Se Reinaldo fosse eleito, pagaria dívida de R$ 12 milhões de Delcídio, diz delator
Delcídio teria pegado dinheiro adiantado na campanha
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Delcídio teria pegado dinheiro adiantado na campanha
Nas delações divulgadas pelo STF (Supremo Tribunal Federal) no início da tarde desta sexta-feira (19), o empresário Wesley Batista, sócio da JBS, revela que Delcídio do Amaral teria pegado R$ 12 milhões durante a campanha em 2014 adiantados e que teria feito suposto acordo para que Reinaldo Azambuja (PSDB) pagasse, caso o então petista não fosse eleito.
O ‘acordo’ foi mediado, segundo Weslei, por Joesley Batista, pessoalmente. A revelação consta em um dos vídeos divulgados cujo tema é “Mato Grosso do Sul”. A gravação, feita da Procuradoria do Paraná, explica que Wesley deve falar tudo o que sabe sobre o Estado.
Ao fim da delação, Wesley faz questão e afirmar aos membros da Procuradoria que o esquema de propina é generalizado em MS. “Nós temos conhecimento de que o negócio (propina para redução tributária) é generalizado no setor frigorífico”.
“O Joesley autorizou com eles um adiantamento para o Delcídio Amaral de campanha para ser descontado caso fosse eleito governador. Caso ele não ganhasse, o Joesley negociou com os dois para que Reinaldo pagasse a conta do outro (se fosse eleito)”. Delcídio teria recebido R$ 12 milhões adiantados, via notas frias e dinheiro em espécie.
Confira o depoimento:
No termo de declaração, Wesley Batista revela que o suposto esquema de pagamento de propina em troca de incentivos fiscais em Mato Grosso do Sul começou no governo Zeca do PT e esteve vigente até o final do ano passado, já na gestão de Reinaldo Azambuja (PSDB). Em espécie, Puccinelli teria recebido R$ 30 milhões, e levado mais R$ 60 milhões via ‘doleiro’.
Wesley revela na delação que que o esquema era operado por Joesley na época do governo Zeca, que cobrava 20% do valor do benefício de redução do ICMS, tendo como contrapartida o pagamento de propina. “Como este fato é de 2003, não temos mais o registro de quanto foi pago, nem a forma como foi pago”, diz.
Entretanto, o empresário cita que em 2010, enquanto candidato a deputado, Zeca teria pego R$ 3 milhões de Joesley para campanha, sendo R$ 1 milhão em doação ofic ial e R$ 2 milhões em espécie, no escritório da empresa em São Paulo.
‘Notas Frias’
Segundo o delator, o esquema passou entre os governos, mas Puccinelli teria dois operadores: o Ivanildo Miranda, que concedia ‘notas frias’ por ser produtor rural e ter bois e André Luiz Cance, já no fim, da gestão de André. O atual governador Reinaldo Azambuja (PSDB) seria o próprio operador do esquema.
“Foram pagos por várias modalidades: notas frias, notas fiscais, doleiros e a terceiros no período do Puccinelli”. O delator apresentou uma tabela com as doações, mas apenas algumas empresas são citadas no áudio, como R$ 5 milhões ao Ivanildo, R$ 9,5 milhões para a Proteco Construções, R$ 980 mil para a Gráfica do Mirched Jafar, MP Produções Cinematográficas, Art Propaganda, Ibope Pesquisa e Consultoria (com nota de R$ 2,8 milhões), Amapil Táxi Aéreo, Instituto Ícone, cujo filho de Puccinelli é sócio, de R$ 1,2 milhão e R$ 2,9 milhões para Gráfica Alvorada.
Na gestão de Reinaldo Azambuja, Wesley diz que Reinaldo é o próprio operador e que teria recebido o delator na Governadoria, na sala dele, para dar notas frias em troca de isenção de ICMS as empresas do JBS. “Mesma coisa. Eram incentivos fiscais para redução de ICMS. Vários incentivos eram legítimos, mas alguns dos termos não foram cumpridos para simplesmente reduzir os pagamentos e, em que pé que os investimentos eram legítimos, tinha que conseguir o termo de acordo e tinha que pagar, senão não conseguia”.
Wesley detalha uma nota de R$ 2,9 milhões da empresa Buriti e outros R$ 10 milhões em espécie. “O pagamento em espécie de R$ 10 milhões foi tratado diretamente comigo. O Boni foi ao palácio do governo lá em Campo Grande e pegou em mãos as notas frias e processou o pagamento”, diz.
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