Ex-prefeito também disse que a política aquidauanense é “território do vale tudo”

O ex-prefeito de Aquidauana, distante 143 km de Campo Grande, Fauzi Suleiman (MDB), denunciado pelo MP-MS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) por supostamente utilizar recursos e a conta da prefeitura em uma ‘lojinha’ do município para custear despesas pessoais, publicou uma nota, em sua rede social, na noite de quinta-feira (29), afirmando que é vítima de falsas acusações.

Em resposta a reportagem do Jornal Midiamax, feita com base no parecer enviado pelo MP-MS à Justiça e publicada na última quarta-feira (28), Fauzi afirmou, na publicação, que a política aquidauanense é “território do vale tudo” e que não é nem “nunca foi materialista”.

O ex-prefeito também alegou, em nota, que a pessoa que fez a denúncia, que baseou a investigação do Ministério Público, é figura “bastante conhecida por aplicar golpes e falcatruas” e que, para se livrar de punição, “tenta o enlamear com sua sujeira e fazer o mesmo com empresários e trabalhadores honrados da cidade”.

Sobre sua passagem pela prefeitura, o ex-prefeito afirmou que lutou, se desgastou física e espiritualmente, fez o melhor que pode e é convicto que suas “ações como prefeito ajudaram a iluminar a vida de muitos irmãos aquidauanenses”.

O ex-gestor público também afirmou que não se beneficiou financeiramente no período em que esteve à frente do executivo do município. “Entrei e saí da Prefeitura com exatamente as mesmas coisas que sempre tive: continuo trabalhando como funcionário na mesma empresa, morando na mesma casa, andando com o mesmo carro e tendo exatamente a mesma vida que sempre tive”, garantiu.

Fauzi afirmou à reportagem, na manhã desta sexta-feira (30), que é estranho o MP-MS oferecer denúncia só agora, anos depois de os supostos crimes terem ocorrido. A investigação órgão é referente ao período de 2009 a 2012, tempo em que ele esteve no comando da cidade. Por fim, o ex-gestor afirmou acreditar na Justiça e que se defenderá dentro do devido processo legal.

Denúncia

Conforme a denúncia, Fauzi, seu chefe de gabinete à época, a ex-primeira-dama e atual vice-prefeita Selma Suleiman (PSDB), comerciantes e funcionários da prefeitura supostamente utilizavam dinheiro de imposto dos contribuintes do município para comprar ‘mimos’ para funcionários, presidentes de associações, vereadores e até mesmo àqueles que convidavam os gestores públicos para apadrinhar casamentos e aniversários.

Os promotores de Justiça Antenor Ferreira de Rezende Neto e José Maurício de Albuquerque, sustentaram, na denúncia, que os supostos crimes teriam ocorrido “incontáveis vezes”, durante o mandato de Fauzi.

Ao todo, 14 pessoas foram denunciadas. O chefe de gabinete do ex-gestor, Marcos Chebel, autorizava, inclusive, segundo a denúncia, que outras pessoas denunciadas, Neide Regina Nogueira Correa, Marilene Penteado Manzini, Tânia Marli Ferrari e Ado Luiz Aramburu, este último também lotado no gabinete do prefeito, efetuassem compras e lançassem ‘na conta dos contribuintes’.

Mimos

Segundo o MP-MS, uma das denunciadas teria tomado para si uma câmera fotográfica para utilizá-la em uma viagem de férias à praia, com anuência de Fernanda Aparecida Alves Marti, conforme depoimento dela ao órgão. Ado e Chebel, segundo a denúncia, também retiravam, com frequência, alguns mimos em forma uísque na lojinha, o que foi assegurado por Fernanda em depoimento.

Marilene Penteado, segundo o que foi dito ao MP-MS por Fernanda, seria a responsável pela retirada de alguns produtos para a primeira dama Selma, como o uísque que o prefeito teria usado para presentear o irmão de Fernanda, Robson Roberto Marti, em seu aniversário.

A nota fiscal de uma garrafa de uísque da marca Jhony Walker, que conta como lançada na conta da prefeitura e apresentada da denúncia, foi, inclusive, apreendida durante diligências da Operação Parajás, na casa de Tânia Ferrari, em setembro de 2012.

Pagamentos

Durante toda a gestão de Fauzi, o município de Aquidauana, na figura do prefeito, teria pago a empresa Marluci Penteado Correa Andrade – ME, razão social da lojinha Barrakesh, a importância de R$ 37.433,00. Como os produtos “por razões obvias”, segundo os promotores, não podiam ser lançados em notas de empenho, eram lançados como materiais de escritório para a prefeitura, a fim de não chamar a atenção do Tribunal de Contas.

No lugar de itens como enfeite de árvore de natal, óculos, pistola d’água, cortador de unha, perfume, assessórios de informática, dosador de bebida, pegador de gelo, shampoo, chicletes, coqueteleira, joalheira, kits para banheiro, arranjos, desodorantes, pirulitos, vinhos, chocolates, flores e até batata frita, ‘comprados’ supostamente pela primeira dama, eram lançados nas notas de empenho, produtos como cartuchos de impressora, cartões de memória, tonners para impressora e afins.

O proprietário da empresa, Idelvan Albuquerque De Andrade, desmentiu e afirmou às autoridades que os produtos de escritório em questão nunca fizeram parte do estoque de sua loja e tampouco foram vendidos à prefeitura de Aquidauana. De acordo com os promotores, “a aquisição desses produtos por particular, às suas próprias expensas, seria ato absolutamente normal e corriqueiro”.