Presidente diz que não sabia que Joesley era investigado

Em entrevista à Folha de S. Paulo neste domingo (21), no Palácio da Alvorada, o presidente Michel Temer (PMDB) declarou que não pretende renunciar frente a maior crise política enfrentada pelo seu governo, pois isso seria admitir culpa. “Se quiserem, me derrubem”.

Temer alega que recebeu o empresário da JBS, Joesley Batista, em sua residência oficial sem saber que o mesmo era investigado – embora, em março, quando o encontro entre os dois ocorreu, o dono da JBS já fosse alvo de três operações da Polícia Federal.

Sobre o encontro com o empresário ter sido agendado às 22h30, fora do horário e da agenda pública do presidente, conforme determinaria a Lei, Temer não falou que houve um erro, e sim um “hábito”.

“Não é ilegal porque não é da minha postura ao longo do tempo [dos encontros extra-oficiais]. Talvez eu tenha de tomar mais cuidado. Bastava ter um detector de metal para saber se ele tinha alguma coisa ou não, e não me gravaria”, declarou.'Se quiserem, me derrubem': em entrevista, Temer nega conteúdo de delações

Assessor flagrado

O presidente também fez declarações sobre o deputado federal e ex-assessor Rodrigo Rocha Loures (PMDB), que foi flagrado correndo com uma mala de dinheiro entregue pela JBS. “Coitado, ele é de boa índole, de muito boa índole”, disse Temer.

Segundo o peemedebista, Loures mantinha uma relação “institucional” com a presidência. Temer classificou a atitude do deputado como “não aprovável”, mas defendeu seu caráter. O presidente afirma que o flagra de Loures foi todo “montado”.

“Vou esclarecer direitinho. Primeiro, tudo foi montado. Ele [Joesley] teve treinamento de 15 dias, vocês que deram [refere-se à Folha], para gravar, fazer a delação, como encaminhar a conversa”, disse Temer.

“Depois, como foi mencionado o nome do Rodrigo, certamente disseram: “Vá atrás do Rodrigo”. E aí o Rodrigo certamente foi induzido, foi seduzido por ofertas mirabolantes e irreais”, completou.

Reformas no Congresso

Temer também declarou que a instabilidade política de seu governo, que perdeu o apoio do PPS e PSB, não deve afetar a aprovação das refromas trabalhistas e da Previdência nas próximas semanas.

“Eu vou revelar força política precisamente ao longo dessas próximas semanas com a votação de matérias importantes” afirmou. “Tenho absoluta convicção de que consigo”, falou sobre a aprovação das matérias.

Questionado sobre uma possível fuga do DEM e do PSDB do apoio político ao seu governo, Temer acredita que deve manter os partidos em sua base aliada até o fim de seu mandato.

(com supervisão de Evelin Cáceres)