Investigado diz que prática na Câmara mudou após Operação

A suposta compra ‘desenfreada' de gasolina e até de bebidas alcoólicas, com dinheiro público, levou o MPE-MS (Ministério Público Estadual) a converter em inquérito civil o procedimento investigatório fruto da Operação Viagem, que apurou irregularidades e atos de improbidade administrativa na Câmara Municipal de , distante 372 km da Capital.

De acordo com o MP, os ex-presidentes Wilson da Silva (PMDB) e Celso Alves dos Santos, o Celsinho (PR), foram responsáveis pela ‘aquisição excessiva de combustível em nome da Câmara Municipal de Anaurilândia, quando ocupavam a Presidência desta, desviando aquele para beneficiar particulares e seus pares'.

A apreensão de documentos na Câmara aconteceu em julho de 2016, durante a Operação Viagem, e segundo as investigações, em alguns meses o legislativo municipal gastava mais de R$ 3 mil com gasolina.

“O que se mostra claramente incompatível com o gasto daquele órgão, eis que os vereadores já recebem, por seus deslocamentos, diárias, as quais dentre outras finalidades tem por objetivo custear o transporte do parlamentar”, pontua o promotor responsável pelo inquérito, Allan Thiago Arakaki.

Durante a análise da documentação apreendida no gabinete do então presidente, Wilson, e do vice-presidente, Celsinho, o Ministério Público encontrou notas e recebidos da compra de combustível, comidas e até bebidas alcoólicas.

No processo de abertura de inquérito, o promotor alega que esgotou-se o prazo do procedimento preparatório sem a conclusão das investigações, e por isso decidiu pela conversão em inquérito civil.

Outro lado

Reeleito no pleito de 2016, o vereador Celsinho negou irregularidades e explicou que não havia na Câmara, até a Operação do MPE, regulamentação sobre compra de gasolina para os parlamentares, mesmo com o pagamento de diárias.

“Na verdade era cerca de 900 litros (de combustível por mês na Câmara). Nosso município tem mais de 1,2 mil quilômetros de estrada de terra, e o vereador tem função de vistorias pontes e estradas, e fazia isso por conta da Câmara. Depois da operação, hoje quando a gente viaja desconta da diária”, explicou o Celso.

O republicano negou que tenha fornecido gasolina a pessoas sem nenhuma ligação com a Câmara, como apura o Ministério Público, e disse que as notas de compra de bebidas alcoólicas foram encontradas no gabinete de seu ex-colega, Wilson, mas que são apenas cupons fiscais de cunho pessoal do peemedebista.

Wilson, que não conseguiu a reeleição em 2016, também foi procurado pela reportagem, mas no telefone fornecido na Câmara ele não foi encontrado até o fechamento da matéria.