‘PT transforma fato jurídico em campo de batalha’, diz FHC sobre Lula

‘Jogo político’

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‘Jogo político’

O ex-presidente do Brasil Fernando Henrique Cardoso disse em entrevista à BBC Brasil que o também ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o PT estão transformando o depoimento desta quarta-feira a Sergio Moro em um jogo político.

Questionado sobre o depoimento que Lula deverá prestar ao juiz Sergio Moro nesta quarta-feira, Fernando Henrique disse: “essa questão agora que vai ser quarta-feira para o Lula é a mesma coisa que já foi feita com muita gente. O PT que está transformando um fato judiciário comum em um cavalo de batalha”.

Para ele, não cabe tratar a Lava Jato como uma manobra política, já que a operação “pegou o espectro político todo”. O próprio FHC é alvo de uma petição do Supremo Tribunal Federal que foi enviada à Procuradoria de São Paulo.

O tucano disse ainda que o presidente Michel Temer (PMDB) vem acertando na área econômica, dizendo que a inflação caiu e que as finanças começam a ser reequilibradas.

A ressalva: “eu daria (como presidente) mais sinais claros de que lado eu estou, em termos de desigualdade, injustiça, indígena… Essas questões que são mais do que simbólicas. Eu pessoalmente daria, não sei qual é o sentimento do presidente Temer”.

Fernando Henrique também teceu elogios à estratégia de comunicação do prefeito de São Paulo, João Doria. “E ele é confrontacional, entra em choque. Basicamente com o Lula. E o Lula é assim também”, avaliou.

Mesmo em um momento em que a Lava Jato atinge em cheio todos os grandes partidos políticos, o ex-presidente se mostrou otimista. Sobre os potenciais candidatos do PSDB que foram afetados pelas delações, ele afirmou que “essas pessoas estão sendo todas julgadas”. Mais adiante na entrevista, Fernando Henrique afirmou que é preciso “deixar a Justiça funcionar para separar o trigo do joio”.

“Qual sempre foi o problema do PSDB que era criticado? Porque tinha muitos candidatos. Qual é o único que tinha vários, até hoje, os outros não têm. Ou têm um ou não têm nenhum. Portanto o PSDB tem peça de substituição”, argumentou.

A BBC Brasil também perguntou ao ex-presidente sobre a possibilidade de um acordo entre ele, Lula e Temer, algo que chegou a ser visto como uma aproximação para unir forças contra a Lava Jato e, por isso, foi duramente criticada.

Em sua resposta, o tucano primeiro, disse que “o acordo tem que ser algo público”. Depois, afirmou que “não acho nada difícil de a gente conversar” sobre questões pessoais, pois se conhecem há muito tempo. Concluiu que “politicamente acho mais complicado”, para não dar a impressão de que o acordo visaria acabar com as investigações da Lava Jato.

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