A investigação teve origem no acordo de colaboração dos executivos da JBS, conglomerado com atuação no ramo de alimentos, e apura suposto esquema de corrupção na concessão de benefícios fiscais pelo Governo do Estado de Mato Grosso do Sul através da Sefaz (Secretaria de Estado de Fazenda).