Mesmo impedidos de se apresentarem como candidatos e pedir votos explicitamente, vereadores de Campo Grande percorrem o interior de Mato Grosso do Sul e apostam no corpo a corpo com eleitores para consolidar suas candidaturas na busca por uma vaga na Assembleia Legislativa e até na Câmara dos Deputados.
Compromissos partidários em municípios fora da Capital servem de justificativa para se aproximar da população e driblar o dinheiro curto desta época que antecede o início da campanha de fato, que ocorre a partir de 15 de agosto.
“Se a gente quer sair [candidato] ou fazer algum trabalho a nível de Estado, primeira coisa que se tem que fazer é começar a andar e conhecer politicamente”, diz Junior Longo (PSB), que pleiteia uma cadeira na Assembleia. “Aproveito durante a semana para ficar em Campo Grande e o final de semana caminhar pelo interior e conhecer a realidade e necessidade de como está o Estado”.
O período da pré-campanha é marcado pelas articulações políticas e estruturação das legendas nos municípios, e os parlamentares aproveitam isso para viajar. “Com o tempo limitado, temos que ser estratégicos, com visitas para montar diretórios e ajudar o partido a se fortalecer no interior”, diz o vereador Betinho (PRB).
“As primeiras visitas são para levar o partido. Como dirigente do Avante, temos que estabelecer o partido nas cidades e já aproveitamos para fazer umas falas dentro da eleição deste ano”, explica Pastor Jeremias Flores, que assim como Betinho, também deve se lançar como postulante ao Legislativo estadual.
Além da atuação política, os vereadores dizem que o ofício que seguem fora da legislatura ajudam a disseminar seus nomes ao eleitorado. O radialista Lucas de Lima (SD) diz que é conhecido no interior pelos programas de rádio em que participa, principalmente em Bonito, Três Lagoas, Dourados e Corumbá. Embora faça a ressalva de que ainda não faz campanha.
“A gente já tem um trabalho estabelecido. Em Três Lagoas o programa existe há 13 anos, em Bonito 15 anos, em Dourados já faz quase 20 anos. O partido vai analisar os nomes e acho que tem uma grande possibilidade de me tornar um candidato bom para o Solidariedade”, diz Lucas.

O trabalho como vereadores não é deixado de lado ao justificarem a tentativa de candidatura, pois acreditam que o exercício do mandato por si só já configura em exposição suficiente à população.
“A minha estratégia é focar em Campo Grande, onde sou vereador, sou mais conhecido e tenho minha base eleitoral. No interior vamos utilizar a estrutura do partido”, diz Epaminondas Neto, o Papy (SD), que tem como objetivo ser deputado federal.
Ele diz que tem evitado viagens, pois o deslocamento acompanhado pela equipe tem “muito custo”, embora diga que já esteve na região Dourados, Ladário, Ponta Porã, Aquidauana e Anastácio; e também conta com o “seguimento cristão com bases consolidadas no interior” além dos diretórios municipais.
Mudança
Antes da minirreforma eleitoral em 2015, havia regras que impediam postulantes de dizerem que “tinham intenção” de se candidatar, sob pena de serem enquadrados na campanha antecipada e ficarem sujeitos a multas e até perda de eventual mandato.
Agora não há mais esta restrição e a nova lei permite inclusive que o candidato participe de eventos, entrevistas e arrecade fundos mesmo nos meses que antecedem o início da campanha oficial.